Capítulo 28 - As cicatrizes evidentes

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Enquanto Hu Long e Xiao Yan mantinham uma conversa contínua e degustavam a sobremesa, Fai Chen se perdia dentro de seu próprio caos até que foi chamado pelo assassino, em um tom delicado, deixando-o um pouco desorientado sobre o assunto que tratavam.

"Você ouviu o que eu disse, Cegueta?", Hu Long o questionou, soltando uma risada depois de sua frase, pois percebeu que o outro homem estava com sua mente em outro lugar. "O que foi? Estava pensando em mim e eu atrapalhei?"

"Não é isso...", o cultivador respondeu. Por mais que estivesse nervoso, não queria demonstrar tal reação para ambos os homens, então, abriu um sorriso leve e continuou a dizer: "Poderia repetir o que disse? Por favor?"

"Pra você eu repito quantas vezes desejar, Cegueta", o assassino gargalhou ainda mais e retomou sua frase anterior, que não havia sido escutada pelo outro. "Eu tinha dito sobre a sua jornada ao Rio Amarelo e como ela é extremamente bem planejada."

Xiao Yan, ouvindo a frase de Hu Long ser dita para o Daozhang, não aguentou e riu também, tomando um gole de seu chá de ervas verdes. Ele olhou para o assassino, que mantinha uma postura meio desleixada, como se não estivesse preocupado com as reações que traria ao ouvinte.

"Em outras palavras, Hu Long disse que Daozhang é muito inteligente!", o costureiro mencionou, abrindo um sorrisinho de lado, querendo ver como os dois reagiriam com seu comentário.

Assim que Fai Chen ouviu Xiao Yan dizer tal interpretação sobre a frase de Hu Long, ele se sentiu um pouco menos tenso e ousou abrir um sorriso carinhoso para o assassino, que estava sentado ao seu lado. Já Hu Long, ao ter escutado aquela afirmação e observar a reação vinda do cultivador, tornou-se mudo por alguns segundos. O sorriso de Fai Chen, como sempre, deixava o assassino sem jeito e sem palavras.

"Hum... É, talvez eu tenha falado isso também", Hu Long completou, levantando sua mão direita para a nuca e a coçando um pouco, como um jeito de disfarçar sua vergonha que havia crescido de repente. Na verdade, essa sensação de ter as orelhas queimando e sua garganta ressecada surgiu desde o primeiro ato carinhoso que ele realmente havia reparado vindo de Fai Chen. Aos olhos do assassino, ninguém nunca iria ajudá-lo da mesma forma que o cultivador o ajudou. Era como se o mesmo visse algo bom dentro dele que os outros não viam.

O costureiro, analisando a situação e vendo que o assassino estava sem jeito, decidiu provocá-lo ainda mais e descobrir mais sobre suas verdadeiras emoções.

"Talvez? Hu Long, você disse que Daozhang, além de inteligente, era extremamente sedutor e...", antes do costureiro poder finalizar sua frase com o último adjetivo citado anteriormente por Hu Long, o mesmo levou sua mão para a boca de Xiao Yan, tapando-a.

Fai Chen estranhou o silêncio efetuado do nada e logo imaginou a cena que poderia ter acontecido à sua frente, rindo baixo.

"Não se enganem. Eu não poderia ser considerado como uma pessoa sensual e muito menos inteligente. O Imperador de Jade não faria tal desperdício", o cultivador comentou, levantou-se da mesa e levando calmamente seu pratinho até a pia próxima.

Hu Long, escutando o que Fai Chen acabara de dizer, cerrou seus punhos e sentiu vontade de tacar qualquer coisa na parede. Por mais que ele achasse que essa ação de se menosprezar vinha graças a sua deficiência visual, não conseguia entender o porquê disso. Então, tossiu brevemente antes de voltar a dizer e agora mais diretamente ao homem que se encontrava de costas atrás dele.

"Cegueta, como pode dizer uma coisa dessas?"

"Como assim?"

"Eu já disse uma vez e direi pela segunda", Hu Long levantou da cadeira e se virou, indo até a orelha direita de Fai Chen e sussurrando na mesma o final de suas palavras. "Se você pudesse se ver, se apaixonaria por si mesmo. "

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