Capítulo XI

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O trajeto até a casa da Jessy não pareceu tão rápido como deveria ser, talvez misteriosamente o tempo se arrastou com um pouco mais de lentidão, ou tavez, fosse o fato de estar no mesmo curto espaço que Dominic, o garoto cujo os olhos parecem um poço de mistério e escuridão. Meus olhos, assim como um imã, se fixam em seu perfil sério. Sem resquícios de humor, sua expressão parece estranha, vaga e distante. Passeio meus olhos pelo seu maxilar, indo em direção à sua orelha direita, cujo um pequeno brinco preto com uma cruz fixada nele balança de um lado para outro, acompanhando o movimento de sua cabeça ao ritmo do rock gritante que está tocando.

— Credo, o que é isso? 

Ele se vira e me mostra seus lindos dentes em um sorriso debochado.

— Não conhece metal? — Me encara perplexo, como se eu fosse uma alienígena ou tivesse duas cabeças.

— O elemento?

Leva exatamente um segundo até que Nick exploda em uma risada alta. Uma risada perfeita, assim como o resto dele. Fecho a cara imediatamente.

— Caralho, isso é sério? — Seu rosto está vermelho como se ele estivesse sem ar, uma linda covinha se forma em sua bochecha esquerda.

— Por que está rindo de mim, seu idiota? — esbravejo, não realmente tão brava quanto gostaria, saber que o faço rir causa uma estranha alegria dentro de mim.

— Você é mais engraçada do que parece, Rebeca. — Diz olhando-me de relance, mantendo seu foco na estrada. — Metal é uma das vertentes do rock, eu particularmente prefiro o metalcore, deveria conhecer.

— De jeito nenhum quero acabar com meus tímpanos ouvindo esse tipo de música barulhenta. — Balanço a cabeça negativamente.

É evidente que isso é uma completa mentira, porque certamente a primeira coisa que irei fazer quando chegar em casa é digitar metalcore no YouTube. Apenas porque quero conhecer o mundo dele. Sim, isso é idiota e não, eu não ligo.

— Tudo bem, não sabe o que está perdendo, mas se prepare porque rock é o que mais irá ouvir hoje. — Ele me lança uma piscadela.

Às 19:15 estamos na porta da casa da minha melhor amiga, esperando pacientemente até que ela finalmente aparece pela porta e minha reação não é nada menos que surpresa ao analisar o look nada característico dela. Trajada com botas pretas que vão até os joelhos e uma jaqueta de couro perfeitamente pendurada em seus ombros estreitos, ela desfila em nossa direção com se estivesse em uma passarela, exibindo as peças de alguma marca de grife. Ela abre a porta e desliza para o banco de trás, ficando no meio.

— Para que tudo isso, Jessy? Não vamos a um show de rock. — indago, assim que Nick dá partida.

— Talvez não, mas aonde acha que ele irá nos levar? A um restaurante cinco estrelas? — debocha. — E o que tem de mais em me inspirar nele?

— Eu gostei. — Nick elogia, abaixando um pouco o volume do som para que possamos conversar tranquilamente. — Tenho um amigo que vai adorar.

— Ele é gato? 

— Não para mim, prefiro pessoas com seios e que, de preferência, não tenham um pau. — Ele dá de ombros. — Mas acredito que vai achar ele bonito.

Sinto minhas bochechas arderem, desvio meus olhos para o caminho à frente. Ele definitivamente não tem freio nessa boca.

Jessy joga a cabeça para trás gargalhando e coloca sua mão no ombro do Nick, analiso a cena movendo meus olhos de um para o outro. Ele não parece nenhum pouco desconfortável, sempre admirei a capacidade da Jessy de facilmente fazer amizade. Ela tem uma alma divertida que cativa as pessoas.

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