Capítulo 88 - A sala de memórias está aberta

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Depois de algum tempo, Li Ming-Yue se acalmou e o local que estavam permaneceu com uma sensação de calmaria, também graças ao amanhecer. O sol nascendo era radiante e naquele momento significou uma grande força "criadora". Sua luz iluminava toda a floresta, deixando-a mais limpa de infortúnios e males.

Fai Chen terminou de fazer as ataduras em Xia Ling com pedaços da manga de seu hanfu vermelho que ainda estava vestindo, já que não teve tempo para a troca. Analisando a ação que acabara de fazer, o cultivador teve um pensamento.

Ele estava literalmente cortando suas mangas e de forma mais direta, era um cortá-mangas. Se Hu Long visse essa cena a minutos atrás e pensasse rápido, tiraria sarro de sua cara.

Porém, o assassino estava com seus olhos, pela primeira vez, não focados em seu amado e sim em Xia Ling, que adormecia com uma aparência menos drástica, graças aos cuidados de Fai Chen. Ele estava muito preocupado com sua amiga, pois sabia que seu corpo era bem fraco e para aguentar todas aquelas queimaduras teria que lutar bastante.

Li Ming-Yue, por outro lado, estava negando-se a olhar para a antiga conhecida, pois ainda estava irritada por tê-la queimado, de uma maneira tão perigosa.

Para o clima não ficar tão pesado entre os três conscientes, Fai Chen virou seu rosto em direção a cultivadora e decidiu comentar sobre sua cultivação demoníaca. Mesmo sendo algo que muitos menosprezam por envolver a energia Yin, foi fascinante ver todo aquele poder e ainda mais por ser de uma mulher. Uma figura tão julgada no país.

"O uso que faz com sua energia Yin é impressionante. Seu Shizun era o mesmo de Hu Long, certo? Ele que a ensinou?", o cultivador curioso perguntou, olhando de lado para o assassino, que agora, como uma forma de se acalmar, estava picotando diversos pedacinhos de uma folha.

"Sim, foi ele que me ensinou tudo sobre cultivação demoníaca, mas nunca aceitou o uso. Ele tinha razão em ter medo. Quando uso muito de meu poder, saio do controle. Porém, isso é algo bem raro de acontecer, já que optei por esse caminho a anos e tive que me acostumar. Passei esses últimos tempos matando inúmeros yaomos e perseguindo os homens mais sujos. Principalmente cultivadores imorais. Bem, de qualquer forma, meu Shizun era Hong Wu, o cultivador mais forte que essas terras já puderam ter o prazer de presenciar seu tamanho poder... Mesmo que fora por um curto tempo...", a mulher respondeu, com um tom um tanto doloroso.

De início, Fai Chen não entendeu essa posição. Entretanto, lembrou-se rapidamente do passado que Hu Long contou para si há semanas atrás.

O cultivador Hong Wu havia sido assassinado e o líder Hong Lan culpou a poderosa Li Ming-Yue por sua morte. Uma coisa bem improvável de ter acontecido, já que Li Ming-Yue, nas frases ditas por Hu Long, ajoelhou-se perante seu Shizun nas margens do Rio Amarelo e jurou lealdade, dizendo ao mesmo que ele poderia continuar a ensiná-la sobre esse a cultivação demoníaca, pois seria forte o suficiente para dar honra ao clã que a adotou.

"Tenho certeza que ele foi um grandioso Shizun. Eu o conheci quando era pequeno...Mas mal consigo me lembrar...", Fai Chen comentou, abrindo um sorriso fraco. "Minha mãe era uma grande amiga de Hong Wu."

"Fai Wen? Digo, Madame Wen?", Li Ming-Yue arregalou os olhos. "Shizun tinha um diário. Nele tinham várias páginas sobre ela. Ele a admirava demais. Dizia que era uma das mulheres mais fortes que teve a honra de conhecer."

"Espera, Shizun tinha um diário? Por que eu nunca o li?", Hu Long questionou a amiga, parando de cortar a folhinha e prestando mais atenção no diálogo. "Nem Shaoran deve ter lido esse diário."

"Vocês estavam ocupados demais lendo livros... Hum...", a cultivadora olhou de lado para Hu Long e depois, discretamente à Fai Chen. "Eu devo contar?"

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