- Matem todos! - Um estranho ninja dentre dos vários gritava enquanto queimava e destruía o pequeno vilarejo. Eram ninjas de um grande esquadrão. Não se dava pra saber quão fortes eram, mas se tratando que todos daquela pequena região eram meros civis, já era o bastante para um massacre.Um terrível massacre. Alguns, heroicos, tentavam lutar contra os shinobis utilizando objetos que não eram criados para batalha.
O máximo que podiam usar eram facas utilizadas para fins de culinária ou artesanato, ou seja, nem de perto tão mortal quanto uma espada ou qualquer lâmina criada para um embate, e por isso, falhavam miseravelmente.
Alguns escolhiam lutar mesmo sabendo que iriam morrer, tentando ganhar o máximo de tempo possível para que os outros fugissem.
Covardia poderia ser a palavra perfeita para descrever aquela cena. Nem mesmo as crianças estavam sendo poupadas, e por este motivo, esconder-se e fugir eram as únicas opções para todos.
- S/n, minha filha... Por favor, não faça barulho, está bem? - A figura materna de S/n acariciava sua testa enquanto pedia para que ela ficasse escondida no porão. A pequena criança estava com medo.
Seu pai pediu para que as duas se escondessem, mas ele não retornou, e S/n sabia que o mesmo poderia acontecer com sua mãe. Por este motivo, inicialmente, a menina não concordou.
- Eu não quero ficar sozinha mãe! - S/n agarrou os braços da mulher, que não conseguiu segurar suas lágrimas. Ela passou seus dedos pela testa da garotinha mais uma vez, e sorriu.
- Eu vou voltar... Mas só se me prometer que ficará escondidinha, e que só irá sair quando ouvir os pássaros cantarem aqui por perto... Tudo bem meu anjinho? - A mulher sabia que quando as coisas se acalmassem, quando não houvessem mais movimentações no local, os pequenos pássaros retornariam aos galhos baixos do vilarejo, sendo assim a melhor forma de sua filhar saber que tudo havia se acalmado.
- Mas... o-ok. - S/n concordou baixinho, e após receber um beijo em sua testa, se escondeu, como sua mãe pediu.
S/n soltou um leve grito enquanto levantava-se de seu sonho. Ou pesadelo se preferir. Ela olhou pros lados, era noite, e pelos minguantes da lua ela pôde deduzir que eram duas ou três horas da madrugada.
Estava em uma floresta, e do seu lado, haviam duas pessoas dormindo. Ela delicadamente lembrou-se quem eram aquelas pessoas.
Ela concordou em ir para a Folha juntamente dos ninjas que conheceu, e, após algumas horas de caminhada, eles pararam para dormir. Pelo o que ela lembre, foi o garoto de cabelos prateados quem ficou de guarda.
Apesar do pesadelo, faziam semanas que ela não havia dormindo tão bem quanto.
- Teve um pesadelo? - Ela virou-se para ver o próprio garoto grisalho. Ele ainda estava lá, firme e com uma ótima postura, sem demostrar um pingo sequer de distração ou cansaço recorrentemente criado pelo sono.
- Tipo isso... Mas não se preocupe, eu tenho pesadelos na maioria das noites. - S/n respondeu sem muita emoção.
- Te entendo. - Ele respondeu, também sem demostrar emoções. S/n ficou curiosa para saber o porquê dos pesadelos do rapaz, e por isso não conseguiu se conter.
- Motivos?
- Dos meus pesadelos?
- É evidente.
- Uhm... Bom, eu não conheci minha mãe, e perdi meu pai quando tinha cinco anos. Esses são apenas um dos motivos, mas não acho que quero lhe contar sobre os demais. - Kakashi claramente referia-se as mortes de Obito, Rin, e claro, seu sensei. Mas ele estava tentando esquecer-se daquilo, afinal, eles estavam vivos agora.
- Como eu já disse, eu também perdi meus pais, se te serve de consolo. - S/n respondeu. Ela lembra-se bem quando escutou o tão esperado canto dos pássaros, e quando saiu, seus olhos se encheram de lágrimas. Tudo que viu foi destruição, pessoas mortas e sangue para todo lado... Era horrível lembrar-se daquilo.
- Saber que você também teve uma péssima infância não me consola. - Kakashi bufou.
Como aquilo poderia consola-lo afinal? Anos de ANBU em sua "vida passada" ou seu "mundo passado" o-fizeram se blindar contra sentimentos. Por mais que agora, graças ao legado de Obito e Rin, fosse mais gentil e se importasse mais com seus companheiros de equipe, Kakashi estava tecnicamente mais frio do que era antes por dentro, e nem mesmo toda aquela solidão gélida dentro de si o-impediu de sentir-se cabisbaixo pela garota.
Na opinião e vivência dele, era melhor não conhecer a própria mãe do que conhecer e perde-la tragicamente ainda quando criança. E perder um pai, bom, ele sabia muito bem o que significava.
- Você pode dormir se quiser. Eu perdi o sono, posso ficar de vigia. - S/n falou tentando afastar o teor da conversa. Ela detestava falar sobre aquilo, já que a-deixava deprimida por lembrar da sua própria família, e a-deixava furiosa, tentando imaginar quem eram os autores daquele massacre.
- Não me entenda mal, mas ainda não confio em você a ponto de te deixar nos vigiar enquanto dormimos. - O Hatake respondeu. Ele tentou ser o menos rude possível, e desejou que S/n entendesse seu lado.
Para sua sorte, ela entendia perfeitamente. Ela não confiava em ninguém quando estava sozinha também.
- Tudo bem, eu compreendo. - Ela respondeu.
- Seu ferimento... Está melhor? - Kakashi questionou, referindo-se ao machucado na coxa da jovem.
- Arde um pouco, mas não me incomoda... Sinceramente tenho saudades de quando os ferimentos externos eram os que mais me machucavam. - S/n respirou fundo, mais uma vez recordando de seu passado. Aquela maldito pesadelo acabava com o resto de sua noite, e por vezes com todo o seu dia
- Do tipo joelho ralado?
- Por ai, você sabe, ferimento besta de criança... Eu detestava...
- Isso é relativo. Minha primeira missão fora da minha vila foi quando tinha sete anos, e eu tive um ferimento um tanto quanto forte... Fiquei umas duas semanas no hospital me recuperando.
- Sete? Com sete anos eu provavelmente devia estar em qualquer parte da minha terra brincando com bonecas ou brigando com os meninos... Ou tomando banho de rio. - Ela sorriu. Por mais que seu passado lhe trouxesse desanimo, haviam coisas que a faziam feliz apenas de lembrar
- Pensando bem eu só tive infância até os meus cinco anos. Depois disto o meu pai morreu e eu só me preocupava em treinar e fazer missões. - O Hatake deitou-se no tronco da árvore em que estava, olhando para as estrelas e tentando imaginar como as coisas seriam caso seu pai estivesse vivo
- Obrigada... Você... Você me fez sentir sono de novo. Eu acho que vou voltar a dormir. - S/n agradeceu sorrindo, olhando para o deitado, mas ainda sim concentrado Hatake
- Isso é um agradecimento ou você está dizendo que conversar comigo é entediante? - Ele perguntou em dúvida
- Na verdade foi um elogio... Boa noite, e obrigada, Kakashi. - S/n ela falou o nome dele pela primeira vez enquanto voltava para sua cheirosa cama improvisada de Rin.
Sim, Rin. Quando resolveram dormir, Rin pediu gentilmente para que S/n ficasse com sua cama, e a-deixasse dormir na cama do Hatake. A garota não entendeu o porquê, mas não reclamou, afinal, não se importava. Além do mais, o cheiro suave do perfume dela era bom.
O Hatake observou S/n delicadamente cobrir-se com o edredom violeta da Nohara, e dormindo instantes depois. Ele tentou evitar sentir-se tão preocupado com ela como estava com Obito e Rin, já que seu principal objetivo era protege-los naquela missão.
Mas havia algo em S/n que chamava sua atenção. Talvez por ser um pouca parecida com ele em relação à sua história de vida. Ou apenas pelo fato de ser extremamente atraente.
Independente dos motivos, menos de vinte e quatro horas foram o suficiente para que ele pudesse preocupar-se com ela quase da mesma forma como se preocupava com Obito e Rin.
E no fim, ele apenas continuou o resto da noite em seus pensamentos, mas ainda sim atento para garantir a proteção de Rin, Obito, e S/n também.
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Hatake second chance (Imagine +18)
FanfictionKakashi sempre flertou com a possibilidade de ter uma segunda chance em sua vida, para concertar seus amargos erros do passado. Mas ele nunca imaginou que um dia pudesse ter de fato essa segunda oportunidade. E junto desta oportunidade, surge uma n...