Capítulo 11 - Você está com medo

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- Página 16

- "No seu planeta, disse o principezinho, as pessoas plantam cinco mil rosas em um jardim e não encontram o que procuram. Mas, o que procuram pode ser encontrado numa única rosa, num gole de água... - Serkan me olhava atento, com o olhar preso em mim. Parte de mim dizia que era pela atenção, mas aquele olhar também me causava arrepios, como se seu olhar queria dizer algo que ele não conseguia.

Ele desviou o olhar, se acomodou melhor na maca e sorriu.

- Perfeito. - Olhei rapidamente nos monitores atrás de mim para ver se algo estava incomodando ele.

Tudo estava estável.

- Sua vez. - Ele sorria, seus olhos começavam a relaxar com o sono da medicação vindo. Eu sorri para ele.

- Página 8. - Falei.

- "Silenciei o mundo para você falar. Você não consegue se ouvir muito." - Em minha mente vieram flashes dos últimos dias, como queria que Serkan falasse para ouvir sua voz, como me esforcei para passar um tempo a mais com ele. E quando falei para ele que ele não estava sozinho, que mesmo com tudo que ele passou, ele não precisava ficar sozinho.

Que ele tinha alguém para conversar.

Parecia que o trecho se encaixava perfeitamente.

Nossos olhares se encontraram e ele sorriu, seu olhar era de que entendia o que aquele trecho significava em nossa realidade.

- Sua vez. - Falei com um meio sorriso.

- Página 62. - Ele disse pensativo.

- "Até hoje, não encontrei a verdade em nada. Tive que julgar não por palavras, mas por atitudes. Como tudo estava lindamente iluminado ao redor. Eu não devia ter deixado ela sozinha." - Levantei meus olhos do livro e nossos olhares se encontraram, mesmo sendo a sorte dele eu entendia o que aquilo poderia dizer.

O meu redor começou a não importar mais, eu escutava os barulhos dos monitores, mas não tinha vontade de ver mais. Serkan estava em minha visão e só isso importava, a sensação que tinha era que, mesmo sem tocar, nossos corpos estavam em sincronia. Sincronia de sensações, sentimentos e percepção e mesmo sem ter o poder de telepatia, parte de mim sabia que ele sentia o mesmo, não era necessário palavras.

Todo o meu lado profissional estava amordaçado em minha cabeça.

- Sua vez. - Ele falou, sua voz estava mais lenta, seus olhos mais baixos. Ele lutava contra os efeitos da medicação e não dormir.

- Página 43. - Falei.

- "Esplendor não serve para nada. Diz-se que é um mau sinal para as flores. As flores são criaturas ingênuas, elas não sabem o que é ruim. Faça o possível para ser confiável, elas olham para seus espinhos e pensam que são fortes. - Em meu coração eu sentia que esse era mais pessoal, o flash agora foi de minha tia me chamando de flor e dizendo o quão importante é cuidar de uma flor para ela florescer e ficar mais forte para cada estação seguinte.

Porém, ao olhar para Serkan. Ele também parecia entender.

Ficamos um momento nos olhando. Seus olhos verdes eram as fontes das faíscas que sentia dentro de meu corpo. Foi bom contar para Serkan que, de alguma maneira, ele era especial e que eu me importava com ele, e saber que ele também sentia aquilo foi uma dose de felicidade dentro de meu coração.

Eu tinha que pensar em como seria daqui pra frente, contudo, nesse momento eu só queria ficar ali, presa em seus olhos verdes, demonstrando todo o carinho que sinto por ele.

Meu celular tocou, me trazendo de volta para realidade.

O efeito do remédio já estava dominando Serkan, pois ele não se assustou com o toque.

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