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          Sayuri agora estava quase completando cinco anos e parecia cada vez mais com a mãe, o que deixava Kakashi com uma sensação de saudade constante, mas, ainda assim, conseguia ser grato por ter a chance de ainda ver os traços da mulher que amava de forma tão vívida. O Hokage havia acabado de chegar na casa da babá da garotinha, ela se encontrava sentada no muro que separava o jardim da rua, era o ponto de encontro dos dois.

— Papai! — Gritou ao ver Kakashi se aproximar, abrindo os braços enquanto balançava as pernas de forma animada. — Eu quero saber uma coisa...

— O que seria, filha? — Kakashi se encaminhou em direção ao lugar onde a filha estava, pegando a criança no colo e acenando para a moça que estava sentada na varanda, se despedindo.

— Por que eu não tenho uma mamãe? — Abraçou o pescoço do pai, se ajeitando assim que ele a pegou no colo.

— Ela virou uma estrelinha quando você nasceu.

— Mamãe me amava?

— Não... — Disse, dando um beijo na testa dela. — Ela ainda te ama e sempre vai te amar, nunca se esqueça disso ok? Ela pode não estar presente de carne e osso, mas ela sempre estará aqui... — Apontou para o próprio coração e então para o da criança. — Tenha isso sempre em mente.

— Ela era bonita?

— A mulher mais linda e gentil que já pisou na terra. — Sentiu a garotinha segurar seu rosto e então encostar a sua testa na dele, encarando-o. — Você tem os olhos dela, sabia?

— Tenho mesmo? — Falou de forma animada, jamais havia passado por sua cabeça que poderia ser parecida com a mãe.

— Iguaizinhos aos dela. — Kakashi afirmou de leve com a cabeça, sorrindo de leve e então começando a andar. — O que acha da gente comer dango no jantar hoje?

— Vai me dar todos os que forem rosa?

— Hm... — Tomou uma postura pensativa. — Só se você disser que se comportou o dia todo.

— Não fiz bagunça nenhuma hoje. — Sayuri sorriu de forma vitoriosa, rindo ao ter os dedos do pai correndo por sua barriga em forma de cócegas.

— Então todos os que forem rosa serão seus. — Afirmou de leve com a cabeça, sabia que a garota não era de aprontar, ela era muito tranquila desde bebê.

— Eba! — Exclamou animada, erguendo os braços no ar.

          Kakashi soltou uma breve risada, dando alguns breves beijos pelo rosto da garotinha em seus braços, que agora se encontrava rindo. Fazia alguns dias que a mãe de Akemi esperava que aqueles dois passassem em frente de sua casa no fim do dia, mas jamais assumiria que o fazia, Konoha era mesmo um lugar minúsculo no fim das contas, entre todas as casas que existiam ali a babá de sua neta precisava morar a apenas algumas casas da sua e os dois precisavam passar por ali durante a semana toda, inclusive aos finais de semana algumas vezes.
          A senhora havia sido surpreendida ao ver a garota do tamanho que ela estava e o quão parecida ela era com sua finada filha, tirando o pequeno detalhe irritante da tonalidade dos fios de seu cabelo, aquela era uma das provas de que Akemi foi contra todas as imposições que havia feito durante toda a sua vida, ainda culpava Kakashi por conta do que havia acontecido com a filha, não fazia ideia de como havia sido a morte dela, mas sabia que tinha dedo dele, era mais do que óbvio que ele não havia cumprido com alguma de suas obrigações enquanto estavam no campo de batalha.
          Depois de ver as duas figuras ainda mais distantes decidiu entrar em casa, na manhã seguinte saiu logo cedo para comprar algumas coisas e dar a babá de sua neta, ainda não tinha coragem suficiente para se aproximar dos Hatake, mas queria ao menos mimar a garotinha, ainda que precisasse de um intermédio para isso. Sayuri estava esperando pelo pai, agarrada ao ursinho que havia ganho da senhora que havia dado uma passada por ali, ao ver a silhueta dele ergueu os braços, praticamente esquecendo da pelúcia em seus braços.

— A babá te deu um presente, Sayuri? — Kakashi questionou ao ver o ursinho envolvido pelos braços da filha, a pegando no colo e a colocando sobre seus ombros.

— Não, papai. — Sayuri deu tchau para a babá quando foi posta sobre os ombros do pai. — Uma senhora que mora aqui perto deu pra mim, falou que era da filha dela e que não precisa mais dele.

— Você agradeceu ela? — O Hokage olhou em direção a menina, que afirmou com a cabeça algumas vezes, franzindo a testa ao perceber em qual parte de Konoha eles estavam, não que ele não soubesse, mas não havia caído a ficha até aquele momento. — Sabe onde a senhora mora?

— Hm... — Ela parou para pensar por um tempo. — Numa casinha com bastante flores na frente. — Afirmou de leve com a cabeça, acenando em direção a figura sentada em frente a porta de correr na casa que havia acabado de descrever, erguendo o ursinho com uma das mãos antes de gritar em direção a casa. — Obrigada, Tenma-sama!

          Kakashi engoliu a seco ao ouvir o nome da família de Akemi, o coração batendo apertado contra o peito ao virar o rosto em direção a senhora e apenas a cumprimentar com um aceno de cabeça, era bom saber que estava tentando se aproximar da neta mesmo com toda a carga de culpa e ressentimentos que ela guardava contra ele.
          Naquela noite o Hokage acabou por deixar Sayuri dormir em seu quarto, precisava terminar de ler algumas coisas antes de ir dormir, não tinha certeza se iria de fato dormir mas, pelo menos, tinha a certeza que seu pequeno lírio estava dormindo de forma pacífica bem diante de seus olhos, agarrada ao ursinho que havia ganho de sua avó.

[...]

ANBU LOVERSOnde histórias criam vida. Descubra agora