2 - Estreitando Laços por Santino Peixoto

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Atônito

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Atônito. Essa era a palavra certa para descrever minha reação. Renan e Sérgio pareciam duas metralhadoras de insultos. Eles riram à beça, tentei levantar, mas Renan me empurrou de volta para a área, caí e machuquei o pulso. Queria chorar, porém, nem forças para tal coisa eu tinha. Olhei para Kleber que ficou vermelho, seus olhos estavam diferentes. De repente, ele passou a guia de Thor para mim.

— Tú se acha engraçado? — perguntou Kleber, empurrando Renan com violência. — Acha legal ficar falando dos outros?

— Olha só, Sérgio. O tampinha é estressado. — provocou Renan, rindo de nervoso e olhando para os lados.

Tudo aconteceu muito rápido. Com apenas dois golpes, Kleber derrubou Sérgio e Renan. Eu não sei se gostei ou reprovei a atitude. O Thor começou a latir, acho que tão nervoso quanto eu. Enquanto meus colegas estavam jogados no chão, Kleber pegou o chapéu, colocou na cabeça e segurou na minha mão. Como estava sem reação, apenas o segui para uma parte mais movimentada. A gente ficou um tempo em silêncio.

— Eles te machucaram? — questionou Kleber, limpando a areia do corpo.

— Não... — falei de forma baixa.

— Desculpa, Tino. Eu não queria te assustar, mas aqueles moleques mereciam uns tapas. — Enquanto falava, ele pegou a coleira do Thor. — Afinal, você conhece eles?

— Estudam comigo. São dois babacas. Kleber, preciso voltar para o hotel.

— Se quiser te deixo lá. A gente te protege, né? — pegando na cabeça de Thor que late e abana o rabo.

— Não. Estou bem. Obrigado.

Caramba. O que aconteceu aqui? O Kleber era uma espécie de ninja. Repassei a cena na minha cabeça várias vezes. Nem reparei que havia chegado no resort. No quarto, recebi uma mensagem da minha mãe. "Espero que esteja se divertindo em Recife", escreveu a mãe do ano. Não sabe nem para onde o filho viajou. A brisa do mar invadiu o quarto. Fui até a sacada e fiquei admirando o céu laranja.

À noite, aconteceria a primeira festa da turma. Essa eu teria que participar, pois, algumas fotos oficiais seriam tiradas. Vesti minha roupa. Todos usariam a mesma coisa, incluindo, as meninas. Uma calça jeans azul, blusa branca e um chapéu azul claro.

Sério. O comitê de formatura se superou nessas escolhas ridículas. O salão estava bonito, não vou reclamar. A comida também, alguns pratos típicos da Amazônia (no Ceará) e muito álcool.

Fiz o meu papel de formando. Tirei fotos. Vi todas as homenagens dos pais em um vídeo de gosto duvidoso e brega. O auge foi assistir ao espetáculo da Emilly e suas amigas. As patricinhas choravam como se fosse o final de uma novela ruim da TV Mundo. De repente, uma mulher apareceu segurando um microfone e a luz da Câmera me deixou cego.

— Então, qual a mensagem que deixa para os seus colegas? — ela perguntou com um sorriso artificial no rosto, tão largo que me fez perceber o batom vermelho em seus dentes.

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