Capítulo LV

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Minhas mãos subiam e desciam pelo seu braço, em uma tentativa desesperada de acalmá-la. Jessy estava em prantos e eu não sabia o que fazer sobre isso, porque era a primeira que a via nesse estado, tão inconsolável, meu coração estava apertado e eu estava tentando entender, em meios aos seus soluços, o que de fato estava acontecendo. Entrelacei meus dedos aos seus e a fiz olhar para mim, com seus os seus olhos vermelhos e enxarcados

— Estou ficando assustada, Jessy, me diz por favor o que está acontecendo — suplico.

Mais soluços. Seu peito sobe e desce cada vez mais rápido e eu tenho a impressão de faltar ar em seus pulmões. Ela então se levanta, limpando um pouco das lágrimas com as costas das mãos. Ela anda de um lado para o lado antes de repente, sumir dentro do banheiro. Alguns agonizantes minutos se passam e eu estou prestes a entrar no banheiro atrás dela quando finalmente ela aparece, com os cabelos presos e a expressão de tristeza profunda.

Quando ela estende o objeto na minha direção, quase tenho vontade de coçar os olhos para me certificar de que não esteja delirando, porque os meus não acreditam no que vêem.

— V-você — gaguejo, encarando com incredulidade os dois riscos no teste — Está grávida?!

Uma nova onda de choro começa e então ela arranca o teste da minha mão, jogando-o com força contra a parede, me levant rapidamente e me aproximo.

— Ei, ei! — Eu a puxo para os meus braços, aninhando-a entre eles, gentilmente acaricio seus cabelos. — Eu estou aqui, você não está sozinha.

Seus braços envolvem minha cintura e permanecemos assim por um longo tempo, sua respiração lentamente se acalma e então ela se afasta, limpando as lágrimas. Sua cara está péssima.

— E-eu, eu não posso ter essa criança, Rebeca, meu futuro vai ser estragado, tem noção de como minha mãe vai reagir?

Certamente a reação dela será catastrófica, e eu rezo para que ela não seja insensível com a Jessy, porém, visto seu gênio difícil, acho difícil que ela não surte. Instantaneamente, sinto pena da minha amiga. Mas sua inconsequência ainda me irrita.

— Caralho, Jessy, você por acaso sabe que existe a merda da camisinha?

— Eu estava tomando anticoncepcional, Rebeca, foi a merda de um acidente e não venha com a hipocrisia dizer que nunca transou sem proteção com o Nick.

— Foi só uma vez e eu sempre disse que usar proteção é mais seguro e saudável do que tomar essa porcaria, isso sem mencionar as doenças que você pode pegar — argumento, exasperada.

— Foi uma escolha sua, tenho direito de fazer a minha, além disso eu confio no Felipe — retruca, no mesmo tom. — Se for ficar me julgando é melhor ir embora.

Desvio o olhar e engulo em seco, sentindo-me uma péssima amiga, julgar as pessoas é um defeito que herdei do meu pai e que de fato, eu preciso melhorar. Não posso ser tão hipócrita. Suspiro e me sento na cama novamente, encarando o chão com desânimo. Sequer posso imaginar como isso deve estar sendo difícil para ela.

— Já contou para ele?

Ela me encara e novas lágrimas surgem em seus olhos, desta vez, é um choro calmo e silencioso, porém claramente muito doloroso.

— Não, eu não tenho coragem, amiga — sussurra — Tenho medo da reação dele.

Suspiro e balanço a cabeça.

— Ele precisa saber, Jessy.

— Você... você poderia...

Ela não termina a frase, mas compreendo com clareza o seu pedido desesperado, então balanço a cabeça positivamente, falar com o Felipe é o mínimo que eu posso fazer por ela, não faço ideia de qual será sua reação, torço para que seja uma das melhores, porque senão ele sequer conhecerá o filho. Ela se senta ao meu lado na cama e deita sua cabeça em meu colo, acaricio seu cabelo enquanto deixo-a processar essa nova descoberta que certamente mudará completamente a sua vida.

ConsequênciasOnde histórias criam vida. Descubra agora