Nestha

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Consegui atravessar para corte diurna, está de noite e estou exausta, atravessar longas distâncias realmente não é fácil. Fico esperando que Cassian venha atrás de mim , mas isso não acontece. Com a minha adaga na mão, deito entre duas árvores, que formam uma silhueta capaz de me esconder por algumas horas. Meu rosto parou de sangrar o que é ótimo, então só o cansaço me atinge.
Me permito descansar os olhos um pouco, o sono me arrasta como ondas, me permito dormir.
Acordo já está claro, os cantos dos pássaros me acordam, ajustando a visão posso ver que estou próxima de um rio, caminho até ele e me limpo da melhor maneira, encho meu cantil d'água , infelizmente não lembrei de pegar comida. Acho que pensei que conseguiria tudo rápido, tenho que fazer uma nota mental pra sempre estar preparada.
Passo por alguns faes andarilhos, que não me notam 'otimo quero ser invisível para eles, quanto mais rápido sair melhor' ,
algumas horas se passam, e vou caminhando pela floresta, avisto árvores frutíferas o que é uma benção, guardo algumas maçãs na bolsa.
Quando para pra descansar ouço um piado fino e  baixo, quando olho envolta vejo um filho de hipogrifo, surpreendente ele estar vivo, é tão pequeno, não vejo sinais da mãe ou de alguma família que ele possa ter.
Me aproximando de vagar, corto um pedaço da maçã , ele cheira e avalia e então come , chegando um pouco mais perto ele se inclina e permite o meu toque, ficamos assim um bom tempo, então percebo que estamos ligados, já li a respeito disso, eles são bichos extremamente inteligentes e sensitivos, ele deve ter julgado que sou de confiança, então se permitiu criar um vínculo de amizade , pelo o que li é muito raro na verdade, fico feliz de não ter que ficar mais sozinha, pelo menos essa companhia vai ser silenciosa.
Ele tem as plumajens lindas, em tom cinza claro, as garras negras e afiadas apesar de pequenas, ele anda e sobe em meu colo, ficamos sentados juntos um bom tempo, então começo a levantar e a andar, afinal estou de passagem.
Então ele me segue, vamos juntos pra onde quer que seja.
_ Deveria te dar um nome, se você ficar comigo mesmo preciso de chamar de algo - falo enquanto passamos por uma árvore caída - que tal Neil ? Felipe? John ? Harry? - nenhum dos nomes faz efeito nele - ahh que tal Sam ? - pergunto e ele finalmente demonstra algo, balança a cauda, só posso interpretar que ele gostou.
_ Ahh pequeno Sam , fico muito feliz de sermos amigos, eu vou cuidar bem de você. Digo isso e o pego no colo, ele é pequeno não quero que se canse tanto.
Meu amigo Sam, ele vai ser bom na minha jornada.

Os dias se tornam semanas, as semanas meses, é incrível o quanto eu consigo evitar contato humano , somente florestas e rios, aprendemos a caçar o Sam e eu, ele já está no tamanho quase adulto, o que é impressionante, levanta voou e me abandona por horas, mas sempre volta, eu voou com ele quando vemos perigo ou pessoas estranhas. Evitar o contato e melhor. Poderia continuar assim, se não fosse essa dor lancinante que senti, essa angustia, algo está errado, algo está errado com o caldeirão, tenho que avisá-los. Antes que eu possa me proibir, chamo por Sam, que logo me encontra monto nele e partimos pra corte noturna, pra Ilíria pra ser exata, vou falar com cassian. Ele vai informar aos seus senhores.
Antes mesmo de pousar sou cercada por vários ilirianos armados e prontos pra nós abater, meu poder aumenta a medina em que eles ameaçam o Sam, antes que houvesse um derramamento de sangue, ouço sua voz.

_ Abaixem as armas, ela está comigo - diz Cassian voando e ficando a minha altura, ele me avalia mas não diz nada.

Todos obedecem, eu então pouso com Sam, ele se coloca entre mim e Cassian, sempre me protegendo "ta tudo bem" digo enquanto faço carinho nele.

_ Tenho que falar com você- digo a Cassian com seriedade suficiente

_ Vamos pra cabana, leva seu bichinho também, não é bom deixar ele aqui - diz e sai andando nenhum tom de sarcasmo nada além de seriedade e tom de general

Chegando na cabana só sinto seu cheiro, o que é bom não tem mulheres vindo aqui, enfim, pensamentos que não posso controlar

_ Ah que devo essa visita Nestha ? - ele pergunta sem se virar pra mim sentando a mesa

_ Tem algo errado, eu sinto - ele me olha com interesse - o caldeirão Cassian, tô sentindo ele novamente , tem alguma coisa errada. - falo indo em direção a janela e observando Sam parado como uma estátua ele fica assim quando tá tenso

_ Como assim? O que está sentindo exatamente? - pergunta Cassian sem se levantar ou se importa em olhar pra mim

_ Está igual a quando ele foi usado, tô sentindo o poder sendo reunido , algo está errado - falo me virando para ele

_ Vou falar com Feyre e Rhysand, obrigada por avisar. - diz com um leve desdém na voz

_ Eu gostaria de falar também, não quero que ignorem isso, está mais forte do que a última vez - digo o encarando, posso sentir tudo raiva, medo frustração, felicidades, desejo, tudo em fração de segundos até ele me bloquear
_ Tudo bem , vamos então - diz ele por fim, e sai da cabana - pode me seguir com seu bichinho - fala com bastante desdém

_ O nome dele é Sam. - digo entre dentes - e ele não é um bichinho, ele é meu amigo.

Após dizer isso ele me encara meio incrédulo e alça voou em seguida. Vai ser um longo dia..

Corte de corações em chamas Onde histórias criam vida. Descubra agora