Capítulo 38 - Sangue nas mãos

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Quando se iniciou um novo dia, assim que sentiu o sol entrando pelas janelas de seu quarto, Hu Long se levantou em um pulo. Não poderia perder a chance de ajudar um pobre garoto como Fai Chen, que hoje serviria ao clã Hong.

Depois de ter se arrumado e feito sua própria higiene, correu em direção a cozinha, pegando uma maçã da bancada e comendo enquanto andava para a sala de recepções do líder Hong Lan. Assim que chegou, além de avistar o líder, encontrou rostos políticos conhecidos e um rosto juvenil bem escondido. Provavelmente de Fai Chen.

"Hu Long, está 2 minutos atrasado. Mas, lhe perdoarei dessa vez", Hong Lan mencionou, levantando de sua cadeira, a qual era a mais alta dentro da sala e caminhou até o jovem que estava sentado de joelhos diante do mesmo. "Hu Long, este é Fai Chen, o jovem que você supervisionará."

Logo após as palavras claras e objetivas do mais velho, os homens bateram as palmas entusiasmados para observar os dons da criança, por mais que Hu Long estivesse lá para supervisioná-la.

O jovem de 15 anos chegou mais perto do mais velho, que estava com a cabeça baixa e seus olhos enfaixados por uma venda.

"Por que ele está vendado?", Hu Long perguntou, olhando de lado para o líder Hong, que ao ouvir seu questionamento suspirou, como se a resposta já estivesse muito óbvia.

"Assim que Fai Chen olhar fixamente nos olhos de um humano, descobrirá todos as verdades, mentiras e até manipulações. Fai Xin não deseja mais desordem, então pediu que só tirasse a venda quando necessário", Hong Lan respondeu, tocando delicadamente o ombro do rapaz que continuava de joelhos. "Você pode se levantar, vá com Hu Long. Ele o levará para o Subsolo Lua Fresca."

Sem mais perguntas, Fai Chen se levantou do chão e caminhou calmamente em direção aonde poderia estar Hu Long. Graças a esse ato de movimento, o mais novo conseguiu observar melhor as características do outro. Sua pele era pálida, os cabelos pretos estavam soltos e chegavam apenas até os ombros; e em cada pulso havia marcas fortes que foram obtidas provavelmente por meio de um nó grotesco e sem um pingo de delicadeza. Igualmente ao que fazem com uma besta.

"Hum...", Hu Long, ficando um pouco nervoso, apenas pegou uma das mãos do outro jovem e a segurou carinhosamente, caminhando para fora da sala e partindo ao subsolo dos prisioneiros.

Como essa área ficava um pouco distante de onde estavam, Hu Long puxou um rápido assunto, a fim de tranquilizar Fai Chen.

"Já estamos longe dos adultos, você pode falar alguma coisa?", após dizer essa frase, percebeu que talvez tenha sido um pouco rude demais e logo consertou, rindo. "Espere! Hahaha! Eu digo algo primeiro... Hum... Como você consegue andar tão bem mesmo vendado? Isso é impressionante! Da última vez que joguei algo vendado ao ar livre com meus amigos, sempre batia meu rosto em alguma árvore."

Não houve respostas imediatas de Fai Chen, mas logo que percebeu a intenção do jovem que ainda segurava sua mão e que o mesmo não tinha uma aura pecaminosa igual à dos adultos daquela sala, decidiu respondê-lo.

"Quando meu pai começou a caminhar ao lado da loucura por causa de meus olhos, minha mãe teve medo que ele ou alguém me machucasse. Então decidiu me ensinar a andar com uma venda nos olhos..."

"História deprimente...", Hu Long comentou, revirando os olhos só de pensar em como Fai Xin era com seu filho. "Certo. Vamos mudar um pouco a visão dessas lembranças e ver o lado bom de estar tão acostumado a ficar vendado?"

"Como assim...?"

"Se você fazer as coisas que o líder Hong pediu, posso levá-lo para jogar com meus amigos. Podemos fazer uma brincadeira ligada aos sons e todos estaremos vendados! Aposto que você ganharia na certa", Hu Long abriu um sorriso, mesmo sabendo que o mais velho não o veria.

The Cultivation of the GazeOnde histórias criam vida. Descubra agora