You're in love I EDSER

Capítulo 4 - Eu preciso que fale.

Estava fazendo 3 dias desde que Serkan acordou, ele fazia fisioterapia como também sessões de fonoaudiologia para a fala, ele teve um avanço incrível. Ele já conseguia falar, com a voz rouca e lentamente, mas ele conseguia se expressar.

Eu não poderia ficar mais feliz.

Nós nos víamos 4 vezes ao dia, 3 rondas e uma sessão para eu limpar os seus curativos e seu corpo, já que ele ainda não conseguia banhar por si mesmo.

- Quer que eu tire sua barba? - Perguntei uma vez.

- Não, ainda não. - Ele respondeu com a voz rouca.

Não sei o que esperava que acontecesse quando ele acordasse, mas eu sentia que não era aquilo. Talvez, seria mais fácil conversar quando ele estivesse com a voz totalmente recuperada, talvez eu estava criando coisas na minha cabeça. Porém, eu sentia a conexão ali, principalmente quando ele olhava, seu olhar fixo tentando me entender parecia acender correntes elétricas que me faziam arrepiar por todo corpo. Mas eu não demonstrava, sempre postura profissional.

Quando assumi o plantão hoje, a fisioterapeuta Leyla pediu para que eu encorajasse ele a fazer mais movimentos, lavar o cabelo, tomasse água sozinho. Talvez alguns passos até o banheiro, ajudaria ele nos exercícios. A fono disse que eu deveria conversar com ele, ele se sentia envergonhado de perder a voz e eu tinha que fazer ele perder essa vergonha.

Fui para o seu leito assim que terminei de me arrumar.

- Bom dia. - Disse com a minha voz de enfermeira.

- Bom...dia. - Ele deu um meio sorriso.

Passei por todos os monitores, tudo sem alterações.

- Como foi a noite? - Olhei para ele. Como profissional, eu precisava demonstrar paciência. Serkan era um homem poderoso que teve sua vida completamente mudada depois da quantidade de tiros que ele levou, pelo que eu entendi, ele estava tendo dificuldades de aceitar a sua condição atual e retomar ao que era antes.

Mas ele seria como era antes?

- Bem...- Ele respirou. - Enfermeira...muito...legal. - A chama da curiosidade ascendeu.

- Sério? Quem?

- M-M-M-Melo....acho. - Eu tinha esquecido que a Melo estava de plantão de noite.

Me aproximei da maca, ficando ao seu lado esquerdo. Seu rosto estava desinchado, finalmente mostrando os machucados que foram feitos. Quem quer que fosse que deu os tiros, também o deu uma bela surra.

- Sabe...- Sorri. - Melo é uma grande amiga minha, vou ficar com ciúmes se você me roubar ela. - Brinquei, um dos papéis da enfermagem é descontrair um ambiente tão hostil como uma UTI. Gostava de fazer com que os pacientes esquecessem que estavam ali.

E com o Serkan, eu sentia que tinha que investir um pouco mais.

Ele riu, uma risada fraca. Como se ele quisesse rir mais, mas não conseguia.

- Preciso saber o que Melo fez com você, ela tem uma péssima mania de não preencher o prontuário. - Falei, omitindo a parte em que Melo preencheu todos os procedimentos feitos na evolução de Serkan.

Seria uma boa chance dele conversar.

Ele respirou fundo, sabendo que teria que se esforçar para falar.

- Limpou....meu rosto. - Ele apontou para os ferimentos, com as mãos um pouco trêmulas. Eu sorri, assentindo à informação. - Me....deu....r-r-r-remédios. - Ele respirou um pouco mais. - Não....me.....deu....banho.....mas....limpou....meus b-b-b-braços.....e.....pernas. - Ele respirou fundo mais uma vez, descansando.