Capítulo XLIII

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Cheguei em casa e imediatamente arranquei a pulseira do meu pulso jogando-a no chão, observando os pingentes se espalharem. Ela era perfeita e certamente muito cara, mas eu não queria ter nada que me lembrasse daquele idiota. Nick me aconselhou a contar para o meu pai sobre o que Eduardo havia feito, mas eu não estava convicta de que fosse mudar alguma coisa, quero dizer, papai certamente se preocuparia, mas o que ele poderia fazer? Me levar à polícia para denuncia-lo por agressão? Era cômico acreditar que isso mudaria algo. Primeiro: Estamos no Brasil e segundo: o dinheiro paga o silêncio. Tratei de me livrar das minhas roupas e tomar um relaxante banho quente, não quis descer para jantar com meus pais, então comi minha refeição no quarto.

Vesti meu pijama e me encolhi debaixo das cobertas, estava uma noite relativamente fria, finalmente o outono havia chegado e junto com ele toda a beleza da estação. Encarando o teto, deixei meus pensamentos serem levados para os acontecimentos de mais cedo.

Felipe havia me desestabilizado com sua confissão, não esperava que alguém como ele fosse capaz de amar realmente uma garota. Bem, eu não tinha total certeza da veracidade de suas palavras, mas ao mesmo tempo, não acho que ele iria se humilhar para que eu o ajudasse se não fosse realmente sincero. Eu havia lhe dito que tentaria conversar com Jessy, mas eu não tinha muitas esperanças de que fosse resolver alguma coisa, ela era teimosa. Até demais. Embora eu estivesse irritada com o fato dele ter exposto meus sentimentos na frente do Nick, estava animada e disposta a ajudar. Por sorte, Dominic havia ficado em silêncio, fingindo que não havia escutado seu amigo. E eu fiquei internamente feliz com isso.

[...]

É tranquilizador saber que não verei a cara do Eduardo por três dias, mas ao mesmo tempo, me desanima saber que ficarei uma semana sem ver Nick. É estranho ver sua carteira vazia ao meu lado. E para piorar o meu azar, Jessy também faltou. Então estou completamente sozinha hoje, no máximo poderia trocar algumas palavras com a Luana, mas agora ela namora uma garota do segundo ano e as duas estão quase sempre juntas no intervalo, então ficar sobrando no grupo não me deixa muito animada. Lanço um olhar rápido para Theo e me sobressalto ao perceber que ele também está me olhando, rapidamente seu olhar se desvia para a lousa. Franzo o cenho confusa, era quase como se ele quisesse dizer algo através dos olhos. Mas eu não consegui entender, então continuo anotando minhas atividades.

Durante a troca de professor digito uma rápida mensagem para a Jessy.

Eu: Por que você não veio?

Os minutos se passam e nenhuma resposta chega, suspiro e fecho o whatsapp.

Depois de sair da biblioteca, no intervalo, me dirijo de volta para a sala, não tinha o que fazer nos corredores e menos ainda no ginásio, quando estou quase atravessando a porta sou interrompida.

— Rebeca — congelo ao ouvir a voz baixa e hesitante atrás de mim, lentamente me viro.

Theo está cabisbaixo e parece fazer um grande esforço para encarar os meus olhos. As batidas do meu coração são quase audíveis. Eu não esperava que ele dirigiria alguma palavra à mim novamente.

— Eu... — Ele fecha os olhos e balança a cabeça, mas para a minha decepção ele se afasta, quase correndo pelo corredor, fugindo de mim mais uma vez.

Suspiro e agarro meu celular, sentindo a angústia me flagelar. Digito uma mensagem para o Nick enquanto caminho para a minha mesa.

Eu: Nós temos que conversar sobre o Theo. A propósito, sinto sua falta aqui.

Nick: Também sinto falta da sua chatice, baby. Tive uma ideia sobre como ajudar nossos amigos.

Suspiro, ele está fugindo do assunto de novo, não entendo o que de tão importante Theo lhe falou para ele hesitar tanto em me contar.

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