Sementes

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O silêncio da manhã foi quebrado pelo estridente som do despertador. Dia dezesseis de novembro, marcava o lembrete contido no alarme. Uma data decidida para que a reunião mais importante da junção entre Essel Group e Bacardi pudesse acontecer. Keana levantou-se da cama em um salto repentino e tratou de correr até o banheiro para banhar-se o mais rápido que pudesse. Ela tinha a árdua missão de fazer com que Lauren não se atrasasse, além de, claro, traduzir tudo que fosse dito entre os líderes da empresa. Lucy consequentemente foi acordada pelo beep ensurdecedor que ecoou no quarto e ficou assustada com a movimentação de sua colega, o que a fez ter o peito saltado em uma respiração ofegante e o coração disparado fortemente pela adrenalina. De maneira mecânica e sem que a mesma percebesse, ela foi até a porta do banheiro, que estava aberta, e tratou de certificar-se de que ninguém havia morrido.

— Está louca ou o quê? — Falava em tom elevado, pois a queda d'água do chuveiro dificultava o diálogo entre as duas.

— Só estou correndo contra o tempo, Lucy. E você deveria fazer o mesmo. Espero que não tenha se esquecido do nosso compromisso mais importante nessa viagem. — Respondeu também em voz alta.

— Não, eu não me esqueci. Mas você se levantou como alguém que estivesse indo tirar a própria mãe da forca. — Àquela altura ela já estava mais calma.

— É bem pior que isso. Eu preciso me arrumar e depois acordar a Lauren. — Ambas gargalharam.

— Boa sorte, senhorita. Espero que consiga.

— Não quer vir tomar o seu banho para que possamos adiantar as coisas? — Sugeriu.

— Você e essa sua mania de me convidar para tomar banho. — A jovem revirou os olhos enquanto escovava os dentes frente ao espelho do banheiro.

— Eu sou prática, e pessoas práticas pensam com praticidade. Gostaria de te ver pronta ao mesmo tempo que eu também estiver, para ter a certeza de que tudo correrá bem.

— Isso só dependerá da Lauren. Torça para que ela esteja de bom humor, humor este que suponho que esteja péssimo, porque ela não queria participar desta reunião. — Cuspiu o creme dental e enxaguou a boca.

— Você é muito pessimista, Lucy. Talvez ela esteja melhor do que possamos imaginar.

— Eu aposto que não. — Desafiou-a, enquanto secava a face com a pequena toalha de rosto.

— E eu aposto que sim. O que está em jogo para você? — Keana rebateu e instigou Lucy, que sendo uma competidora nata aproveitou-se da oportunidade.

— Se você perder, terá que organizar os meus formulários durante uma semana na Bacardi. — Sorriu, tendo total certeza de que levaria a melhor.

— E se você perder, Lucy, eu terei o direito de te pedir o que eu quiser em troca da sua derrota. — Tinha uma expressão maliciosa na face, mas Lucy não podia ver através do boxx.

— Não é bem assim. — Recuou.

— Então está com medo de ser derrotada? — Adorava provocá-la, e ela caia em seu jogo.

— Medo? — Lucy repentinamente abriu o boxx e em meio à cortina de fumaça que só deixava o rosto de sua colega à vista lhe foi direta, olhando em seus olhos. — Por Deus, Keana. Eu não tenho medo de nada. A aposta está feita. — Deu as costas e voltou para o quarto, enquanto Keana continuou seu banho em meio à sorrisos.

Na mansão da família Essel, todos já estavam reunidos na sala de refeições e tomavam um belo café da manhã, menos Ally, que àquela altura já encontrava-se no hospital a todo vapor. Hari, Sinuhé e Karla conversavam em grande felicidade e harmonia, e o homem não deixava passar despercebida a ansiedade pela reunião e o contentamento que tinha por saber que sua filha finalmente estaria à frente de um negócio tão grandioso quanto aquela filial.

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