— Santino, quer namorar comigo?
Sim. Ele fez a pergunta. Ali na cozinha do apartamento, enquanto, o micro-ondas esquentava a janta dele. Para piorar ainda mais o cenário, a mãe dele está tomando banho não muito longe de nós. Será que ela ouviu? São tantos questionamentos na minha cabeça. Quem me traz de volta é o alarme do micro-ondas.
Eu não tenho reação, eu sei a resposta, mas aquilo me pegou de surpresa. Retirei o primeiro prato e coloquei em cima da mesa. O Kleber ficou ao meu lado, tão sem reação quanto eu.
— Santino. — Kleber levantou a mão esquerda e chamou minha atenção. — Fiz meio que uma pergunta para você. — soltando um riso abafado, um riso mais de preocupação do que graça.
— Você tem certeza disso? Kleber, eu sou muito inexperiente com relacionamentos. Eu não quero estragar tudo e...
— Ei. Estamos saindo há semanas. Eu gosto de você. Eu quero ficar com você. Eu tenho certeza da minha escolha. Santino, o fato de você ser inexperiente é apenas um detalhe. Eu não sou um Dom Juan, muito pelo contrário. Pensei em fechar o meu coração para relacionamentos, focar apenas na faculdade, entretanto, você apareceu na minha vida. — tocando no meu rosto. — Eu quero dar uma chance ao amor, e você?
Caramba. Uma chance ao amor. Eu nunca pensei em dar uma chance ao amor. Na minha vida, as pessoas sempre me deixavam de escanteio por ser gordo. Enquanto o Sérgio pegava todas as meninas da escola, eu me isolava e fazia de tudo para passar despercebido.
Os olhos do Kleber estavam brilhando. Eu conseguia sentir a força daquele sentimento através deles. Eu retribui o carinho no rosto dele, respirei fundo e aceitei o pedido de namoro.
Um beijo longo e carinhoso. Por fora, fiquei calmo, mas na verdade, o meu desejo era ligar para a Giovanna e contar a linda declaração que ganhei do Kleber. A gente deu uns amassos na cozinha mesmo. Fiquei encostado na tábua de mármore e aproveitei cada investida dele. Estávamos cansados, sujos e famintos, só que queríamos aproveitar aquele momento.
Ok, não durou tanto tempo assim, pois, lembrei que a Dona Bruna estava tomando banho e achei melhor colocar os outros pratos para aquecer. O meu estômago ajudou também, afinal, um urso faminto pode fazer alguma besteira.
Até que fiz um bom trabalho com os pratos. Coloquei um pouco de arroz, farofa, carne e vinagrete. No meio tempo em que chegamos, fui pedido em namoro, aqueci a comida e dei uns beijos no meu namorado (desculpa, vocês vão ler muito isso por aqui: MEU NAMORADO!). Ah, e também, pedi algumas coisas de um mercado que atende por aplicativo.
Engraçado pensar que uns anos atrás, o mundo era praticamente analógico e hoje, você consegue fazer qualquer coisa através do celular. Desci com o Kleber para pegar as sacolas, ele ficou um pouco contrariado, mas fazer o que, né?
Aproveitei também para realizar os trâmites na portaria do prédio. O Kleber tirou uma foto na câmera e cadastrou a digital. Ele preferiu fazer o da dona Bruna apenas no dia seguinte, afinal, ela havia passado por maus bocados. Seguimos para a entrada e o motoqueiro chegou com as entregas.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Entre todas as chances
Romance"Entre todas as chances" é uma emocionante história de amor que desafia os estereótipos e preconceitos da sociedade. Ambientado na cidade de Manaus, o romance acompanha a vida de dois jovens, Santino e Kleber, que parecem viver em universos completa...