Capítulo 6 - Nada além disso?

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Passaram-se duas semanas desde que conversei com Serkan sobre ele não precisar estar sozinho. Nosso relacionamento entrou em um novo nível, além do enfermeira paciente, era um tipo de amizade onde um conhecia o outro. Sua voz melhorou cerca de 98%, em alguns momentos ele fica rouco e precisa respirar fundo, mas a maior parte do tempo a sua voz está normal, a fono considera recuperação completa, dizendo que ele vai ficar 100% com o tempo. A fisioterapeuta também disse que ele ficou mais animado com os exercícios, ele já consegue andar por um período de tempo e mover os braços, além disso sua respiração se recuperava além do esperado. Eu ficava feliz quando elas me contavam seu rendimento, tentava não ligar aquilo as nossas conversas, porém as duas me ligavam à melhora dele.

Em todas as minhas rondas, Serkan me contava alguma curiosidade sua, ele é alérgico a morangos, flores, curte carros velozes e relógios bonitos.

- Não é ser caro, é ser bonito para valer a pena. - Ele me explicou.

Contei sobre minha tia, minhas amigas e a floricultura dela. Ele disse que nunca visitaria pois sairia dali direto para uma farmácia comprar antialérgico. No momento eu ri, porém parte de mim doeu com aquela informação.

Com a evolução de sua voz, ele começou a me dizer suas preferências.

- Sr. Bolat...- Ele me cortou

- Serkan, por favor, me chame de Serkan. Não aguento mais você me chamar de Sr. Bolat. é formal demais.

Eu sorri.

- Pois me chame de Eda, não Enfermeira Eda. É formal demais.

Ele sorriu.

- Combinado.

Em um momento Serkan perguntou sobre os meus pais, eu disse que eles morreram em um acidente, não especifiquei. Ele disse que morou com a mãe alguns anos atrás pois ela tinha uma fobia, depois que seu pai fugiu para os países tropicais e ele procurou um apartamento.

- Como surgiu o sonho de ser policial? - Perguntei depois dele dizer que fala com o pai no máximo uma vez por ano.

- Como assim? - Fiquei confusa com a pergunta dele.

- Ser policial não era o seu sonho?

- Não estou entendendo o que quer dizer Eda.

E eu não estava entendendo porque ele não estava entendo. Fiquei alguns segundos pensativa, tentando fazer ele entender.

- Assim, eu sempre tive esse "dom"... - fiz aspas com as mãos calçadas de luvas, pois estava limpando as escoriações no rosto dele. A maioria de seus ferimentos externos já estava em fase final de cicatrização, somente o rosto dele precisava de limpeza por ser em uma área sensível. 

- ...de cuidar das pessoas, minha tia fala que eu sempre fui prestativa, altruísta e aí meus pais morreram e eu percebi que se eu pudesse, eu impediria as pessoas de morrer, para que seus entes queridos não sofram como eu sofri. - Me senti tão à vontade naquela conversa que só percebi que tinha falado o que falei quando Serkan me olhava preocupado.

-  Eda...- Eu o cortei.

- Estou bem. - Menti. - Saiu. - Dei uma risada sem graça, não deixando aquele assunto fluir.

- Mas é isso que quis dizer, que eu me achei na enfermagem, que virou o meu sonho. Não foi assim pra você?

Ele pigarrou a garganta, me perguntei se era pelo esforço de falar.

- Posso fazer uma pergunta? - Ele perguntou tímido.

- Não sendo referente aos meus pais. - Falei.

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