Capítulo L

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Dominic

Eu ainda estava encarando meu copo em cima do balcão, tentando manter os pensamentos claros para finalmente tomar uma decisão sobre o que fazer. Essa angústia está me martelando.

- Olha, a Rebeca me perguntou sobre a Valéria àquele sábado - Nataniel sussurra, aproximando seu tronco. - Eu disse que não a conhecia bem porque não cabe a mim contar o que houve entre vocês dois, então só peço que não diga a ela sobre a amizade que tenho com sua ex, não quero que me odeie.

Franzo o cenho, tentando compreender a razão da Rebeca ter perguntado sobre a Valéria. Suspiro, talvez seja algo que a deixe insegura, da mesma maneira que me sinto quando ela está perto daquele babaca do Eduardo, quando imagino que ele já colocou aquelas patas nela sinto a fúria me invadir. Além disso, outra pessoa me pertuba no momento, Theo. Depois das coisas que ele me disse há algumas semanas, um misto de pena e ciúmes me domina, bem, eu sei que a Rebeca nunca trocaria o que nós temos por causa dele, afinal, são amigos desde a infância, mas eu consigo lidar com o fato de ele estar apaixonado por ela. Não sei como foi que isso aconteceu, mas de uma coisa estou certo, ela é minha.

Não percebo a presença de Jessy até ela que pigarreia, me viro para ela que está em pé bem atrás de mim e com os braços cruzados sobre o peito.

- Bom, estou saindo fora - Nataniel pisca para Jessy, que retribui revirando os olhos, ela não parece gostar muito dele.

Ela então se senta na banqueta que ele acabara de deixar. Seu perfume adocicado e exagerado me deixa nauseado, mas tento não parecer desconfortável. Ela ajeita seu cabelo sobre os ombros e finalmente me encara, parecendo um pouco nervosa, ou

- Então, Rebeca quase não me conta mais as coisas e eu preciso saber uma coisa - Ela inspira, nervosa.

Aceno com a cabeça para que ela continue. Sua enrolação me deixa irritado.

- Você sabe que ela está de castigo por sua causa - Aceno. - Eu quero saber... Bom... Depois de tudo que ela passou...

- Eu ainda quero ela, Jessy - sorrio com sua preocupação quase fofa por sua melhor amiga. - Não vou me afastar.

- Ah, que ótimo! Estava em dúvida sobre onde esconder seu corpo caso fosse preciso - diz, encolhendo os ombros.

Arregalo os olhos e ela gargalha, colocando sua mão sobre meu ombro. Sorrio com o seu senso de humor tão ruim quanto o do Felipe, os dois são perfeitos juntos. Apesar disso, admiro o seu jeito amigável e extrovertido.

[...]

Na tarde de sábado, me arrumo para ir buscar Raquel, ela insistiu a semana para passar um tempo comigo no shopping, fazer compras e ir ao cinema, coisas que ela deveria fazer com as amigas, não com o irmão mais velho, sem mencionar que isso é a última coisa que quero fazer, mas eu não tenho escolhas. Não demora muito para que eu estacione meu carro em frente a casa dos meus pais. Raquel já me espera com o sorriso brilhante em seu rosto, eu quase nunca passo um tempo com ela, então nas poucas vezes em que me animo (leia-se: me sinto obrigado) a sair, é um grande motivo de felicidade para ela.

Caminhamos lentamente pelos corredores e eu agradeço mentalmente que o shopping esteja quase vazio. Raquel de repente agarra minha mão e eu sorrio em sua direção.

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