32 - Conto de fadas por Santino Peixoto

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Tenho uma lembrança muito presente da minha infância, o dia em que o meu pai foi embora de casa. Logo, liguei o abandono parental com o meu comportamento, afinal, a última coisa que ele falou foi: "Esse teu filho é afeminado demais, Úrsula".

Por esse motivo, na minha cabeça, o casamento virou algo superestimado. Cresci e muita coisa mudou, principalmente, a opinião sobre o casamento. Afinal, hoje estou ajudando um amigo na organização de uma festa de noivado.

— Você acredita em contos de fadas? — Yuri me perguntou, enquanto ajustávamos o computador para projetar as fotos deles.

— Oi? — respondi sem entender o questionamento.

— Contos de fadas. Você acredita neles?

Nossa. Nunca me peguei pensando no assunto. Eu acredito em contos de fadas? Crescemos com a ilusão de que contos de fadas podem ser reais, de nada Disney. Na real, não consigo idealizar um "felizes para sempre", quando o meu alicerce é totalmente quebrado.

O Yuri olhava para mim de forma estranha, ele ainda esperava a minha resposta, porém, o meu 'tico-teco' entrou em colapso e pensei em várias formas de responder.

— Eu acho que nós construímos o nosso feliz, mesmo que ele não seja para sempre, Yuri. Como um cara, gordo, sempre idealizei um príncipe encantado, mas fui vendo os meus amigos namorando e sofri muito bullying. Então, achei que a vida nunca poderia se igualar a um conto de fadas. — disse passando o conteúdo de um pen drive para o computador.

— Entendi. Eu sinto muito, Santino. Assim como você, eu também sofri muito preconceito, porém, tive a sorte de ter irmãos e a tia Olívia, eles seguraram muitas barras por mim. — Yuri contou pegando no meu ombro.

Se a minha vida fosse um conto de fadas, em qual categoria ela se enquadraria? Bem, não me considero uma dama em perigo como, por exemplo, a Aurora (Bela Adormecida), Cinderella (Cinderella) ou a Bela (A Bela e a Fera).

Mas, também, não me imagino como uma princesa empoeirada igual à Mulan ou Merida. Talvez, eu seja um pouco Elsa, ela sempre foi forçada a não usar seus poderes e esconder quem realmente era.

Enfim, a minha atenção se voltou para Giovanna que se tornou uma ditadora. Mandava e desmandava em todos os envolvidos na organização do noivado.

— Ei, mocinha! — exclamou Giovanna chamando a atenção de uma das moças da ornamentação. — Essa flor deveria ser branca. — apontando para um arranjo de flores em uma das mesas.

— O Seu Yuri pediu uma Dália-branca. — explicou a moça.

— Desculpa. — pedi pegando nos ombros da Giovanna e a levei para uma área mais afastada. — Amiga, menos. Não quero estragar a festa do Yuri.

— Estou nervosa. Você sabe que quando fico nervoso me torno um ser horrendo. — disse Giovanna tentando roer as unhas, mas sendo impedida por mim.

— Você pagou caríssimo nesta obra de arte, não vai estragar não. Vamos nos arrumar. — pedi a levando para área interna da minha casa.

***

AMORZINHO:

— Já fiz 3 gols para você. (Selfie no campo de futebol)

AMORZÃO:

— Que sexy! Acho que poderíamos usar essa roupa de jogador, hein.

AMORZINHO:

— Olha. Podemos usar isso hoje depois da festa, mas vou colocar para lavar kkkkk

AMORZÃO:

— Eba!!! Vou dar uma canseira no Amorzinho!

AMORZINHO:

— Promessa é dívida. Até daqui a pouco. Te amo.

***O meu príncipe encantado é perfeito, não posso mentir. O Kleber me completa de todas as formas possíveis. A gente possuía uma sinergia incrível, dentro e fora da cama.

Fazia tempo que não via a minha casa desse jeito. Pessoas por todos os lados, incluindo, a família do Yuri e Zedu que chegaram cedo para ajudar na organização da surpresa.

A mamãe, nem preciso dizer que adorou, né. Ela socializou com todo mundo e até pediu conselhos jurídicos à Olivia, tia do Yuri.

O jardim de casa ficou lindo. O Yuri optou por uma decoração rústica, intimista e acolhedora. Todos os itens ornaram de forma competente. Cada mesa contava com um arranjo de flores brancas e velas aromatizadas.

Já o palco montado pelos meninos ganhou um tapete vermelho e, atrás dele, um telão montado com a ajuda de uma estrutura de ferro. Antes, testamos os vídeos e a música também.

Na mesa do bolo, que sobreviveu ao "cagaço" do Sérgio, a decoradora espalhou vários artigos vintages como relógios, máquina de escrever, câmeras fotográficas antigas, livros e malas envelhecidas para criar algo aconchegante.

Eles aproveitaram o espaço e criaram um arco de madeira com folhas e na parede várias fotos de Yuri e Zedu, além de desenhos feitos por Giovanna e eu, que ficaram perfeitos.

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