The Cultivation of the Gaze

Capítulo 2 - A pele indestrutível

A noite estava um tanto agitada. Os animais estavam barulhentos, principalmente as corujas, que soltavam sons um tanto altos, possivelmente para chamar a atenção de alguma fêmea e iniciar o acasalamento. De qualquer maneira, até Fai Chen estava fazendo barulho, andando pela terra já pisada e graças a chuva da tarde, sujando um pouco suas botas de cano baixo.

Durante sua trilha, o cultivador decidiu seguir o som mais pesado da floresta, indicando a presença de seres vivos. Enquanto andava, soltava suspiros ao pensar se valeria a pena lutar contra algum espírito maligno ou salvar algumas pessoas em algum tipo de perigo. Esses pensamentos foram, imediatamente, cortados quando Fai Chen ouviu um barulho extremamente alto, bem próximo do mesmo. De início, estranhou, então chegou mais perto do local que vinha esse tipo de som, tão grotesco para a natureza, que não merecia algo do tipo.

Quando encontrou o ambiente barulhento, o jovem cultivador levantou um pequeno pedaço de sua venda, a fim de entender, de fato, o que estava ocorrendo.

"PEGUE ELE! ESSA MERDA DE YAOMO NÃO PODE CONTINUAR ENTRE NÓS!"

Fai Chen apartou um pouco seus lábios, surpreendendo-se com o que acabara de ver antes de arrumar novamente a venda em seus olhos. A visão que teve incluía um grupo de cultivadores, com homens mais velhos e alguns jovens no meio, e um imenso yaomo na frente deles. Esse yaomo era um dos comuns e não tão difíceis de eliminar. Esse fato poderia ser percebido graças as suas marcas principais no corpo, que lembravam um grande lobo, mas com diversos rasgos, deixando a camada da epiderme, quase por completo, amostra. Pelo yaomo tomar a aparência de um animal deformado já trazia um aspecto de feiura ao mesmo e, para quem vê, um certo nojo.

Aparentemente, nenhum deles tinha a grande habilidade de concentração de forças materiais. O jovem vendado, abriu um sorriso fraco, não sabendo como seria a reação dos mais sábios cultivadores ao serem salvos por um mero cultivador. Mas, felizmente, Fai Chen sabia muito bem como aniquilar esse yaomo de uma maneira até que simples.

O jovem, levantou seus dois primeiros dedos, o indicador e o do meio, da mão direita e com a mão esquerda, pegou sua espada. Os dois dedos, após recitar um versículo do cultivo de Xiu Lian, tocaram a espada e imediatamente, um som simbolizando o poder, foi escutado. Na noite tão barulhenta e cheia de caos, a espada de Fai Chen brilhava, como a luz da lua, querendo iluminar tudo que havia vida. E assim, o cultivador atacou.

Como um raio de luz, a velocidade dos movimentos do jovem era rápida demais para que os olhos nus dos outros homens cultivadores pudessem acompanhar e até mesmo, os do yaomo. Os yaomos, por serem seres de porte grande, não eram tão velozes, então a habilidade de Fai Chen resultou em grandes conquistas. A partir do momento que a espada tocou no corpo do espiríto maligno, em um único corte na barriga, o desfez no meio, jorrando um líquido preto na frente dos mais velhos.

"Esse merdinha consegue nos foder até morto!"

"Não reclame! Acabamos de ser salvos..."

O cultivador, que antes estava berrando palavrões sobre o yaomo, olhou diretamente para o jovem a frente deles, que estava recitando as palavras sagradas, a fim de que o espírito, por mais que fosse maligno, descansasse em paz. "Garoto, olhe para nós. Estamos falando de você."

Fai Chen se virou e assim que o cultivador boca suja viu a situação de seus olhos, vendados, soltou um riso de nervoso, percebendo a gafe que tinha cometido.

"Sinto muito, jovem. Não sabia que era cego. De qualquer maneira, em nome de todos, agradeço pela ajuda", o homem continuou, esperando que Fai Chen o respondesse.

"Não precisam agradecer", o cultivador vendado respondeu, colocando sua espada na bainha e repousando em sua cintura. "Estão todos bem?"

"Graças a você, sim", uma outra voz foi ouvida e dessa vez, era mais suave, bem diferente do cultivador anterior. "Como podemos agradecer da maneira certa? Precisamos saber o nome do homem que salvou nossas vidas! O colocaremos em nosso altar, pedindo aos deuses para lhe abençoar!"