Capítulo 117 - Uma pausa na vingança

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Desde o momento em que Hong Shaoran ajudou Wei Huli naquela situação da floresta, eles não se desgrudaram. Todos os dias, no final da tarde, ambos se encontravam na divisão de domínio da área florestal entre os dois clãs e treinavam arco e flecha.

Eles se divertiam bastante.

"Shaoran! Olha isso!", o jovem de cabelos acinzentados levantou seu arco em direção a uma árvore não tão distante e mirou a flecha perfeitamente em um dos galhos mais altos. "Viu? Eu acertei!"

"Isso é o mínimo", o mais alto respondeu, apontando para um galho ainda mais alto. "Tente acertar aquele outro."

Sem contestar, Wei Huli levantou mais seu arco e lançou a flecha na direção proposta por Hong Shaoran e, sem dúvidas algumas, acertou.

"Você tem certeza que sempre foi ruim em arco e flecha?", o mais velho perguntou, com seus olhos ainda vidrados na flecha que o outro havia atirado a segundos atrás.

"Eu não disse que era ruim... Só disse que tinha dificuldade...", Wei Huli respondeu, segurando o riso por sua mentira. "E nossos treinos tem me ajudado bastante! Sou muito grato, A-Ran!"

Hong Shaoran arregalou os olhos e rapidamente se virou para olhar o menor, que estava com um sorriso radiante no rosto.

"Não me chame desse jeito. É muito íntimo", o mais alto mencionou, com as orelhas pegando fogo de vergonha.

"Mas... Estamos já há meses treinando todos os dias juntos... Nós criamos um vínculo... E...", antes que Wei Huli pudesse concluir a frase que mal saia direito de seus lábios, Hong Shaoran estalou a língua e deu um peteleco na cabeça do menor. "Aí!"

"Você é muito idiota, Huli", por mais que o Jovem Mestre Hong quissesse esconder suas emoções, um sorriso apareceu em seu rosto quando percebeu o quanto o Jovem Mestre Wei o considerava. "Vamos continuar o treino. Temos ainda outros galhos para acertar."

A amizade que estava sendo desenvolvida entre os dois crescia a cada novo dia, semana e mês; era impressionante como dois jovens de clãs e propósitos diferentes tenham se entendido tão bem.

Porém, essa amizade afetuosa acabou sendo afetada por razões políticas entre os líderes do clã Hong e Wei.

Pouco tempo atrás, os irmãos jurados tinham desfeito seu laço por mentiras que afetaram os três. Quando Hong Shaoran e Wei Huli souberam disso, tiveram que se afastar por três anos. Dentro desse período, quando um via o outro em alguma reunião, trocavam algumas palavras e xingamentos, para que os líderes não desconfiassem de absolutamente nenhum afeto entre eles. Entretanto, nos finais de noite do sexto dia da semana, os jovens sem medo das consequências encontravam-se na floresta e treinavam juntos, conversavam e eram quem queriam ser, lado a lado.

Em outras palavras, de fachada, os jovens deixavam todos pensarem que ambos se odiavam e não se suportavam. Mas, às escuras, ambos tinham um imenso carinho e desejavam poder ficar mais tempo juntos.

Isso não foi nem um pouco fácil para Wei Huli suportar nos dois primeiros anos. Mesmo conseguindo ver Hong Shaoran pela noite, não suportava os humanos que o deixaram daquela maneira: sendo obrigado a tratar o amigo de maus modos na frente dos outros e vê-lo por pouco tempo.

Com mais raiva dos humanos e como uma forma de tirar todo seu estresse de estar sendo "proibido" de algo e ter que aceitar, para que não houvessem problemas em relação a sua verdadeira identidade, a raposa branca aproveitou os momentos que o líder Wei comprava Fai Chen para amaciar sua relação de falsa amizade com ele.

Após a morte de Fai Wen, o Jovem Mestre Fai nunca mais foi o mesmo. Por mais que tivesse uma personalidade carinhosa, compreensível e fiel, Wei Huli percebeu que Fai Chen estava com um vazio enorme no peito por ter perdido alguém tão especial e amável em sua vida. E isso aconteceu justamente por conta de alguns "pauzinhos" que a raposa branca mexeu na linha do destino da própria Madame Wen entre seu marido, Fai Xin, e seu grande amigo de infância, Hong Wu.

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