Vejo-te

1.5K 101 125
                                    

O dia havia raiado há pouco tempo, e Karla já estava pronta para deixar sua casa e ir em busca da pessoa que poderia sanar as suas dúvidas e preocupações. Depois de tomar um bom banho, vestiu-se e perfumou-se como de costume. A capa de jornal estava perfeitamente dobrada e guardada em sua bolsa. Aquele pedaço de papel seria fundamental para ilustrar a surpresa que havia tido na madrugada. Prudente, tratou de certificar-se sobre o paradeiro de Verônica que, provavelmente, àquela altura estaria a caminho do hospital. O plano de Karla era sair antes de sua irmã para que ambas não encontrassem-se seguindo para o mesmo destino. Em passos milimetricamente calculados e em silêncio, saiu descalça do quarto e seguiu assim até a porta de saída para não emitir nenhum ruído enquanto sua família ainda dormia, mas tratou de apressar-se porque eles estavam prestes a acordar. Ao chegar no jardim, deparou-se com o motorista já a postos e questionou-o sobre a situação das vias e da cidade após o assalto ao caminhão de ópio.

— Supra bhaat, Abhay! — Deu-lhe bom dia de forma simpática. — A polícia conseguiu controlar as coisas lá fora?

— Supra bhaat, senhorita Essel! Ji-ham! Está tudo calmo pelas ruas, mas, ainda precisaremos ficar em alerta para o caso de um novo ataque. No entanto, é possível retornar às atividades cotidianas sem nenhum problema.

— Atchá! Fico muito contente por saber. Preciso ir até o Seven Hills agora. Acha que conseguiremos chegar até lá com facilidade? — Estava inquieta. Queria ser o mais rápida e discreta possível.

— Haan! — Confirmou. — É claro que sim.

— Então, tchalô, vamos!

O homem prontamente atendeu-lhe e acompanhou-a até o carro. Após isso, abriu a porta e ajudou-lhe a se acomodar. Em seguida, selecionou a música do desejo de Karla e guiou o automóvel para o exterior daquela área da mansão. Ally, que havia acabado de acordar, caminhou até a varanda e pôde observar o momento em que Karla entrava no veículo. Com os olhos semicerrados, mantinha-se pensativa sobre a saída intrigante da irmã àquela hora do dia. Tratou de retornar para o quarto e assim pôde se preparar para mais um dia de trabalho, embora naquela manhã não tivesse a necessidade de chegar tão cedo, ela tinha o hábito de acordar para venerar a alvorada assim como seus pais, que também já haviam despertado e preparavam-se para iniciar a rotina. Antes de sair de seu quarto, ela tratou de abrir a pequena caixa que Kabir havia dado-lhe no jantar.

— Are, uma Jadeíte! — Os olhos de Ally brilharam ao ver a pedra esverdeada reluzindo na caixa. Junto a ela havia um pequeno bilhete e ela o pegou para ler.

"Assim como esta Jadeíte, você é muito preciosa, e trouxe paz e amor para a minha vida, por isso, pedi para que abrisse a caixa apenas durante o amanhecer, para que começasse o seu dia sabendo o quanto és importante para mim. Espero que tenha uma manhã tão linda quanto esta peça que foi lapidada e polida especialmente para ti. Eu tenho muito amor por você.

Kabir Ambani".

— Karla achará isso tão antiquado caso eu mostre para ela. — Gargalhou, mas tinha os olhos cheios de lágrimas.

Sinuhé apressou-se para orientar as funcionárias acerca do café da manhã. Salientou que havia uma hóspede e pediu para que as cozinheiras não pesassem tanto a mão nos temperos, afinal de contas, imaginou que Lauren não tivesse um estômago habituado o suficiente com a dieta indiana para ser capaz de digerir uma alimentação tão pesada logo pela manhã. Enquanto tudo estava sendo preparado, o cheiro dos alimentos percorria por todos os cômodos da casa e de dentro do quarto, enquanto estava prestes a sair, Ally respirou profundamente e reconheceu o cheiro da torrada de banana com pimenta que tanto amava.

— Arebaguandi, o dia de hoje pede para que eu tome café em casa! Não conseguirei ignorar este cheiro dos Deuses! — Proferiu, enquanto salivava.

FRUTA PROIBIDA Onde histórias criam vida. Descubra agora