Capítulo 19 - Festival da Raposa I

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Os passarinhos, principalmente as andorinhas, cantavam alto pela manhã. Por causa desse som, Fai Chen começou a acordar de um sono profundo causado pelas ervas que Xia Ling havia colocado na sopa que ele e Hu Long haviam tomado na noite passada.

A cabeça do cultivador estava um pouco desnorteada. Não entendia como uma erva como aquela poderia ter ocasionado um efeito tão grande para o corpo do mesmo, que era cultivado por muitos anos e mantinha uma proteção excelente. Realmente, Xia Ling era muito inteligente e sabia manipular os homens de uma forma que até os grandiosos cultivadores caiam em suas palavras tocantes.

Fai Chen tentou mexer suas pernas, mas por alguma razão, elas estavam pesadas, como se houvesse algo em cima delas bloqueando a realização de tal ação corporal. Sentindo isso, ele esticou seu braço esquerdo para entender o que se passava no seu colo e com um único toque sua mente já compreendeu. Seus dedos finos e gelados passaram delicadamente pelos cabelos de uma pessoa que estava deitada com o rosto em suas coxas. Logo essa carícia foi para o rosto e por causa do curativo na bochecha, o cultivador sabia que a pessoa que ainda estava dormindo em suas coxas era Hu Long.

No momento, Fai Chen não desejava acordá-lo, pois parecia que o assassino estava dormindo bem e não tendo pesadelos que poderiam perturbá-lo. Então, ainda acariciando, o cultivador deixou o jovem descansando. Mas, isso não durou muito.

Hu Long começou a mexer sua cabeça nas pernas do cultivador, virando-se, e em segundos seu rosto estava grudado à parte inferior do abdômen do rapaz acordado, deixando-o completamente vermelho e sem reações. O medo dentro de Fai Chen começou a despertar, pois se Hu Long se mexesse um pouco para baixo, encaixaria perfeitamente seu rosto na parte sensível do cultivador, que não estava nem um pouco preparado para aquilo.

"Hu Zhuang? Acorde...", Fai Chen disse delicadamente, a fim de acordar o outro homem logo, para que não houvesse algum tipo de acidente que o faria perder a face.

Contudo, como de costume, o destino de Fai Chen adorava brincar com suas emoções. Após ter dito tais palavras suaves para despertar o assassino, o mesmo acordou sonolento e abriu sua boca para bocejar. Sentindo que sua respiração estava extremamente próxima ao local que o cultivador preservou por tantos anos, sua mão esquerda foi direta para a testa de Hu Long e o empurrou de seu colo, afastando-o completamente do local que por essa noite havia servido como um possível travesseiro para o outro homem.

"Adorei o jeito de me desejar bom dia...", o assassino comentou, abrindo finalmente os olhos e piscando algumas vezes, tentando entender por qual motivo havia sido arremessado para longe de Fai Chen. "O que aconteceu? Eu estava em um sono tão gostoso, Cegueta."

O homem nervoso não respondeu de início, mas suas reações corporais fizeram com que o assassino se sentisse ainda mais confuso a respeito do que poderia ter acontecido. As orelhas do cultivador estavam vermelhas de um jeito que jamais Hu Long tinha visto acontecer antes.

"Cegueta? Você está com febre? Algo do tipo? Merda... Foi aquele vento gelado!", Hu Long se levantou do chão, esticando suas roupas que estavam um pouco dobradas e aos poucos, aproximando-se do cultivador, que se mantinha sentado. "Não há mais ninguém na cabana, não precisa se preocupar. Quer que eu mate algum animal e o cozinhe para você?"

"Não. Não é isso. Eu estou ótimo", a frase de Fai Chen, por mais que tenha sido direta, não saiu nem um pouco confiante.

"Está bem, vou fingir que acredito", Hu Long esticou sua mão direita para a testa do cultivador, tentando medir sua temperatura e realmente não havia nada de errado com seu corpo além das orelhas que, em pouco tempo, retornavam à sua cor original. "Já que você não quer tocar no assunto, por hoje, vou calar a boca. Mas... Cadê Xia Ling?"

The Cultivation of the GazeOnde histórias criam vida. Descubra agora