Capítulo 22 - A última flor de ameixeira

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AVISO: contém violência com menor de idade e um flashback.

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O jovem de cabelos cinzas estava bem próximo ao outro jovem, que mantinha sua cabeça baixa e em silêncio. Fai Chen não sabia como reagir e muito menos o que dizer, então apenas levantou seus dedos para arrumar a venda, tampando seus olhos para virar seu rosto, que ainda estava escondido pela máscara de raposa.

"Estou bem. Desculpe por ficar aqui por último, já irei me retirar", o cultivador respondeu a Wei Huli, levantando-se da cadeira e tentando se afastar do rapaz. Porém, uma mão gelada pegou seu braço, que por mais que estivesse com tecidos por cima, conseguiu sentir essa sensação de frieza vinda do outro.

"Espere. Essa voz... Me parece familiar. Já nos conhecemos antes?"

O coração de Fai Chen apertou. Ele desejava se jogar nos braços do outro homem e dizer sua verdadeira identidade, sorrir enquanto o abraçava e pedia desculpas pelo que o outro homem tivera que passar na pele por sua causa, o que foi algo muito trágico.

A mente do cultivador retornou ao dia que tinha sido espancado por Wei Ming. Suas mãos estavam trêmulas e ensanguentadas graças aos diversos arranhões nas palmas. Ele estava em um estado lastimável, qualquer pessoa que o visse teria até medo de se aproximar, pensando de fato que era algum prisioneiro ou um traidor. Mas, tinha uma pessoa no mundinho de Fai Chen que, jamais, naquela época, o viu como um monstro ou algo do tipo. Essa pessoa era o jovem de 17 anos Wei Huli. Já havia passado um ano desde que Fai Chen estava sendo obrigado a atuar na área de crimes pelo líder Wei, então aos seus 15 anos já estava com um corpo completamente machucado, mas ao mesmo tempo, com um crescimento bom.

"Huli... Você não precisa dizer essas coisas, está bem? Seu pai é assim comigo porque o meu pai permitiu. Não o culpe", a criança machucada respondeu a Wei Huli, que tinha acabado de deixar uma flor de ameixeira em seus fios de cabelo.

"Fai Chen... Eu não me importo. Nunca me importei com o poder e com meu futuro... Então, se eu puder protegê-lo das mãos de meu pai, é isso que farei!", o jovem de cabelos cinzas disse com um sorriso largo no rosto, ainda acariciando a bochecha do outro. "Somos amigos, certo? Juramos que ficaríamos juntos!"

Fai Chen soltou uma risada doce, pousando sua mão por cima da de Wei Huli e a acariciando de um jeito meigo, assim como ele estava fazendo com sua pele, cheia de partes roxas em suas bochechas. A sensação de ter uma pessoa ao seu lado significava tudo para o pequeno, que há tempos não entendia mais o que era receber carinho, pois desde que seu pai havia começado a vendê-lo direto para o clã Wei, o pouco tempo que tinha com sua mãe, antes de falecer, era relacionado a lágrimas, gritos torturantes e a automutilação de si mesma. Fai Wen tinha enlouquecido e tudo por causa de seu marido, que não deixava seu pobre filho em paz.

"Huli, obrigado..."

"Obrigado pelo quê? Tolo... Não há o que agradecer! Mas, se deseja tanto me agradecer, por que não olha para mim pela primeira vez?", Wei Huli mencionou, soltando uma risada e tocando de leve o queixo do outro, que ainda estava com a cabeça baixa por vergonha e medo de observar os olhos raros de seu amigo. "Vamos, ChenChen! Eu já te contei tudo de minha vida e sobre mim, não há o que temer!"

Pela primeira vez, o jovem com os dons da verdade, sentiu-se confiante para finalmente olhar uma pessoa frente a frente e não ter um pingo de medo sobre a verdade que encontraria através de seus olhos. Entretanto, assim que o pequeno iria levantar seu rosto, um estrondo vindo da porta foi escutado, assustando ambos os garotos que estavam em um momento tão delicado.

"P-Pai...", Wei Huli gaguejou, soltando o rosto de Fai Chen.

"Wei Huli, o que você está fazendo tocando nele?", Wei Ming perguntou a seu filho, com um tom de voz tenebroso, que fez Fai Chen virar seu corpo rapidamente e olhá-lo de cima, sabendo que levaria mais castigos severos por se aproximar de Wei Huli.

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