The Cultivation of the Gaze

Capítulo 44 - Memórias quentes

AVISO: Acabou o flashback. De agora em diante, tudo será narrado novamente no presente e relacionado ao ponto de vista de Fai Chen.

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O cultivador vendado escutou toda a história com grande atenção e respeito. Tinha se passado um bom tempo desde que Hu Long havia começado a contar sobre sua vida e como na mesma existia uma justificativa para o próprio assassino perder a confiança nas pessoas. Seu verdadeiro pai havia escondido toda a verdade sobre sua origem por anos, seu irmão o havia usado como um peão para conquistar territórios inimigos e grandes objetos valiosos. E por fim, seu primeiro amor também o havia deixado.

Esse primeiro amor era, na verdade, o próprio Fai Chen, que ao ouvir tais histórias não sabia como reagir. Depois de anos longe do seu próprio clã, a única coisa que se lembrava era de um servo que teve ao seu lado e que gostava dele em sigilo, nada mais. Porém, aparentemente havia um maior relacionamento entre ambos que ele não se lembrava.

Até agora.

"Quando o vi, achei ironia do destino. Ser salvo por um homem cego? Impressionante", Hu Long voltou a dizer, soltando um riso baixinho. "De qualquer forma, assim que você me salvou... Senti como se pudesse confiar novamente em uma pessoa. Diferente dos outros, você nunca me tratou como uma besta ou algo do tipo. Realmente, você sempre foi muito bom para mim, Cegueta. Sinto muito por dizer tantas coisas sobre minha vida. Tentei resumir, mas o motivo sobre não confiar nas pessoas é bem... Complicado."

Fai Chen permaneceu em silêncio, tentando assimilar todos os pontos importantes que o assassino havia dito. Sua mente, depois de ouvir sobre sua história com o mesmo, começou a fabricar memórias que um dia estavam apagadas. Porém, agora pareciam reaparecer sem pausa alguma.

Ele lembrou do começo de seu treinamento de cultivação na floresta, longe o bastante de toda a região populosa. Sempre que possível tentava restabelecer sua mente, pois ela estava sobrecarregada de tantos infortúnios que a vida dera a ele. Nunca entendera porque sua mente havia ficado tão danificada daquele jeito. Entretanto, as cenas que apareciam em seus pensamentos agora eram bem explicativas. Essas memórias que foram retiradas eram apenas envoltas pelo sentimento de amor. Algo que sinceramente Fai Chen jamais pensou que tivera a oportunidade de sentir.

"Não há porque pedir desculpas", Fai Chen respondeu finalmente Hu Long. O jovem cultivador ergueu seu rosto e o virou para onde o outro estava, possivelmente o olhando firmemente. "Qual a sua última memória de... Fai Chen?"

"Ele tinha cabelos curtos, cheio de machucados e era menor do que eu", Hu Long respondeu, soltando uma risada em seguida. "O que foi? Diante de tudo que lhe contei, você está preocupado com meu passado amoroso?"

"Não é isso... Eu...", o cultivador sentiu sua garganta secar, pois a partir do momento que ouviu "passado amoroso", sentiu que seu corpo inteiro foi esquentando por causa de uma passagem que surgira em sua mente. No caso, era uma memória quente de ambos. Algo que deixou Fai Chen completamente vermelho e querendo enfiar seu rosto em qualquer buraco por perto. "Hu Long... Eu preciso..."

O mais alto sempre soube que a mente humana era cheia de mistérios, os quais poderiam desenvolver um homem. Algumas vezes, a mente deixa lembranças guardadas no inconsciente para não afetar o indivíduo futuramente. Porém, um homem sem suas lembranças mais significativas se torna um homem perdido no mundo que o cerca. Sendo assim, agora que Fai Chen estava recuperando sua mente danificada por tantos anos, sentia que era o momento certo para dizer a Hu Long sobre a verdade sobre si, pedir perdão por enganá-lo sobre ser um cego e também, pedir para que ele o salve de mais perdas.

Porém, mesmo com as frases prontas, Fai Chen não conseguiu se segurar e literalmente jogou todo seu corpo em cima do mais baixo, abraçando-o. Hu Long, pego desprevenido, quase perdeu o equilíbrio sob o tronco de árvore derrubado, mas decidiu apenas envolver o corpo do cultivador em seus braços. Retribuindo o carinho.