Capítulo XXXIX

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Eu estava surpresa com suas palavras, era quase como se ele soubesse o que aconteceu. Mas ele não tinha como saber, porque nem estava lá. Bem, ao menos eu acho isso. Porque não me lembro de tê-lo visto em nenhum canto àquela noite, sim, eu o procurei com os olhos durante quase toda a noite, na esperança de que talvez ele aparecesse.

- Agora quer falar comigo? - debocho, voltando meus olhos para a lousa. Evitando que seu charme me desestabilize.

- Você não respondeu a minha pergunta, Rebeca - insiste e eu suspiro irritada.

- E nem vou.

Ouço-o bufar e se virar para frente, mantendo-se novamente em silêncio e impassível. Se ele acha que pode exigir respostas de mim está redondamente enganado, não somos nada. E foi ele quem decidiu assim.

No intervalo saí da sala o mais rápido que pude, Jessy queria algumas explicações sobre o que aconteceu no sábado entre Nataniel e eu. Bem, eu disse que nos beijamos e ela pareceu surtar. Disse que precisávamos conversar sobre isso, mas eu estava disposta a fugir a todo custo, porque eu sabia que ela voltaria a discursar sobre como eu deveria ajudar o Nick.

E por falar nele, ele me espera na saída da sala, com os braços cruzados sobre o peito e o olhar impenetrável. Tento me desviar do seu corpo, mas sua mão agarra meu braço e sob seu toque firme não sou capaz de afastá-lo, embora essa seja a última coisa que queira realmente fazer.

- Você vai mesmo me ignorar? - seus olhos encaram os meus com ferocidade.

- Foi você que disse que não queria ter mais nada comigo - retruco.

Nós permanecemos nos encarando por alguns segundos, mas que parecem um longo tempo, então ele afrouxa seu aperto e se afasta.

- É, e eu percebi o quão rápido você aceitou isso, porque não perdeu tempo em ir enfiar a língua na boca de outro cara.

Prendo a respiração.

- C-como você sabe? Estava me perseguindo?

- Não perderia meu tempo - zomba, irritado. - Mas quer saber de uma coisa? O seu querido Nataniel veio correndo se gabar de ter ficado com você.

Um sentimento de fúria invade meu corpo, nunca me senti tão usada. Isso significa que Nataniel só queria provocá-lo? Uma parte de mim ainda permanece incerta disso, porém ele demonstrou interesse antes de saber que Nick e eu tínhamos algo. Então isso não pode ser totalmente verdade, embora eu acredite que uma parte dele realmente queria provocar o seu amigo. Eu sinceramente não sei o que pensar ou em quê acreditar.

- Você está deixando ele te tratar exatamente como planejou, como um troféu - insiste. - Para poder esfregar na minha cara que roubou algo meu.

- É muita arrogância da sua parte achar o mundo gira ao seu redor - cruzo os braços sobre o peito.

- Tanto faz, não me importo de qualquer maneira.

Ele se afasta, pisando duro. E eu suspiro, passando as mãos pelos cabelos, desestabilizada com a onda de nervosismo e tensão que esse garoto causa em meu corpo.

[...]

O jantar era ravioli de queijo, um dos meus pratos favoritos, ainda assim, eu não me sentia muito faminta. Na verdade, fome era a última coisa que sentia quando estava emocionalmente abatida. Mas eu tinha que fingir uma cara feliz, ou então teria que explicar aos meus pais o motivo do meu desânimo. E isso não era nem de longe o que eu queria fazer.

- Falta um mês para o seu aniversário e você ainda não me disse qual tema escolheu para sua festa - Mamãe me encara.

- Eu não quero festa, mãe - respondo, levando uma garfada à boca.

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