Capítulo 18 - Não diga isso

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Dirigir para a casa de Piril foi difícil, minha cabeça jogava flashes daquela noite, de momentos de Engin estranho, dizendo que estava sentindo algo. Era como se minha própria mente me culpava pelo ocorrido.

E eu acreditava.

Quando estacionei, ela apareceu na porta, a Piril com roupas finas e sempre elegante foi substituído por uma Piril simples, ela vestia um vestido azul de cetim, tinha arrumado o cabelo. Eu me aproximei, sorrindo, tímido, meu coração acelerado, meu peito doía e eu comecei a orar para não passar mal ali.

"Aguentem, por favor, eu preciso que aguentem." Pensei para meus pulmões, respirei fundo, tentando me concentrar, meu pulmões pareceram me ouvir e voltaram a funcionar. Porém Piril percebeu e correu em minha direção.

- Serkan! - Ela gritou, quando se aproximou, colocou seus braços em volta de mim, me segurando. - Você está bem?

- Estou. - Respondi, respirei fundo mais vez. - Eu só estou me acostumando, preciso de um minuto.

Piril assentiu, via a preocupação em seu rosto, ela me ajudou a entrar dentro de sua casa. Parte de mim me fez sentir mais culpado, além de matar seu marido eu estava sendo carregado por ela.

Dentro de casa, Piril me levou para a sala, a grande TV onde Engin costumava assistir futebol gritava sua presença. Na mesa de centro estavam bandejas de frutas, queijos, petiscos em geral, uma jarra de suco e outra de água. Quando ela me colocou no sofá eu percebi que ela estava maquiada, mas se olhar por um momento a mais, conseguia ver os olhos inchados do choro.

Meu peito doeu de novo.

Piril arrumou o seu vestido, ela estava sem graça. Não sabia como agir.

- Eu fiz isso para te receber. - Ela disse apontando para a mesa, com um sorriso receptivo.

- Obrigado Piril, eu não mereço. E sobre me ajudar, obrigado, meus pulmões ainda estão se acostumando. - Omiti a parte do "emoções fortes", pois me deixava mais ansioso e eu só queria resolver aquilo.

Piril se sentiu no outro sofá, me ofereceu água e eu aceitei por educação.

- Claro que merece, você acabou de sair do hospital. - Ela dizia enquanto colocava água nos copos, eu bebi. Mesmo com a dificuldade de respirar, a água foi bem recebida, como uma forma de acalmar meu corpo.

- Por favor, não diga isso.

- Serkan. - Ela me repreendeu. - Sua mãe me contou sobre sua culpa, saiba que eu não o culpo, o que aconteceu com Engin foi algo de seu trabalho, eu sabia que podia acontecer e ele também. Então, por favor, você pare com isso. - Uma pontada de felicidade apareceu em meu coração, Piril quando ficava muito nervosa começava a falar muito rápido, era um aprendizado aprender a entender o que ela queria dizer em momentos como esse, e saber que ela não mudou este ponto de sua personalidade me deixou feliz.

- Me deixa te contar o que eu lembro. - Sussurrei, em uma tentativa de conseguir me explicar e porque eu me sentia daquele jeito. A pequena felicidade foi embora e a culpa assumiu de novo.

- Conte. - Ela respondeu depois de muito tempo.

- Eu não me lembro de como aconteceu, eu sonho...- Neste momento as minhas palavras sumiram, minha garganta foi tomada por uma bola, as lágrimas desceram sem eu tentar impedir. Respirei fundo de novo, tentando limpar a garganta, e então o choro veio.

Foi a primeira vez que consegui chorar com sinceridade, eu sempre prendia por medo de alguém ver, mas agora eu não tinha mais essa vergonha. Estava chorando com a pessoa certa. Levantei minha cabeça e Piril estava em postura ereta, com as mãos em cima de suas pernas, ela estava quieta, mas as pequenas lágrimas também desciam.

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