Capítulo 31 - O canto da Jiu Tou Nao

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Depois de uma semana na moradia de Xiao Yan, Fai Chen se sentiu um pouco desconectado da Natureza que o cercava. Estava andando com Hu Long acerca de dois dias sem parar para um único descanso. Para o cultivador, era comum não descansar, pois passou por diversos dias e noites sem pausas para si mesmo por causa da aniquilação de uma maior parte de yaomos que perambulavam pelas florestas que os jovens entravam a fim de caçar animais como futuro alimento. Mas, o que não achava "normal" era o assassino não demonstrar um pingo de cansaço no rosto.

"Hu Zhuang, você não quer descansar? Meu cultivo consegue preservar energia para meu corpo não se desestabilizar. Mas, e você? Como está se sentindo?", Fai Chen o questionou, andando mais lento a fim de conversar a respeito.

"Passei cinco dias ou mais fugindo do clã Hong sem nem sequer descansar. Eu aguento mais alguns dias. Por que? Está tão preocupado com seu marido?", o assassino respondeu em um tom irônico, abrindo um sorriso maroto enquanto diminuía sua velocidade também.

Fai Chen, ouvindo a pergunta final, não conseguiu segurar um sorriso leve e acabou o deixando à mostra. Porém, antes que pudesse responder "Sim, eu estou preocupado", um barulho diferente de passos humanos foi escutado pelos ouvidos sensíveis do cultivador, que mudou completamente seu rosto para um mais rígido. Rapidamente, puxou Hu Long para perto de si, colocou-o atrás de suas costas e ergueu sua espada. Um vento gelado entre os homens foi sentido, mas graças às suas roupas o corpo de ambos não sentiu tanto impacto por essa mudança temporal, que certamente tinha acontecido graças ao barulho misterioso.

"Hu Zhuang, você ainda tem suas facas?", Fai Chen perguntou, erguendo sua mão direita e desenhando no ar livre um símbolo do caminho da cultivação, Xiu Lian, com o propósito de criar uma camada de proteção entre eles.

"Claro, como poderia lhe proteger sem elas? Além delas, Xiao Yan também me entregou uma espada", Hu Long retrucou, tirando duas facas de porte médio de seu cinto preto que apertava sua cintura e também a espada. "De onde você acha que veio esse ar gelado?"

"Eu não faço ideia, mas não parece ser natural."

Após ter dito esse fato sobre a mudança climática, Fai Chen ouviu um barulho alto descendo dos céus e indo em direção a terra. O som era como se fossem asas batendo com uma força sobrenatural.

O cultivador engoliu seco e ativou a camada de proteção. Esse tipo de camada que criou parecia paredes enormes de gelo cristalizado, o que deixou o ambiente entre os dois homens menos preocupante.

"Cegueta... Não queria dizer nada, mas...", o assassino começou dizer, vendo a criatura que se aproximava.

"O que é? Uma ave gigante?"

"Você já ouviu falar de Jiu Tou Nao?"

"Claro, minha mãe contava essa lenda para a minha irmã. Mas... É só uma lenda para assustar as garotas e...", Fai Chen parou de falar imediatamente quando o som de um canto de interesse foi ouvido tão abertamente.

Esse canto, a vocalização da ave, servia para atrair a fêmea pelo mesmo, pois está diretamente ligado à sua necessidade de procriação. Nas lendas, Jiu Tou Nao era contada com o intuito de assustar as crianças para que não saíssem sem a autorização de seus pais, pois caso contrário a ave que tinha nove cabeças sequestraria principalmente as jovens meninas e as levaria para sua caverna, prontas para serem suas fêmeas até que fossem salvas.

"Impossível. Por que essa ave está nos querendo?", o cultivador pensou alto, pronunciando seu questionamento num tom que Hu Long escutasse e risse. "Por que está rindo?"

"Cegueta, você já parou para pensar que essa ave deve ter se confundido?"

"Como assim?"

"A atenção das aves sempre vai aos tons de cor. Roxo é uma cor que chama mais atenção do que preto. Então...", Hu Long não conseguiu finalizar a frase, pois seus risos ficaram mais altos.

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