ANBU LOVERS

36.2

          O mais velho havia acabado de chegar em casa, havia passado uns dias no hospital depois que chegara na vila, soltou um suspiro pesado ao não ouvir a voz de Akemi o recebendo na entrada, desde que ela havia sofrido aquele ataque e apagado em seus braços não recebera notícias dela, no fundo ele sabia que perdera a mulher que amava, mas algo dentro de si não o permitia aceitar aquilo como uma verdade imutável. Passou o restante do dia deitado no sofá, não sentia-se apto para fazer nada além daquilo, mas no dia seguinte fora chamado ao escritório de Tsunade com urgência.

— O que seria, Hokage-sama?

— Gostaria de passar minha posição de Hokage pra você, Kakashi. — Tsunade sorriu. — Aceita?

— Mas... — Kakashi encarou a senhora à sua frente, confuso pela oferta repentina, não acreditava ser bom o suficiente para a posição.

— Você é um dos ninjas mais aptos pro cargo que temos no momento. — Ela o observou, vendo-o suspirar e afirmar com a cabeça em seguida. — Vou marcar a cerimônia de passagem então.

— Tudo bem, eu acho... — Ele coçou a nuca, sendo liberado logo em seguida.

          Dois dias depois ele já não era mais um jounin veterano de guerra, e sim o Hokage, responsável por cuidar da vila, recebeu a notícia de que Naruto havia acordado e por isso foi em direção ao hospital, estava pedindo pelo quarto do mais novo quando sentiu a presença de alguém atrás de si e então se virou, olhando a garota.

— Eu sei que faz só alguns dias que a guerra acabou mas... — Shizune colocou a mão sobre o ombro de Kakashi. — Antes que vá ver o Naruto... Tem algo sobre a Akemi que eu preciso te contar.

— O que seria, Shizune? — Kakashi soltou um suspiro pesado enquanto seguia Shizune para uma outra ala, ouvir o nome dela o machucava.

— Bem, eu descobri que ela estava no início do segundo trimestre da gravidez quando morreu e tomei a liberdade de manter ela viva por meio de aparelhos depois que chegamos aqui... — Ela abriu a porta de uma das primeiras salas daquele corredor.

— Ela o quê? — Após ver o que tinha atrás daquela porta, ficou atônito, parado, encarando o corpo sem vida de Akemi.

— Akemi estava grávida.

— Eu... Não sabia... — Kakashi foi ao chão, sentindo seus olhos serem tomados por lágrimas, jamais teria permitido que ela fosse para a guerra se soubesse da gravidez.

— Acredito que nem ela estava ciente. — Shizune voltou a apoiar a mão no ombro do mais velho. — Preciso saber se vai querer que eu a mantenha assim até o momento do bebê nascer ou se quer que a gente desligue os aparelhos.

— Por favor, faça tudo o que for preciso pro nosso bebê nascer. — Ele apertou o tecido da calça que usava com força, deixando os nós dos dedos quase sem cor alguma. — Quero ter a prova viva de que amei alguém de forma tão incondicional a ponto de termos um filho...

— Tudo bem. — Shizune afirmou de leve com a cabeça e se aproximou de onde o corpo de Akemi estava, checando tudo com calma.

          Kakashi, em contrapartida, levantou-se um pouco zonzo e então saiu do quarto, se abaixando ao lado da porta, se permitindo chorar mais uma vez. Se ao menos ela tivesse evitado lutar contra Obito, hoje ela estaria ali, provavelmente recebendo a notícia junto a ele ou quem sabe contando sobre a gravidez no meio de alguma conversa cotidiana, como havia feito quando disse que o amava pela primeira vez. Depois que se acalmou pediu para que Shizune o deixasse sozinho com Akemi, queria conversar com ela, mesmo sabendo que não receberia uma resposta.

— Eu vou cuidar do nosso bebê e fazer desse mundo um lugar melhor pra ele, não quero que ele sofra com perdas como eu sofri. — Ele falou baixinho, segurando a mão da garota, como se fosse possível que ela o ouvisse. — Será que eu vou saber cuidar se for uma menininha? Porque de menino eu sei cuidar, né? E com garotas eu sempre fui meio desajeitado... — Riu de leve. — Mal recebi a notícia que vamos ser pais e eu já 'tô preocupado com a hipótese de ser uma garotinha. A única coisa que eu posso dizer com fervor é que eu vou cuidar muito bem, seja um menino ou uma menina. Imagina se forem gêmeos? São tantas possibilidades e eu queria ter a chance de poder conversar sobre isso com você, enquanto líamos pro nosso bebê.

          Kakashi ficou um tempo ali, observando a esposa, então se levantou e deixou um beijo em sua testa, saindo do quarto para dar uma olhada em Naruto.

— Olha só o cabeça-oca que salvou o mundo. — Falou dando um mínimo sorriso, ainda abalado pela notícia que havia recebido.

— Eu acabei de acordar e já sou recebido assim... — Naruto fingiu estar extremamente triste.

— Hokage-sama... — Shizune entrou no quarto. — Naruto tem uma entrevista agendada pra hoje a tarde e tem um pessoal doido nos portões da vila.

— Hokage? — Naruto arregalou seus olhos, vendo Kakashi dar de ombros. — O que mais eu perdi?

— Bem, eu virei Hokage e vou ser pai... — Ele falou como se aquilo fosse nada, quando na verdade estava preocupado e com medo do futuro.

— Pai? — O garoto praticamente gritou. — M-Mas Akemi-sama...

— Longa história, um dia talvez eu te conte. — Falou dando de ombros mais uma vez.

— Já contou pra mais alguém?

— Não, eu acabei de descobrir...

— Precisa contar pro pessoal!

— Depois eu conto, no momento preciso me preocupar com os seus fãs enlouquecidos.

          Kakashi se despediu de Naruto e foi em direção aos portões, explicando que apenas algumas pessoas poderiam entrar, mesmo isso já tendo sido dito por um dos shinobis que estavam ali. Depois da entrevista de Naruto ele decidiu reunir algumas pessoas e dar a notícia sobre a gravidez de Akemi, inclusive pedindo para que a mãe de Akemi soubesse a respeito. Os que estavam presentes ficaram tão atônitos quanto ele quando recebeu a notícia, Kiba praticamente exigiu saber o motivo de não terem contado ao Time 8 que sua líder ainda estava viva, ainda que por meio de aparelhos, achava injusto terem escondido algo daquele porte.
          Hatake estava praticamente surtando por conta do nervosismo causado por toda a situação, não sabia se seria um bom pai e tinha medo que acabasse se tornando ausente por conta do que fazia na vila, com sorte ele teria o apoio de algumas pessoas, não teria?

[...]