Two

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Seven Hills Hospital
Quinta-feira, 17:30 PM.

A voz masculina comunicou-se através dos alto-falantes internos: Convocamos a médica plantonista do 3º setor para uma emergência ao 9° pronto-socorro A3-C8. Repito, convocamos a médica plantonista do 3º setor para uma emergência ao 9° pronto-socorro A3-C8.

Narrador
A médica e diretora do hospital encontrava-se em seu consultório, em mais um de seus cansativos e intermináveis plantões, e lia casos e prontuários de seus pacientes com extremo afinco. Não imaginava, enquanto imergida em seus afazeres diários, que encontraria-se diante de um caso de extrema urgência naquele estranho e pacato final de dia. Ao ouvir o chamado de emergência pelos alto-falantes, deixou toda a papelada que tinha em mãos sobre a mesa e rapidamente comunicou-se com a equipe do 9° pronto-socorro através do radiocomunicador.

— Atenção, solicito retorno imediato da equipe médica do 9° PS/A3-C8. — Solicitou de forma direta e enérgica, a fim de obter informações sobre a emergência em questão, para que pudesse se preparar de acordo com a necessidade exigida.

— Positivo, doutora. Temos uma emergência no terceiro setor. Paciente apresenta sinais de infarto tipo 5, deverá ser avaliado para iniciarmos o tratamento imediatamente.

— Submeta o paciente a um EGC. Solicito Troponina l e Troponina T cardíacas. Quais são os sintomas que o mesmo relata? — Respondeu, enquanto munia-se de todo o material necessário para a execução de seu trabalho, já prevendo o tipo de intervenção médica que deveria ser feita.

— Ele relata fortes dores no peito, grande dificuldade para respirar e em seu histórico médico consta uma recente angi... — Ouve-se uma grande agitação no pronto-socorro e o profissional é interrompido. — Doutora, o paciente acabou de ter uma PCR. Preciso encerrar a comunicação! — Ele finaliza o contato e após o bip a médica apressa-se e sai em passadas largas de seu consultório.

A doutora caminhou pelos corredores com o máximo de rapidez que poderia ter, passando por outros profissionais de saúde com extrema maestria, pois era de seu costume enfrentar casos de emergência e locomover-se com agilidade nas extensões do gigantesco hospital em que realizava o seu tão amado trabalho. Desviava de pessoas que vinham em sua direção e de outras que poderiam atrapalha-lá caso ela não fosse tão eficaz, e foi de encontro ao elevador com toda sua paramentação pessoal necessária.

Após chegar em seu andar de destino, deixou o elevador focada em seus rápidos passos para que nada pudesse atravessar o seu caminho. Checou seu relógio de pulso rapidamente durante poucos segundos e logo voltou sua atenção para a grande porta do pronto-socorro que surgiu em sua frente, para o seu grande alívio. Entrou afoita cômodo adentro e se deparou com enfermeiros ouriçados em decorrência da gravidade da situação. Cada um em sua determinada função, na tentativa de reanimar o jovem homem de apenas 28 anos de idade que acabara de ter uma parada cardiorrespiratória.

— Doutora, ele acabou de ter uma PCR, como eu havia lhe dito pelo radiocomunicador. — Disse o jovem enfermeiro, que aproximou-se assustado da médica após a mesma se fazer presente no local.

— Mantenham a calma e continuem realizando as manobras de ressuscitação cardiopulmonar com as compressões cardiotorácicas. Preparem o desfribilador e mantenham-o na carga máxima! — Ordenou em alto tom, para que toda equipe pudesse ouvi-la. Os mesmos consentiram aos comandos e aliviaram-se após notar a presença da médica entre eles. Ela os passava segurança em momentos críticos onde era extremamente fácil sentir impotência. — Qual é o histórico do paciente?

— Ele passou por uma angioplastia coronária há pouco tempo, doutora. E também possui uma alimentação muito pesada desde a adolescência. — Respondeu, com grande tensão, enquanto secava o suor que umidificava toda a região de sua testa.

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