6 - Despedida por Santino Peixoto

1K 162 58
                                    

Sou péssimo para consolar os sofredores

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Sou péssimo para consolar os sofredores. Tenho vontade de rir, não de uma maneira pejorativo, saí naturalmente. Só que ao ver o Sérgio ali, arrasado e seus melhores amigos curtindo a festa de formatura, sei lá, não pareceu a coisa certa. Entramos no quarto e sua mala estava na cama. Ele contou que o professor já havia marcado sua viagem para Manaus.

Em silêncio, deixei minha mochila no chão e terminei de arrumar a mala. O Sérgio ficou a todo momento sentado na cama, olhando as fotos de sua mãe. De repente, escutei a voz de Carla, mãe do Sérgio, saindo do celular. Tentei ser forte, entretanto, um turbilhão de momentos invadiu minha cabeça e as lágrimas saíram com facilidade.

— Por que você está chorando? — perguntou Sérgio em um tom ríspido.

— Desculpa. — falei limpando às lágrimas. — Eu só...

— Você não precisa ficar com pena de mim, Santino. — Sérgio pediu, deixando o celular na cama e levantando.

— Sérgio. Para. Eu não posso te deixar! — gritei e ele ficou assustado.

— Como assim?

Eu não sabia como contar sobre a minha relação com a Carla. Sentei na beira da cama e comecei pelas visitas que fiz no hospital do câncer. Mostrei algumas fotos e vídeos que estavam armazenados no meu celular. O Sérgio ouvia a história atentamente, ficou boquiaberto.

Foram dois anos acompanhando a Carla nas visitas. Dois anos assistindo uma luta árdua que ela travava contra essa doença maldita. Posso afirmar que a mãe do Sérgio foi uma guerreira do início ao fim. Lágrimas escorreram pelo rosto do meu colega. Ele se ajoelhou no chão e chorou igual uma criança.

— Sérgio. — soltei sentindo uma necessidade de abraçá-lo. — Eu sinto muito.

Não pensei. Apenas o abracei. Queria transferir todo o meu pesar naquele abraço. O Sérgio era da minha altura, o seu queixo se alojou no meu ombro e conseguia ouvir sua respiração pesada. Falei algumas palavras de consolo, mas não queria ficar no clichê. Então, apenas o deixei ter o seu momento de luto.

O professor entrou no quarto, então, levantamos rápido. Ele avisou que o voo do Sérgio havia sido marcado para às 6h. Pedi permissão para voltar com o Sérgio, afinal, prometi para Carla que ficaria ao lado dele nesse período tão delicado.

— Ok. Vou remarcar o seu voo. Agora, comam alguma coisa e vão descansar. A van chega às 4h30. — orientou o professor.

— Tudo bem, professor. Obrigado. — falei o levando até a porta.

Sérgio continuava calado. Reflexivo. Às lágrimas insistiam em descer pelo seu rosto. Olhei para o celular e nenhuma mensagem do Kleber, então, o deixei na escrivaninha e pedi o jantar pelo telefone do resort. Eu não sabia como conversar com o Sérgio, parecia que qualquer coisa que saísse da minha boca seria uma tremenda besteira.

Entre todas as chancesOnde histórias criam vida. Descubra agora