Capítulo 122 - O Cultivo do Olhar I

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Assim que o corpo de Hong Shaoran caiu e não moveu mais um único dedo, Hu Long gritou até seu pulmão doer. Pela intensidade sonora daquela ação e pelos ouvidos de Fai Chen serem altamente sensíveis a qualquer som, ele teve que tapá-los com as mãos.

O grito era carregado de dor, que sufocou o coração do mais novo até o limite da alma. Um grito a qual, no meio de tanto caos, anseiou em ver uma luz, que já não brilhava mais entre eles.

Lágrimas caiam como uma chuva numa tempestade. Elas corriam pelo rosto do assassino com a aflição de sua alma, pois, naquela noite no meio da escuridão, ele a sentiu esbravejando por sofrimento a mais uma perda.

Conhecendo Hu Long, o cultivador sabia que a morte não era a maior perda em sua vida. A maior perda dela era o que morria dentro de si enquanto continuava vivo.

"Como você pode fazer uma coisa dessas com Shaoran...", o assassino começou a murmurar, pegando sua lança que havia deixado cair no chão quando foi arremessado para longe. "Você matou a única pessoa que poderia te perdoar."

Fai Chen, ao ver que Hu Long estava se posicionando para uma luta, tirou sua espada da bainha e a levantou, se preparando para qualquer ação de Wei Huli, que estava limpando o sangue das mãos com a própria língua.

"Eu não preciso de perdão. Eu preciso da minha vingança", respondeu o jovem de cabelos acinzentados, recitando um encantamento que fizera seu arco prateado aparecer em sua mão direita. "A-Ran iria ficar no meu caminho, então apenas fiz um favor a ele."

"Eu também lhe farei um favor", o assassino levantou o rosto e a partir daquele momento, uma energia totalmente fora dos estudos de Fai Chen apareceu rodeando aquele corpo. "Eu vou te matar com as minhas próprias mãos."

Wei Huli soltou um assobio pelas palavras ousadas do rapaz. Depois, estendeu sua mão esquerda e levantou seus dois dedos principais, movendo-os de cima para baixo.

"Venha tentar, Assassino de Olhos Sanguinários."

O cultivador olhou para Hu Long e não viu o mesmo jovem de sempre.

Ele estava vendo a verdadeira face do Assassino de Olhos Sanguinários. O homem que cessou inúmeras vidas com a força de uma criatura de Diyu e sem um único arrependimento dentro de seus olhos vermelhos, que brilhavam de tamanha excitação por matar.

"Hu Long... Não perca o controle...", Fai Chen sussurrou, torcendo para que suas palavras chegassem à mente do amado. Em seguida, levantou o dedo indicador e o do meio, recitando um versículo do cultivo de Xiu Lian ao tocar em sua espada. Imediatamente um som simbolizando o poder foi escutado e a arma de Fai Chen brilhava, exatamente como a luz da lua.

Ao ver aquela posição de ataque de ambos, Wei Huli soltou uma risada maléfica.

"Vocês são tolos. Eu já os vi lutar. Então, sei absolutamente todos seus passos e as suas artes de guerra", ele comentou, criando flechas com o próprio poder. "Principalmente as suas, Fai Chen. Sem perceber, já está em minhas mãos."

O cultivador apertou o punho de sua espada com força. Ele não podia mais cair no papo de Wei Huli, ou melhor, daquela hulijing. Uma besta espiritual que está no mundo para criar a destruição dos outros.

"Você apenas conhece a minha dor, Huli", o cultivador respondeu, apertando mais o punho.

"E é justamente com ela que eu ganharei essa luta, ChenChen."

Sem esperar por uma resposta, a raposa branca atirou sua primeira flecha em direção a Hu Long, que a bloqueou rapidamente com sua lança. Porém, aquela flecha não era uma comum. Assim que o assassino a atravancou com um único ataque, ela quebrou e se transformou em cinzas. Delas, surgiu um diferente fogo azul escuro com formato de uma mão, a qual agarrou rapidamente a perna do mais novo e a queimou sem piedade.

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