Capítulo 125 - O eterno espírito despedaçado

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Os homens que oferecem o sangue, trabalho, lágrimas e suor conseguem sempre realizar o que desejam e se tornam os próprios heróis de sua jornada. Porém, aquele que ultrapassa seus próprios limites e começa agir de uma maneira incorreta para a realização de seus objetivos, acaba desperdiçando o sangue em uma guerra. Era isso que Fai Chen pensava ao ver a cena de traição à sua frente. Wei Huli deixou-se levar pela vingança e não conseguiu analisar as maldições que cobriam suas costas.

"Merda... Por todo esse tempo... Era isso que você estava planejando?", ele tentou perguntar, mas sua voz estava extremamente fraca e baixa, deixando sua ira bem mais difícil de ser revelada.

Como resposta, Wei Qiang mostrou a língua e soltou uma risadinha.

"Você é uma raposa. Achei que fosse mais inteligente no quesito manipulação! É tão inocente!", ela respondeu, atravessando cada vez mais a pele do jovem preso às suas mãos. "Vamos, pense um pouquinho! Realmente não pensou nessa possibilidade?"

O jovem de cabelos acinzentados apenas negou com a cabeça, cuspindo mais um pouco de sangue.

"Sério? Nadinha? Caramba... Eu até brinquei um pouco com todo seu plano!"

"O que disse?", Wei Huli arqueou uma de suas sobrancelhas, mostrando uma certa dúvida sobre aquelas palavras.

"Lembra do caos do Campeonato dos Peões e como, do nada, a garota bonita notou algo diferente sobre quem estava controlando o costureiro bobinho? Então! Ha Ha Ha! Eu estava por trás disso! Certos yaomos, para persuadir uma presa, costumam optar por uma breve telepatia, a fim de confundir o cérebro da mesma. Por mais que seja fraco, usei esse poder! No caso, levei um recado à mente da garota bonita dizendo que deveria descobrir o verdadeiro dono da marionete! E ela quase descobriu! Aquilo foi bem emocionante!", Qiang mostrava uma empolgação genuína. Nem parecia que ela estava prestes a tirar uma vida. "Eu já preparava traí-lo a partir do momento que me salvou daquela cela infernal do clã Fai. Então, como primeiro passo, lhe prometi uma confiança completamente falsa! Os humanos podem jurar algo pois eles têm medo das consequências que os deuses possam atribuir às suas vidas quando não cumprem seus devidos juramentos. No meu caso, não há o porquê eu ter esse sentimento. Eu já estou morta!"

A jiangshi caiu em gargalhadas com o final de seu discurso. Em compensação, Wei Huli estava sério e não expressando uma única reação àquelas palavras.

"Por que? Eu sequer te conhecia antes daquele dia. Não tinha nenhum motivo aparente para me trair e..."

"Claro que tinha, Huli! O motivo está tão óbvio!", ela abriu um enorme sorriso e com os olhos fechados, continuou: "Eu sou uma criatura de Diyu! Não há justificativas para uma, que transborda a maldade, realizar algo bom a qualquer outra! Acha que há alguma leal?"

Wei Huli inclinou o rosto, pensando que aquela frase fosse algum tipo de piada de mal gosto, pois tanto ela quanto ele sabiam que, por mais que houvesse trilhões de yaomos, há alguns que desejam ser salvos e mostram-se leal a seus companheiros ou até mestres. Era o que aconteceu com Laozhu BingWen, uma hulijing que conseguiu criar um vínculo forte tanto com outras raposas quanto com humanos.

"Você não tem nenhuma justificativa para me trair e apenas fez? Isso é ridículo. Eu não... Acredito em você...", ele respondeu, sentindo algumas fisgadas bem mais dolorosas, o que dificultou sua fala. "Nós temos que ter motivos ou..."

"Isso é um clássico pensamento bobo de humanos, Huli! Passou tanto tempo ao lado deles que esqueceu de suas origens?", Wei Qiang retrucou, passando a língua por seus lábios, que pareciam ansiosos para degustar do sangue que passava pelos dedos de suas mãos enquanto devorava a energia de Wei Huli. "Existe a crueldade pura nesse mundo e nós, criaturas de Diyu, estamos justamente pisando nesses solos para continuar com esse legado. Mostrar aos humanos que, não importa o que aconteça, sempre haverá o lado bom e o lado mau em tudo que os cercam."

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