Capítulo XVIII

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"Eu não sou o mesmo de antes
Meu corpo todo se arrepia
Quando você está por perto, sinto que é difícil respirar." - The Neighbourhood

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Já faz uma semana desde que vi Dominic pela última vez, pelo o que bisbilhotei da conversa do diretor e o secretário no corredor enquanto me dirigia ao meu armário, ele está doente ou algo do tipo, o cochicho deles não me permitiu compreender com clareza suas palavras.

Jessy se aproxima lentamente, com seu cabelo loiro escuro amarrado em um rabo de cavalo feito preguiçosamente, recostando-se no armário ao lado do meu, com a expressão carrancuda que adotara desde que foi castigada. Como se isso fosse resolver algo.

- Sua mãe ainda está em Nova Iorque? - tento puxar assunto.

Ela me olha por um minuto, as sobrancelhas franzidas e as mãos na cintura, em uma pose irritada.

- O que você acha? Ela só vive lá - encara suas unhas, tentando parecer desinteressada. - Me castigou pelo telefone, até parece que vou ficar duas semanas sem sair de casa.

Suspiro sem saber o que lhe responder.

- Não acha isso estranho? - solta de repente.

- O quê? Sua mãe te dar um castigo pelo telefone?

- Não, não isso - balança a cabeça freneticamente. - O Dominic não apareceu no colégio durante a semana passada inteira, já tentou falar com ele?

Pisco confusa.

- E por que eu deveria?

- Sei lá, não se importa se ele está bem ou não?

- Não, não me importo - digo enfaticamente. Torcendo para que não note o tremor em minha voz. - E acho que você deveria ter mais cuidado com o Felipe.

Mudar o assunto para algo de mais interesse para a outra pessoa sempre parece uma boa tática para fugir de assuntos constrangedores.

- Você não deveria julgar as pessoas sem conhecer. - Balança a cabeça em desaprovação. - Mas eu não quero falar de garotos hoje, vamos ao shopping?

Jessy une seu braço ao meu e caminhamos lentamente em direção ao ginásio, para a aula de educação física.

- Devo lembra-la que estou de castigo por um mês?

- Fala sério, você foi salvar um gato bêbado que não sabia como voltar para casa, não é justo ser castigada por isso.

- Só que meus pais não sabem disso. - lembro-a. - E... Obrigada por ter salvo o meu traseiro.

- É isso que melhores amigas fazem. - Ela me abraça de lado. - Mas ainda me deve uma.

- Como vão, minhas gatas? - Theo passa seu braço direito ao redor do meu ombro, ficando entre nós duas, depositando um beijo rápido em nossas bochechas. E acompanhando-nos no caminho até o ginásio.

Enquanto permanece assim, seus olhos parecem encarar profundamente algo na multidão de alunos caminhando pelos corredores em direção às suas salas. Sigo seu olhar curiosa, mas não encontro nada que pareça interessante no meio das faces carrancudas e apressadas.

- O que foi? - questiono desconfiada.

Ele franze as sobrancelhas, se dando conta do quão estranho ele estava parecendo há meio segundo.

- Ah, nada, nada mesmo. - Seus olhos me encaram por um milésimo de segundo antes de voltar para a multidão. - Só achei ter visto alguém.

Estávamos devidamente trajados com nossas roupas de ginástica para a aula de
educação física, aguardando a professora iniciar uma das aulas que mais detesto.

ConsequênciasOnde histórias criam vida. Descubra agora