Capítulo 4

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AUDREY

Acordo assustada no hospital desconhecido. Vejo Peter encostado na poltrona de acompanhante com um semblante cansado e visivelmente preocupado. Seu rosto mostra olheiras, sua camisa com as mangas arregaçadas.

Suspiro de alívio por um lado por perceber que ele ainda não descobriu nada, por outro lado me irrito por não ter concluído o casamento. Mas ao ver a vadia da Wanessa na porta da igreja, mexeu com a minha mente ao ponto de mexer com a minha saúde.

— Ainda bem que acordou meu bem. Eu estava muito preocupado... — Peter diz se erguendo da poltrona e vindo em minha direção.

— Eu não sei o que aconteceu direito... Só lembro de chegar na metade do altar... — Disse fingindo confusão para pescar algo.

— Você sofreu um desmaio. Tivemos que te trazer as pressas para o hospital. Ligamos para o doutor Suzano e ele pediu para o hospital mantê-la no soro até a chegada dele porque aqui não tem recurso para o seu tratamento.

— Meu Deus! Eu arruinei nosso casamento na igreja! — Eu disse sinceramente triste. Peter suspirou apanhando minha mão que estava sem O acesso e abriu um pequeno sorriso tranquilizador.

— Não se importe. Teremos outra chance para nos casar na igreja. Por enquanto, vamos cuidar da sua saúde... É o mais importante. — Assenti dando um longo suspiro.

— Eu sei porque eu desmaiei... — Peter franziu o cenho e antes que ele dissesse algo eu terminei. — Antes de entrar na igreja, eu vi a Wanessa. — Peter se endireitou colocando as mãos nos bolsos da frente da calça e bufou.

— Oh sim. Agora eu entendi. — Ele disse duramente e lembrei das palavras de Wanessa. De qualquer forma ela contaria sobre o filho...

Seria melhor eu contando na minha versão fazendo com que Peter sentisse mais raiva de Wanessa ao achar que ela jamais contaria sobre o filho...

— Tem uma coisa que você precisa saber... — Antes que eu pudesse terminar, fui interrompida com a chegada do doutor Suzano em meu quarto.

— Boa noite senhorita. Vejo que acordou melhor! Acho que foi o remédio que eu trouxe! — 0 doutor Henrique Suzano sorriu para mim e eu sorri de volta. Peter sorriu aliviado.

— Que notícia ótima! — Peter disse e eu assenti.

— Exatamente. Por esse motivo, vim pedir ao senhor que vá jantar... Eu vou cuidar da paciente e você já está aqui a tanto tempo. Em breve a cantina irá ser fechada. — Doutor Henrique disse. Peter me encarou como se esperasse uma confirmação minha e então eu dei.

— Vai meu amor... Pode ficar tranquilo. Estou em boas mãos. — Peter assentiu e se retirou. Assim que a porta se fechou, Henrique correu para ver se Peter havia se retirado mesmo.

— Audrey... Seu exame de sangue teve uma melhora significativa. — Assenti.

— Ninguém pode saber disso. Pra todos os efeitos eu tenho leucemia e não mielodisplásica.

— Sabe que eu tô arriscando minha CRM por isso, não sabe? — Rolei os olhos e suspirei.

— Sei sim, mas é para isso que te pago uma fortuna. Para manter essa doença que não existe em mim. -0 doutor Henrique ajeitou os óculos e assentiu.

Ainda não tem, mas o mínimo de cuidado e a mielodisplásica pode virar uma leucemia. Continue se cuidando às escondidas. Bom, agora preciso ir para levar esses resultados falsos seus e trocar pelos que foram feitos no hospital para ninguém descobrir a farsa. — Assenti e Henrique se retirou.

Assim que ele fechou a porta, soltei um suspiro aliviada. Desde que Wanessa foi embora, eu me aproximei ainda mais de Peter, o que me fez apaixonar cegamente por ele e eu estava e estou disposta a lutar por esse amor. Até que um dia comecei a me sentir muito mal e descobri essa doença. É uma doença grave, mas não tanto quanto leucemia. É considerado um tipo de câncer e uma doença extremamente rara (muito mais fácil dar em idosos) que pode sim chegar a virar leucemia se não descoberta a tempo. No meu caso, como descobri logo no início tenho chance de cura. 0 médico me deu um prazo para me curar e enquanto isso uso da minha doença para ter a compaixão de Peter para mim. Eu sei, é jogo baixo, mas foi a única forma que eu encontrei para ter a total atenção e paixão de Peter. Enquanto eu puder jogar com isso, eu jogarei.

Por sorte encontrei um amigo da antiga faculdade e ele me contou que tinha um amigo que burlava resultados de exames... Eu pedi o contato e hoje pago um bom dinheiro para Henrique manter esse teatro que eu estou com leucemia. Nem mesmo minha família sabe dessa farsa. E logo agora que eu ia me tratar para curar e formar uma família feliz ao lado de Peter, essa maldita Wanessa volta dos infernos e com um filho nos braços. Mas ela não vai conseguir me tirar o Peter...

Nós nos casamos e Peter morre de nojo e desprezo dela como que ela fez o que é ponto para mim...

WANESSA

Chego em casa cabisbaixa. Tudo deu errado. Vejo Léo saindo do meu quarto com um sorriso no rosto.

— Já chegou? Acabei de colocar o Tavinho pra dormir. Brincamos até ele cansar. — Dei um sorriso sem vontade e assenti. Logo o semblante de Léo mudou.

— Que bom.

— 0 que houve minha deusa? Deu tudo errado? — Assenti suspirando.

— Exatamente. Descobri que o homem da minha vida me odeia, que se casou e estava prestes a se casar na igreja, a mulher dele era minha melhor amiga, ela está com leucemia e nisso tudo, nem deu para contar a ele que ele é pai. Quer mais? — Léo ficou boquiaberto e meneou a cabeça.

— Omg! Que merda! E agora?

— E agora? Que eu não desisti de nada. Peter ainda vai saber que tem um filho e eu não vou desistir dele.

— Meu Deus! Wanessa, cadê a compaixão? Você disse que a tal mulher tem leucemia... — Dei de ombros e assenti.

— Pois é. Mas Peter era meu. Ela o roubou de mim, se meteu no nosso amor quando...

— Ai, desculpa amiga. Você sabe que eu sou um gay sincero. Ela não se meteu em nada. Você que abandonou o bofe e ela só fez o trabalho de consolar...

— Mas ela era minha amiga.

— Quando vocês estavam juntos ela desrespeitou isso?

— Não, mas deu entender que estava sim se interessando nele.

— Então pronto. Ela se interessou, mas não avançou. Óbvio que ela ia atacar quando viu o terreno liberado. Foi o que você fez, você deixou o terreno liberado quando o abandonou. — Franzi o cenho irritada e bufei.

— Sinceramente? Não me importo. Eu amo o Peter e eu o quero de volta. Não vai ter ninguém que me impedirá disso. — Léo arqueou a sobrancelha e assentiu.

— Sabe que será uma tarefa difícil, não sabe? Então... Independente das suas escolhas eu estou e estarei ao seu lado sempre. - Assenti e sorri para o meu amigo.

— Obrigada... — O abracei e suspirei. A luta estava apenas começando. Peter ia

voltar para mim. Eu tenho certeza que ele ainda me ama...

Meu Irresistível Pecado 2 (Completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora