Capítulo 68 - A confiança em um olhar

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Sentimentos. Por que tão complicados?

Nesse momento, cheio de complicações e não vendo muitas soluções, essa era a frase que martelava a mente do assassino preocupado.

A vida ensinou a Hu Long como ter intensos sentimentos. Por outro lado, nunca o ensinou como deveria lidar com os mesmos.

Hong Shaoran o considerava como um garoto sem noção alguma e que vivia falando besteiras para deixar os demais sem reações ou, até mesmo, tirar um sorriso do rosto da pessoa mais enfezada da cidade. Já Li Ming-Yue, sua grande parceira de batalha, quando o mais novo mostrava seu jeito mais animado e falava muitas coisas por impulso, sem pensar nas consequências, a jovem dizia a Hu Long que isso era como um escudo.

Uma armadura dos verdadeiros sentimentos que habitam dentro de seu enorme coração, que apenas as pessoas mais especiais em sua vida tinham o prazer de compreendê-lo.

Conforme os anos que se passavam, Hu Long se dedicara a ser o que disseram que ele seria: o protetor de Hong Shaoran, seu braço direito e um assassino profissional. Mas, é como muitos pensam: debaixo de um resplandecente sorriso, há dores insuportáveis e que poucos estariam dispostos a realmente parar para ouvir.

Ajudar com todos seus demônios.

O ser humano sempre correu contra o tempo e o considerou importante. Por conta disso, Hu Long nunca conseguiu colocar para fora toda a sua angústia pelos afazeres no clã Hong, a perda de Li Ming-Yue e os maus tratos feitos pelo seu próprio pai e irmão.

Eram muitos acontecimentos e poucas chances de analisá-los da maneira certa. O assassino sabia que deixá-los de lado era uma opção ruim, mas não tinha mais o que ser feito. Sua única escolha era viver com essas dores dentro de si e continuar a viver, em busca da única razão que o deixava vivo.

Fai Chen.

Antes, ele não sabia quando o veria novamente e estava com poucas esperanças disso acontecer. Contudo, pela primeira vez depois de tanta má sorte em sua linha do destino, a sorte caminhou ao seu lado.

No momento que achara que fosse o último de sua vida, um cultivador vendado apareceu diante de si e o ajudou, sem ao menos perguntar sua identidade.

Essa bondade, para um assassino sem mais esperanças, foi o ponto de embarque para uma nova tentativa de sobreviver a todos os males.

Assim que conheceu o Daozhang, a dor começou a passar e graças a um mero sorriso do mais velho. Hu Long nunca precisou de palavras concretas para saber que, aquele homem, no qual ficava corado facilmente com suas brincadeiras e agia de um modo nervoso ao seu lado, era alguém que poderia mudar completamente seu coração e até mesmo curá-lo, tirando todos os espinhos que o faziam sangrar.

Logo após o primeiro encontro entre ambos, o assassino decidiu caminhar ao lado do Daozhang e aos poucos, foram formando um laço que era impossível de ser explicado em palavras. Porém, como o próprio Xiao Yan havia visto com seus olhos, os dois homens tinham imensos sentimentos recíprocos. E os mesmos foram crescendo dentro do peito de cada um. Para o assassino, fora graças aos mínimos detalhes de Yongliang, pois foram exatamente esses que fizeram a diferença no futuro.

Antes, quem cuidava quase 24 horas por dia de Hu Long era Yongliang, ou para ser mais específico, Fai Chen, o grande amor de sua vida e que ele jamais havia pensado que o reencontraria de tal maneira, tão dramática.

Já agora, os papéis tinham se invertido.

Quem estava sendo cuidado não era o assassino e sim o cultivador, ainda adormecido nas coxas do mais novo, que permanecia limpando as costas nuas de Fai Chen, a fim de que todo aquele sangue saísse de sua pele clara.

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