17 - Tempestade por Kleber Viana

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Tive uma noite horrível

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Tive uma noite horrível. A minha casa alagou por causa da chuva. Moro ao lado de um igarapé, então, a prefeitura da cidade achou melhor implantar um rip-rap para evitar que as casas caíssem dentro da água. Nem preciso dizer que a ideia mais prejudicou do que ajudou de fato.

Além dos móveis e objetos pessoais, a gente ficou preocupado com o Thor. Essa foi a primeira vez que a água transbordou e afetou todas as famílias da região. Infelizmente, nem todo mundo pode escolher onde morar.

A minha casa não ficava no nível da rua. Era necessário descer uma escada e pequenas pontes nos interliga. O rip-rap servia para contar o nível da água, uma estrutura produzida com sacas cheias de areia e cimento. Porém, devido a grande quantidade de lixo, a estrutura não aguentou e o rio transbordava.

Entramos em um projeto da prefeitura de Manaus para ganharmos uma casa popular, mas nem isso conseguimos. Após o forte temporal, saímos para ver os estragos e, graças a Deus, ninguém ficou ferido ou coisa pior.

— Filho, vá descansar. Eu cuido daqui. — pediu minha mãe pegando no meu ombro.

Eu percebi uma melancolia no olhar dela. Sei que para ela foi assustador ver a água entrando na casa. A Dona Bruna gosta de se fazer de forte, mas não conseguia enganar o filhão dela, no caso, eu.

— Não. estou bem, mãe. O serviço termina mais rápido se eu te ajudar. — falei pegando o pano de chão e espremendo no balde.

O cheiro era forte, mas com o tempo acabei ficando acostumado. Meu objetivo era tirar a água suja do chão. A ideia era secar tudo para poder arrumar os móveis. Tirar o excesso de água ficava difícil por causa do piso de madeira. Ainda bem que a energia não caiu, pois, usamos o ventilador para auxiliar no trabalho.

O Santino mandou uma mensagem, só ele para me fazer rir nessas situações. Aparentemente, a chuva o afetou também, já que ele dormiria na casa da Giovanna. Enviei um emoji de guarda-chuva e continuei a tirar a água no chão.

A previsão do tempo nos deixou mais tranquilos, uma vez que a semana vai ser de calor em Manaus. No dia seguinte, precisei faltar o serviço, entretanto, não consegui fugir da faculdade. Parecia um zumbi de tão cansado que fiquei.

O Santino estava todo alegre após ter sido elogiado por causa de um trabalho da faculdade. Ver a felicidade dele virava uma espécie de combustível dentro de mim. Ainda mais quando ele ficava tímido por causa dos elogios.

Para comemorar, a gente acabou marcando uma festa na piscina. Eu não estava tão animado, afinal, tive água o suficiente para um único dia, mas queria me distrair, ainda mais que veria o Santino sem camisa e molhadinho (saudades do Ceará).

No meio tempo, entre aulas e trabalho, precisei fazer algumas obras em casa. O objetivo era evitar outra inundação, ainda bem que contei com a ajuda de alguns vizinhos. Fizemos uma contenção com sacos de areia e cimento, pois, ainda teríamos dias chuvosos em Manaus.

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