3 - Dia perfeito por Santino Peixoto

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K.leber:

Desculpa por ontem. Não devia ficar chateado. Esses teus colegas são ridículos.

Fênix (Santino):

Eu quem devia pedir desculpas. A gente teve uma tarde tão agradável. Tenho uma nova chance?

K.leber:

Quantas você precisar. Estou aqui para te defender e ajudar. Inclusive, quer dar uma volta hoje. A moto do meu primo está liberada.

****

Moto? Meu Deus do céu. Odeio motos. Quando tirei minha carteira de motorista fracassei feio na categoria A. Não tenho coordenação para pilotar um velocípede, imagina uma moto. O Kleber parecia tão animado, então, acabei topando a aventura. Se eu morresse, pelo menos, seria ao lado dele.

Fui até um caixa eletrônico, não queria outro problema como o do dia anterior. Saquei algum dinheiro e voltei para arrumar minhas roupas. Enquanto escolhia o look perfeito, se é que existe um look perfeito para mim, tentava imaginar qual seria o passeio. Uma aventura pelas estradas do Ceará deve envolver sol, portanto, coloquei três frascos de protetor solar na mochila.

Para a ocasião, escolhi uma roupa leve. Uma camiseta que mostrava mais os meus braços do que eu gostaria. Uma bermuda folgada, caso fossemos tomar banho no mar e minhas havaianas pretas. Peguei também um chapéu estilo pescador (aquele com um pedaço de tecido na parte de trás) que vi na lojinha do resort, além de estiloso, ele protegia o meu pescoço.

Kleber mandou uma mensagem, já aguardava por mim na frente do resort. Abri a porta, olhei para os lados e não encontrei ninguém. A última coisa que precisava era de um colega infernal no meu pé. Nunca andei tão rápido na minha vida. Peguei o elevador e dei de cara com Elisa, uma das várias patricinhas do terceiro ano.

Se fosse chutar, falaria que a Elisa passou na fila da beleza umas cinco vezes. Desde sempre, ela foi disputada por todos os garotos héteros da escola. Ganhou o concurso Miss Simpatia umas quatro vezes. Acho que ser alta, ter os cabelos castanhos longos e cacheados, a silhueta de uma modelo, além de olhos caramelos, são fatores que podem ajudar bastante em concursos de beleza.

Apesar de simpatizar com ela, a conversa não fluía. Acho péssimo quando esbarramos com um conhecido, mas não temos assunto. Falamos sobre o clima e, também, a respeito da festa que aconteceria de noite, mas um papo sem qualquer tipo de personalidade. A Elisa não era uma pessoa ruim como, por exemplo, a Emilly, Renan e Sérgio, mas durante os últimos cinco anos, simplesmente, não nos aproximamos.

Depois do momento constrangedor, saio do elevador meio que correndo, entretanto, esbarrei em Sérgio. Aguardei uma piada gordofóbica, entretanto, ela não chegou, ao invés disso, ele olhou para mim e lágrimas brotaram de seus olhos cor de mel. Tentei falar alguma coisa, porém, vi Kleber através da porta de vidro. Como não ouvi nenhum tipo de provocação, apenas fugi.

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