Capítulo XXIX

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Jessy parece diferente, como se tivesse perdido aquele brilho contagiante em seus olhos, em suas mãos um grande pote de sorvete já me alerta de seu estado nada bem, tomarmos sorvete juntas em meu quarto se tornou uma terapia para quando algo ruim aconteceu, ou para falar mal de garotos babacas, o que acontece com certa frequência. Ela sempre foi péssima em suas escolhas amorosas.

- O Felipe... - ela engole em seco, piscando para espantar as lágrimas. - Ele é um idiota.

Fecho a porta atrás de mim e levo-a até a minha cama, puxo a cadeira da penteadeira e coloco em sua frente, sentando-me em seguida.

É nítida a verdade por detrás de sua indignação. Ela está apaixonada.

Isso só pode ser brincadeira. Eu não acho que tenha problema em ficarem, a questão é que Felipe não é, de maneira nenhuma, um cara ideal para relacionamento sério e isso é completamente visível. Ele deu em cima de mim não muito antes de colocar seus olhos em Jessy, o que faz dele uma pessoa não muito confiável.

- Você quer me contar o que houve?

- Bom, naquele dia na festa, ele estava mexendo no celular e eu me aproximei dele para beijá-lo - Ela inspira profundamente. - Então eu vi que havia acabado de receber uma mensagem no whatsapp, era uma foto de uma garota seminua.

Suspiro, não muito surpresa com a descoberta. Mas se tem algo que minha mãe sempre diz é que nunca devemos tirar conclusões precipitadas, mesmo que não pareça haver uma explicação plausível sempre devemos deixar que as pessoas se expliquem.

- Você conversou com ele? Perguntou quem era?

Eu quero acalmá-la e dar-lhe uma chance de pensar com clareza, sua personalidade pode ser algo bem difícil de lidar às vezes.

- Conversar? O que exatamente deveríamos conversar, Rebeca? Ele é um cafajeste, como todos os homens.

- Você sabe que não gosto muito dele, mas não acha que deveria deixá-lo se explicar?

- Para ele inventar mentiras? Não, eu não sou idiota - Ela se levanta repentinamente. - E eu não vou ficar aqui conversando com alguém que defende ele.

- Eu não estou defendendo ele, Jessy, eu só quero...

Ela bate a porta atrás de si, me deixando falar sozinha e ignorando minhas tentativas de acalmá-la. A única coisa que restou de sua rápida visira4 foi o sorvete meio derretido em cima da cama.

Estávamos no sábado e eu tinha planos de sair com Jessy, eu havia conseguido convencê-la a conversar calmamente. Mas meus avós haviam vindo de São Paulo para nos visitar. Sim, exatamente do lugar para onde papai deseja com tanto afinco que eu vá morar. Eu ainda não havia lhe dado uma resposta, embora no fundo ele soubesse qual seria. Eles já estavam na sala de estar quando desci as escadas.

- Oh, minha querida - Vovó se aproxima, abrindo os braços para, logo em seguida, envolvê-los calorosamente ao meu redor.

Ela ainda tem o perfume que sempre adorei, uma mistura cítrica que lembra vagamente laranja. Então por um longo tempo me permito apreciar seu acalento, espantando toda saudade acumalada dos longos três anos desde que nos vimos pela última vez.

Meu pai se aproximou de meu avô com um largo sorriso no rosto.

- Rodolfo - papai aperta calorosamente sua mão e em seguida, envolve seus braços ao redor de minha avó. - É maravilhoso revê-la, Teresa.

Vovô se aproxima e me dá um longo e carinhoso abraço, bagunçando meus cabelos logo em seguida.

Mamãe estava nitidamente empolgada com a visita de seus pais, vê-la tão exuberante me deixava contente.

ConsequênciasOnde histórias criam vida. Descubra agora