Capítulo 84 - O som pavoroso

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A noite estava agitada. Uivos eram escutados, deixando claro que poderia ter um grupo de animais selvagens por perto. Já, os animais menores, como cachorros do mato, acabaram entrando dentro da caverna que os três jovens se encontravam, por conta da fogueira quente e com um certo medo de uma possível tempestade que chegaria, já que os pássaros voavam em conjunto e ecoavam um som de "fuga".

Além do mais, o vento que entrava pela caverna era forte e quase conseguiu apagar a chama da fogueira que Fai Chen havia construído. Por conta da sensação gelada, o cultivador despertou e olhou ao redor. Viu três cachorrinhos tremendo de frio, próximos ao corpo de Hu Long, que estava aconchegante em seu peito.

Ao ver a cena diante de seus olhos, Fai Chen não conseguiu segurar o sorriso. Desde a primeira vez que viu Hu Long, no caso, quando o mesmo estava fugindo do clã Hong, o jeito que o assassino dormia era encantador. Suas bochechas ficavam rosadas e algumas vezes até seu nariz.

Vê-lo corado em sonhos profundos era adorável, então o mais velho decidiu continuar observando, até que encontrasse o sono novamente. Porém, o que ele não esperava era que Hu Long acordasse e desse de cara com o cultivador olhando-o de uma forma tão apaixonada.

O assassino bocejou e piscou quatro vezes seguidas, pousando delicadamente sua mão direita sob seus olhos, os coçando. Depois disso, o mais novo formou um sorriso gentil e mencionou:

"Eu daria minha vida para ver meu Cegueta todos os dias me olhando dessa forma. E aí? Se apaixonou mais?", Hu Long continuou sorrindo, completamente feliz por ter visto essa cena diante de si.

Assim que Fai Chen ouviu a pergunta de Hu Long, seu corpo deu um leve arrepio. Sabia que aquele era o jeito direto do assassino, mas sempre que o mesmo dizia algo envolvendo sentimentos, o coração do cultivador era alvo de um ataque.

Ele era incendiado pelo amor.

Sem querer responder, o cultivador apenas abaixou seu rosto e deu um beijo na testa do menor.

"Volte a dormir, Hu Long..."

"Como pode me pedir para dormir agora?", Hu Long arqueou a sobrancelha. "Eu quero mais beijos na testa. Aposto que se eu for mimado dessa forma, terei sonhos encantadores com você, Cegueta."

Fai Chen gostaria de retrucá-lo, mas seu coração já estava muito mole para isso. Dessa forma, o mais velho aproximou novamente seus lábios quentes à testa do mais novo e começou a beijá-la sem parar.

"Hum... Mais...", Hu Long resmungou, mordendo os lábios.

O cultivador, continuou seus beijos delicados e tentou fazer o mínimo de barulho possível para não acordar Xia Ling, pois desejava que a jovem descansasse.

Mas, diferente de Fai Chen, a natureza não estava sendo nem um pouco silenciosa e ousou criar um som catastrófico do lado de fora da caverna. Parecia ter sido um raio atingido alguma árvore e isso assustou tanto Hu Long quanto os cachorros que estavam por perto do mesmo.

Fai Chen não gostou nem um pouco daquele som indesejado. Mas decidiu deixar de lado e despejar mais um selinho na testa de Hu Long, para acalmá-lo.

"Você não gosta de tempestades?", perguntou Fai Chen, lembrando-se de quando era menor e tremia de medo por conta de raios e trovões.

"Pelo contrário, eu gosto. Porém, esse som...", Hu Long bocejou, deixando explícito que estava com sono novamente. "Bom, deixe para lá. Deve ser coisa da minha cabeça. Fiquei tão sensível a seus beijos em minha testa que deixei meu coração se entregar facilmente ao ambiente. Por isso tomei um susto. Aliás..."

Hu Long inclinou o rosto e olhou para os três cachorrinhos que estavam deitados perto de suas costas.

"Desde quando eles chegaram? Eu sequer ouvi eles andando por aqui", mencionou o assassino, esticando seu braço esquerdo para fazer carinho em um deles.

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