The Gipsy

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Van Orsdel

Enquanto velava o corpo de sua esposa, Lauren recebia a visita e o consolo de diversos amigos íntimos e de alguns familiares que foram até o salão prestar a última homenagem a Desiré. Ela estava extremamente abatida e imersa em uma profunda tristeza, e todos sentiam o seu coração partir enquanto a viam naquela situação sem poder fazer nada para ajudar. Nenhuma palavra ou demonstração de apoio seria suficiente para amenizar a dor que ela estava sentindo, e aquela dor perduraria por muito tempo e, quiçá para o resto de sua vida.

Ela estava inconformada e não achava justo uma partida tão repentina, sem ter tido a chance de ao menos lutar para evitar que aquela tragédia viesse a acontecer. Foi pega de surpresa assim como sua própria esposa e não teve tempo para agir e assegurar que ela ficaria bem. Também mantinha-se preocupada com Dinah, que àquela altura encontrava-se no centro cirúrgico, prestes a receber o coração que bateu tão forte por ela durante anos, e que agora bateria para salvar a vida de sua amiga.

Quando o velório aproximava-se do fim para então darem início à cremação do corpo, ela recebeu a visita de Normani, que ainda não havia feito-se presente, pois necessitou de um descanso breve para manter-se firme ao lado da tradutora e também ao seu.

— Mani, muito obrigada por vir!

Emocionada, ela abraçou a amiga fortemente e permaneceu naquele aconchego por alguns segundos, enquanto Normani proferia-lhe palavras de consolo.

— E Dinah, como está? Tem notícias sobre ela? Estou tão preocupada e apreensiva.

— O Will me disse que até agora nenhum médico ou enfermeiro apareceu na sala de espera. Eles devem estar chegando ao final da cirurgia, e eu vou aguardar o término da cerimônia para depois ir direto ao hospital.

— Me deixe ir com você, por favor! Eu preciso vê-la, me assegurar de que tudo correu bem.

— Acho melhor não, Lauren. Você precisa descansar agora. Assim que a cirurgia terminar eles levarão a Dinah para a UTI, acho que nem conseguiremos vê-la de imediato.

— Mani, preciso ter a certeza de que ela ficará bem de fato! — A mulher mostrava-se inquieta e preocupada. Estava atormentada com toda a situação e aquilo preocupava Normani.

— Olha, eu prometo que assim que tudo terminar, te ligarei em seguida para passar todas as informações, está bem?

— Tudo bem, então. — Conformou-se, triste.

— Você está muito cansada, e voltar para aquele hospital agora só te traria lembranças do ocorrido.

— De qualquer maneira elas não saem da minha mente, Mani. Sinto que posso ficar louca a qualquer momento.

— Não! Isso não acontecerá porque estaremos todos ao seu lado! Assim que tudo terminar, vá para a casa de seus pais e tente descansar. Isso te fará bem e, dessa forma, terá mais condições de visitar Dinah em uma outra oportunidade.

— Você tem razão. Eu só atrapalharia agora, caso fosse ao hospital. Não ajudaria em absolutamente nada.

— Muito pelo contrário, Lauren. Sua presença alegraria muito a Dinah, mas neste momento temos que nos preocupar com você também. Prometa que tentará ficar bem, sim?

— Tentarei, Mani. Mas sei que será difícil.

Enquanto conversavam, Michael se aproximou de Lauren para informá-la de que a cremação teria início naquele momento.

— Minha filha, é chegada a hora. — Com profunda tristeza, ele a comunicou.

Lauren apenas assentiu e, com os olhos brilhando em lágrimas, buscou no abraço de Normani um amparo para a tamanha dor que sentia em ter que despedir-se pela última vez da mulher que tanto amava. Naquele momento era como se o chão tivesse desabado abaixo de seus pés e ela caído em um profundo desgosto da vida. Aproximou-se do caixão de madeira lustrosa e retirando do rosto de Desiré o véu translúcido que a cobria, depositou um beijo carinhoso em sua testa, e observou sua face pálida e completamente sem vida.

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