33 - Estranho por Kleber Viana

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Atenção, preparar, apontar, fogo! Será que são essas as últimas palavras que as pessoas levadas para execução escutam? Eu me senti com um alvo na minha cabeça. O motivo?
O perfil do Caio, o alter ego que o Kiko inventou para me prostituir apareceu no telão da festa de noivado do Zedu e Yuri. A foto não ficou muito tempo, mas foi o suficiente para acabar com a minha vida.

Os comentários. As vozes. Todos começaram a apontar na minha direção, porém, apenas uma pessoa importava, o Santino. Corri na direção dele, mas o idiota do Sérgio bloqueou o caminho, então, procurei outra rota para alcança-lo.

O meu coração estava acelerado. A minha cabeça não conseguia acompanhar o que havia acontecido. De alguma maneira, o perfil que o Kiko criou apareceu na tela do noivado. O Santino estava saindo de carro, então, em um ato de desespero, pulei na frente e pedi para conversarmos. Andei em direção a porta do motorista e bati, quase sem forças.

— Santino, eu estou implorando, por favor. — implorei para conversar com ele.

A clemência foi em vão. Na primeira oportunidade, o Santino saiu cantando pneu na rua e me deixou sozinho aos prantos com os joelhos no chão. Não demorou muito e meus amigos apareceram, eles não conseguiam entender aquele anúncio.

— Kleber. — soltou Enzo me ajudando a ficar em pé. — Cara...

— Amigo, você é GP (garoto de programa)? — perguntou André, pegando no meu ombro e apertando.

— Não. Jamais faria isso. Essa foto um ex-namorado utilizou para que eu me prostituisse, mas eu terminei o namoro e ele jurou que havia excluído o anúncio. — expliquei, sentindo que eles não acreditaram na escola. — Eu preciso encontrar o Santino. — disse, chorando.

— Escuta, ele está com a cabeça quente. São muitas informações e...

— Meninos, eu gostaria de conversar com o Kleber. — a mamãe cortou a fala motivacional do Enzo e pediu um minuto à sós comigo.

Eu não tive nem tempo de me defender. Apenas senti minha bochecha esquerda ficar quente. Nos meus 20 anos de vida, a mamãe nunca encostou a mão em mim, quer dizer, até aquele momento.

— Como você pode ter feito isso, Kleber? Eu deixei alguma coisa faltar? Me escuta! Eu deixei?

— ela perguntou chorando e me dando um segundo tapa.

— Mãe. — balbuciei tocando no meu rosto.

— Bruna, por favor, não faça isso. — pediu Úrsula amparando a minha mãe que chorava copiosamente.

— Eu nunca me prostitui, mãe. A senhora precisa acreditar em mim. Eu errei, ao confiar minhas fotos para uma pessoa imoral. Nunca me prostitui. — não tinha mais forças para falar, apenas chorei.

— Estamos todos de cabeça quente, Kleber. Aquele anúncio e fotos. — afirmou Úrsula me surpreendendo, pois, a única pessoa que não lançou aquele olhar de suspeita. — Bruna, querida, vamos entrar e tomar um chá de camomila. — aconselhou pegando no ombro da mamãe e a levando para dentro da casa.

— Gente, cadê o Santino? — perguntou Giovanna se aproximando e me abraçando.

— Giovanna, eu nunca fiz isso. — falei chorando igual uma criança.

— Kleber. — ela soltou me abraçando forte.

— O Santino saiu muito nervoso. — explicou André tentando ligar para o Santino, sem sucesso.

— Eu acabei com a noite do Yuri. — reclamei, ainda sem entender como aquelas imagens foram parar no telão.

— Ficou uma torta de climão? Ficou uma torta de climão, mas a imagem passou rápido, o próprio Zedu quase não te reconheceu. — Giovanna falou na esperança de me deixar mais tranquilo, o que não aconteceu, claro. — Agora, menino, que pa...


— Giovanna! — repreendeu Enzo revirando os olhos. — Esse não é o momento.

— Desculpa. Momento errado. Vamos entrar. Por favor, ficar aqui fora não vai ajudar em nada. — Giovanna sugeriu e eu obedeci, mesmo contra vontade.

Como a página foi parar ali? Será que o Kiko se infiltrou na festa? Meu Deus, até quando esse desgraçado vai me perseguir? Estou cheio de perguntas dentro do meu coração, mas, a principal questão é: onde está o Santino?

Ele saiu tão desesperado. No momento em que ele viu o vídeo, os seus olhos perderam o brilho. Revivi aquela cena várias vezes dentro da minha cabeça. Eu preciso encontrar o Santino. Eu preciso explicar.

Fomos para o quarto do Santino. Ele não respondia nenhuma ligação ou mensagem nas redes sociais. Sair desesperado daquele jeito pode ser ruim.

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