Capítulo 24 - O controle das sensações

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Esses pensamentos duvidosos de Fai Chen foram pausados quando Hu Long, ainda em suas costas, começou a murmurar baixinho, como se estivesse desconfortável por estar daquela maneira a tanto tempo. Sendo assim, o cultivador caminhou para onde seu olfato lhe trazia boas fragrâncias de perfume, no caso, sabonetes.

Em pelo menos quinze passos, chegou à toalete, no qual o dono da casa ainda estava preparando a água. Vendo que Fai Chen entrou no cômodo, o costureiro abriu um sorriso e pousou delicadamente pela última vez sua mão na água. Ela estava morna, um equilíbrio que seria bom para o corpo do assassino embriagado.

"A água está prontinha. Se precisar de alguma coisa, pode me chamar, está bem? Enquanto você cuida de Hu Long, vou preparar algo para bebermos e comermos, um lanchinho noturno!", Xiao Yan falou, tirando sua mão da água e secando-a com uma toalhinha. "É mesmo! Eu peguei um novo conjunto de robes leves para vocês dois. Então, quando Hu Long acabar de se banhar e ir para o quarto de hóspedes, pode vesti-lo com a primeira camada!"

"Muito obrigado, Xiao Yan", Fai Chen respondeu ao rapaz, que agora estava mais próximo a ele, chegando à porta para se retirar.

Após sua saída, o cultivador cessou o sorriso e andou lentamente para o meio do banheiro. Deixou carinhosamente Hu Long, ainda tonto, sentado em um banquinho baixo. Fai Chen adoraria poder tirar sua venda para ver melhor o que estava acontecendo com o físico do assassino, mas era arriscado demais. Então, deixando essa opção de lado, começou os cuidados mesmo vendado, o que não seria tão difícil, pois já estava acostumado a cuidar dos outros. Muitas vezes, durantes suas caçadas noturnas, quando as pessoas que estavam por perto se machucavam graças aos yaomos infernais, Fai Chen sempre tratava delas.

Com esse pensamento de suas boas ações passadas, endireitou sua coluna e sorriu confiante. De início, achava que não teria problemas em tratar de um homem como Hu Long, que uma vez já precisou de seus cuidados medicinais.

Por outro lado, de certa forma, a situação agora era completamente diferente.

Quando tocou de leve o hanfu feminino que ainda estava em cima dos robes comuns do assassino, a mão do jovem vendado passou a tremer levemente. Era como se cada toque faria o pobre cultivador entrar em pânico, dificultando assim sua tarefa, que poderia ter sido resolvida com a ajuda de Xiao Yan. Porém, por conta dos sentimentos confusos de Fai Chen, preferiu ficar a sós com Hu Long ao invés de deixar outro homem tocá-lo de uma maneira tão delicada.

"Eu consigo...", ele começou a murmurar para si mesmo, como uma forma de acreditar no seu potencial e deixar todas essas emoções novas de lado. E foi isso que fez.

Tentou, pelo menos.

Em pouco tempo, já tinha conseguido retirar o hanfu feminino de Hu Long. Em seguida, removeu os robes superiores e inferiores do mesmo, apenas deixado a calça branca em seu corpo. Fai Chen até pensou na possibilidade de tirá-la também, mas o despir completamente lhe causaria um imenso constrangimento e como Xiao Yan disse que lhes daria uma nova muda de roupas, não faria diferença molhar essa calça ou não.

Assim, com todo cuidado do mundo, o cultivador levou em seus braços Hu Long. Nunca havia pegado alguém daquela maneira tão carinhosa e que poderia ser considerada um ato até romântico. Ao imaginar uma realidade ligada a esse lado, suas orelhas queimaram, como já de costume quando pensava em algo desse tipo com o assassino. Mas Fai Chen se recordou que não pensaria nesses assuntos que poderiam afetá-lo ainda mais.

Aos poucos, foi colocando Hu Long na banheira de madeira e a partir do momento que a sua pele tocou a água, seus olhos se arregalaram. O assassino, já dentro da banheira, fez questão de apertar o braço direito do cultivador, que já estava se preparando para pegar o sabonete ali por perto.

The Cultivation of the GazeOnde histórias criam vida. Descubra agora