FRUTA PROIBIDA

Three

Bacardi, quinta-feira, 16:30 PM.

— O que você acha do Toro Toro? — Lauren perguntou a Desiré, enquanto vasculhava uma lista de restaurantes de Miami, sentada confortavelmente à mesa de seu escritório.

— Amor, não precisamos dar esse jantar em um restaurante. Ainda prefiro a casa dos seus pais ou... — Foi interrompida por Lauren, que já estava de pé ao seu lado, frente à grande janela com vista ampla para os prédios gigantescos.

— E que tal o Capital Grille? — Ela insistia, e quando enfiava algo na cabeça, era praticamente impossível fazê-la mudar de ideia.

— Lauren?! — Exclamou, brava, notando que o que dizia para sua noiva não surtia efeito, e que ela mantinha intacta a ideia de que dar um jantar em um restaurante para familiares e amigos, no intuito de comunicar a nova data do casamento, seria a melhor opção para um dia tão especial.

— Santorini! Me lembro bem do quanto você gostou da comida deste lugar. — Ela estava radiante e naquele ponto já havia se decidido. Não queria contrariar Desiré, não era algo provocativo, mas tinha a necessidade de tornar inesquecíveis todos os momentos ao lado de quem tanto lhe fez falta ao decorrer dos anos.

— O seu pai gosta de comida grega? — Questionou, com expressão duvidosa, após dar um grande gole no café cremoso que tomava.

— O meu pai gosta de comida, Desi. Se é grega ou não, é o que menos importa pra ele. — Deu de ombros, fazendo Desiré rir do modo como falou do próprio pai.

Narrador:
Enquanto conversavam de forma descontraída após o término da penúltima reunião com os membros da sociedade empresarial, Lauren e Desiré foram interrompidas pelas batidas repentinas na porta do escritório, o que as fizeram se manter em silêncio para que a pessoa do outro lado pudesse se comunicar.

— Entre, a porta está aberta. — Proferiu Lauren, que após o silêncio durante alguns segundos, permitiu a entrada daquela visita. A mesma retornou para a sua posição anterior e sentou-se de maneira alinhada em sua poltrona macia e aconchegante.

— Dona Lauren, devo cumprimentá-la e parabeniza-la pelos novos avanços! — Disse o rapaz, ao adentrar calmamente no cômodo espaçoso. — Senhorita Benoist, é sempre muito bom vê-la. Devo dar-lhe as boas vindas! — Estendeu a mão para Desiré após aproximar-se da mesma, que sorriu-lhe gentilmente e retribuiu o cumprimento.

— Fico feliz em vê-lo novamente, Peter! Bom, deixarei vocês a sós. — Desiré despediu-se, indo em direção à porta. — Lauren, estarei em minha sala para caso precise falar comigo, até logo! — Lançou-lhe uma piscadela para então sair dali, recebendo de Lauren um breve aceno de cabeça. Esta se mantinha séria em sua posição, e apontou para a cadeira à sua frente, para que o jovem rapaz pudesse se sentar.

— E então, Peter... alguma bomba para que eu tenha que apagar o seu pavio em chamas? — Sorriu, observando a pilha de documentos que o rapaz segurava nas mãos.

— Nada que a senhorita não consiga resolver, dona Lauren. — Colocou os papéis sobre a mesa de sua chefe. — Essa documentação precisa ser assinada e conferida antes que o representante da Essel retorne para a Índia. — Selecionou um dos papéis e entregou nas mãos de Lauren, que passou a observá-lo com atenção. — Este, por exemplo, trata-se de uma das licenças que permitem o início da instalação da sede em Miami. Está quase tudo pronto.

— E o que falta? — Questionou-o, olhando-lhe fixamente nos olhos. O rapaz desconcertou-se, gaguejou para falar, pois o olhar de Lauren intimidava qualquer ser humano vivo.