31 - Aproximação por Kleber Viana

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Quer um conselho? Nunca conte ao seus amigos sobre os seus dotes de marcenaria. Passei quatro dias trabalhando na construção de um palco para o noivado do Yuri e Zedu. Ainda levei Enzo e André para trabalharem comigo. Os desgraçados só toparam porque o Richard ia nos ajudar (esses tarados).

Montamos a estrutura próximo à piscina e usamos um modelo 4x4. O Santino e a Giovanna ficaram responsáveis pelos petiscos e música, mas, na verdade, eles aproveitaram para fazer trabalhos da faculdade.

— Esse irmão da Giovanna é muito gostoso. — disse André cochichando para Enzo.

— Eu ouvi isso. — falei assustando os dois. — Podem parar. Para começar, o garoto nem gay é. Segundo, que nojento.

— Kleber, nós sabemos que você curte ursos, o biótipo do Richard não te interessa. — afirmou Enzo arrumando os óculos de grau.

De repente, o Richard correu até uma mangueira, tirou a camisa e se molhou. Não vou mentir, ele tem um corpo bonito e definido, porém, não é algo que me chama atenção. Os meus amigos que adoraram o espetáculo, tenho certeza que o André tirou uma foto.

Nesse momento, o Enzo deixou o martelo cair no meu pé podre. Que raiva. Precisei segurar a língua para não soltar uns palavrões, afinal, eles estavam trabalhando de graça e mereciam uma diversão.

— Perdão, Kleber. — pediu Enzo pegando o martelo no chão com uma expressão de assustado.

— Vou... vou perdoar só se garantir uma vaga para mim na tua empresa. — falei passando a mão no meu pé na esperança da dor diminuir.

— A gay perde até as forças quando vê homem bonito. — comentou André rindo e admirando a foto que tirou de Richard.

— Cala boca. — reclamou Enzo, bufando.

— E aí, rapaziada. Vamos continuar o trabalho? — perguntou Richard, assustando André e Enzo.

Depois de cinco horas trabalhando, finalmente os refrescos. A mãe do Santino comprou pizzas para o jantar. A nossa relação estava melhorando aos poucos. Já não ficava com medo toda vez que ela chegava no ambiente.

Para a decoração da festa, o Yuri contratou uma empresa especializada. Eles até elogiaram a minha obra de arte, pois trouxeram um tapete vermelho para cobrir o palco e ficou bonito demais.

— Pedir alguém em casamento dá tanto trabalho, né? — perguntei para Santino que comia uma fatia de pizza de tucumã.

— O coitado do Yuri parece uma barata tonta, apesar de todo o apoio que estamos dando. — ele falou mordendo a fatia. — Você prefere ser pedido em casamento ou pedir?

— Hum. Quer me pedir em casamento, é? — brinquei mordiscando a orelha do Santino que ficou vermelho e respondeu com o seu famoso "Hum". — Não fica tímido, amorzão. Depois da faculdade, quando eu conseguir um emprego decente, eu te peço. Pode ser?

— Calado. — ele resmungou ficando vermelho e devorando a pizza.

Como a versão tímida do Santino era linda. Eu adorava ficar abraçado com ele, ainda mais quando estávamos rodeados de pessoas que eram confiáveis.

Em menos de uma hora, a equipe de ornamentação conseguiu fazer um trabalho bonito. Eu achei que havia muitas plantas, mas de acordo com o Santino, a ideia era criar um ambiente convidativo e o verde faz esse trabalho.

No meio da tarde fiquei na piscina observando os preparativos para a festa. A mãe do Santino se assegurou que o clima não atrapalhasse os planos de Yuri, até entrou em contato com um amigo do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).

Animada, a Dona Úrsula se aproximou e sentou à beira da piscina com os pés dentro da água. Ela usava um chapéu de palha enorme e olhava com cuidado para os detalhes da ornamentação.

— Você fez um ótimo trabalho, Kleber. Vou ser sincera. No início, fiquei preocupada por causa da sua relação com o Santino. Mas, nos últimos meses, eu percebi uma mudança no comportamento dele. Confesso que nunca fui uma mãe nota dez, falhei bastante e não preparei o Santino para o mundo. — comentou Úrsula balançando os pés na água.

— Dona Úrsula. — falei emergindo e sentando ao lado dela. — O Santino é um garoto maravilhoso. Ele tem uma personalidade muito doce, desde a primeira vez que o conheci peguei para mim a missão de protegê-lo. Eu sei que não tenho a mesma classe social de vocês, porém, quero conquistar as coisas e dar muito orgulho para o seu filho.

— Fico feliz, meu filho.

Quanto mais eu conheço a minha sogra, mais percebo que ela não era uma megera louca, apenas não sabia a forma certa de agir com o filho. Acho que a partir de agora, a relação entre eles vai melhorar.

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