Capítulo 13 - Me conte algo que não sei

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- Serkan, não temos máquina de barbear. - Falei confusa, ele sentou na maca.

- Minha mãe trouxe, está naquela mochila no sofá. - Olhei para onde ele estava apontando e, no sofá de acompanhante, estava uma mala para viagem de tamanho médio preta.

Fui em direção a mala, abri o zíper e notei que a mãe de Serkan preparou a ela com tudo que ele precisava. Roupas, itens de higiene, livros e alguns biscoitos escondidos no fundo. Peguei os biscoitos, eram integrais, com ingredientes orgânicos e sem adicionais químicos.

- Olha, isso deve ser super saudável, mas você não pode comer nada que não esteja na sua dieta hospitalar. - Serkan bufou.

- Eu sei, não vou comer Enfermeira Eda.

- Obrigada Sr. Bolat. - Sorri enquanto falava.

A máquina de barbear estava em uma caixa em outro bolso da mala. Assim que a encontrei, fui ao banheiro e montei a máquina, deixando as peças separadas em ordem crescente pela pia. Dentro dessa caixa tinha uma pequena tesoura e um pente fino, imaginei que seria para ele cortar o cabelo, mas aí eu já estava me arriscando demais.

Como cabelereira eu sou uma ótima enfermeira.

Voltei para onde Serkan estava, ele já estava sentado, com a mão no suporte da bolsa de soro, suas pernas balançavam como uma criança esperando sua vez na escola. Outro sorriso surgiu em meu rosto com a similaridade.

Quando olhei para ele, ele também estava sorrindo.

- Vamos? - Falei, pegando em sua mão.

Serkan ganhava força a cada dia com a fisioterapia, porém, em alguns momentos ele tinha espasmos musculares onde perdia a força e, dependendo de como estava, ele podia cair e eu não queria que isso acontecesse.

Ele assentiu e pegou em minha mão, fomos em direção ao banheiro em marcha lenta, mas ainda era rápido para o que eu imaginava que ele estava andando, outro sorriso surgiu em meu rosto.

- Ei, olha como está andando rápido! - Falei, minhas palavras saíram cheia de alegria. Não só por ser Serkan, sim por ser meu paciente que estava se recuperando.

- Está orgulhosa? - Ele disse rindo.

- Muito! Daqui a pouco está correndo.

- Só irei correr no dia que estiver ao meu lado.

- Serkan...- Eu o repreendi por estarmos em meu local de trabalho, mas a ideia de correr com ele por ai, principalmente quando eu estou acompanhando toda a trajetória dele, era ótima.

- Eu sei. Já parei. - Ele sorriu e eu pude ver que ele mostrava compreensão. Era mais fácil agir com ele quando ele tinha noção da minha situação.

Estava direcionando ele ao vaso sanitário, para que ele pudesse sentar, quando ele fincou os dois pés no chão e se encostou na pia. Mesmo com toda a força que Serkan perdeu, ele ainda era mais forte do que eu.

- Quero ficar em pé. - Ele anunciou depois que eu desisti de empurrar ele.

- Tem certeza?

- Tenho, passo o dia deitado ou sentado, sinto meu corpo pedir para ficar em pé todos os dias. - Compreendi seu pedido.

- Tudo bem.

- Eu consigo, confia em mim. - O pedido dele foi simples, mas meu coração recebeu de uma maneira mais singela. Como se Serkan estivesse pedindo mais de mim, que eu pudesse ficar mais confortável ao lado dele.

Se ele soubesse a vontade que eu tinha, mas o medo de perder meu emprego era maior.

Eu somente assenti, coloquei o cabo da máquina na tomada, ele apontou para o cabeçote que usava e eu encaixei.

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