Capítulo 21 - Festival da Raposa III

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O cultivador estava encantado com tal homem. O Jovem Mestre Wei sorria para cada convidado que ia a sua mesa dar suas devidas reverências e gratidão pelo tratamento gentil. Seus cabelos acinzentados estavam bem penteados, duas mechas presas atrás, deixando-o com uma aparência mais benevolente, a qual sempre foi assim. Desde que Fai Chen criou um laço com esse homem em sua vida, ele percebeu que o mesmo sempre foi notado pela sua gentileza, bondade e delicadeza com os outros, até mesmo com os inimigos. Bem diferente de seu pai que, ao capturar adversários, realizava uma tortura psicológica que poderia fazer qualquer um arrancar suas próprias orelhas ao invés de ouvir suas palavras, que sugam a última sanidade restante na alma, na mente e no coração.

"Cegueta, quer um docinho? Peguei alguns bolinhos Chongyang e são um dos melhores que já provei! Prove também!", Hu Long apareceu do lado do homem que estava perdido em seus pensamentos, mas que logo, com a volta do assassino, voltou a prestar atenção apenas nele.

"Não estou com fome, mas obrigado", Fai Chen respondeu com um sorriso amistoso, para que Hu Long não ficasse chateado por ter negado sua boa educação em lhe servir doces.

"Nem um? Você tem que comer, não pode ficar por aí com a barriga vazia. Vamos, abra a boca."

Percebendo que o assassino não o deixaria em paz, o cultivador não viu outra opção e abriu seus lábios, sentindo em seguida um pedacinho do bolinho chegando em sua boca e indo levemente para sua língua. Fai Chen começou a mastigar o doce e Hu Long tinha razão. O doce era um dos melhores que também já havia provado.

"Cegueta, você sabe cozinhar esse bolinho?", Hu Long tinha comido mais um pedaço e agora estava esperando a resposta do maior.

"Creio que sim. Por que?"

"Faça para mim quando voltarmos?"

"Voltarmos?"

"Sim. Quando voltarmos para sua cabana depois de acharmos a deusa curandeira. Você pode fazer para mim?"

O cultivador inclinou o rosto, um pouco confuso e na verdade, sem palavras para o que acabara de ouvir. Ele achou muito engraçado Hu Long se auto convidando para voltar a cabana que morava a sós e ainda por cima, pedir para que cozinhasse um doce para o mesmo. Mas, também achou aquela atitude bem difícil de ser negada, já que tinha se acostumado com a presença do assassino em sua vida e ainda que suas ações causassem uma certa irritação, não conseguia imaginar seu caminho sem ele e suas palavras chulas.

"Comporte-se bem esta noite e se isso acontecer, posso pensar no seu caso", Fai Chen respondeu, levando sua mão direto para o rosto, pressionando seu indicador em seu queixo, como se estivesse pensando na possibilidade de isso acontecer, o que duvidaria muito.

"Claro, meu querido marido", Hu Long replicou, sorrindo travesso e pegando mais um bolinho.

"Hu Zhuang, do que você acabou de me chamar?", o mais alto o questionou, sentindo suas pernas ficarem um pouco bambas pela frase dita tão naturalmente.

"Acabei de te chamar de marido. Estou gostando de fingir ser sua companheira, por mais que seja uma piada."

"Como assim? O que é uma piada para você?"

"Cegueta, você já gostou de alguma mulher?", Hu Long indagou-o, comendo por fim o último pequeno bolinho em seu prato e suspirando de leve, olhando de lado para Fai Chen, que ainda mantinha uma postura firme.

"Não..."

"Você já quis alguma mulher?"

"Não... Hu Zhuang, por que está me fazendo essas perguntas?"

"Você já quis beijar alguma mulher?"

"Não. Acabou com seu questionário?"

"Pronto, Cegueta. Você já tem a minha resposta sobre a "piada" que mencionei", dessa vez, o sorriso que apareceu na face de Hu Long foi um malicioso e seus olhos brilhavam pela confirmação de seus pensamentos em relação a sexualidade do cultivador. "Não poderia haver uma mulher ao seu lado porque você não se interessa por elas."

The Cultivation of the GazeOnde histórias criam vida. Descubra agora