"Você que pediu foto, então não reclama do flood"
Era passado das sete, em uma noite domingo. Em que outro lugar Irene poderia estar, senão no culto? Apesar de que, sim, Yeri, no fim das contas, estava certa e o pastor de fato falava uns absurdos, mas... mesmo assim, tanto as reflexões questionáveis do homem de meia idade quanto a parte que podia ser levada à sério permitiam Irene pensar um pouco sobre a vida, se isso faz algum sentido. Era um tipo de meditação não muito silenciosa, mas era um hábito que fazia bem para ela, no fim das contas. Apesar do sentimento de revolta e da vontade de erguer a mão para afrontar o homem ser bastante frequente e isso a deixar irritada, mas, tudo bem. Irene vinha praticando muito bem seu autocontrole.
Talvez devesse mudar para uma igreja um pouquinho mais, hm... saudável? Talvez, sim. Mas Irene não precisava de mais coisas a ter que lidar, por ora. Mais para frente, quem sabe. Irene ainda tinha certas, hm... pendências a resolver com a mãe, e, sim, aquilo também não tinha pressa. E também tinha o fato que, antes de tudo isso, tinha que acomodar direito em sua cabeça que agora podia chamar Seulgi de namorada. Sim. Namorada. Fazia alguns dias, mas, mesmo assim, Irene ainda não estava acostumada.
Primeiro, porque nunca se imaginou tendo que usar aquela palavra, ao menos com aquela flexão de gênero, para se referir a alguém. Tá, nunca é exagero, mas a um tempinho atrás. Vocês sabem da história. Segundo, porque... nossa, pensar que Seulgi era sua namorada era tipo... Cara, Seulgi era sua namorada. E era vergonhoso o tanto que pensar nisso a deixava abobada e orgulhosa, tudo ao mesmo tempo. Porque, caras, Seulgi era a namorada dela.
"Eu não julgo, eu também provo tudo de novo assim que chego em casa."
Ah, sim, voltando à Seulgi. Não tinha problemas, para Irene, trocar umas mensagens quando devia estar prestando na pregação. Contanto que não se deixasse distrair demais. Ou nos momentos em que preferia se fazer de surda para o que estava ouvindo. Ainda mais quando Seulgi estava empolgada. Havia acabado de retornar de um dia de compras com a família e queria compartilhar as roupinhas novas com ela, poxa... seria um baita de um balde de água fria se Irene deixasse a garota a falar sozinha. E, sim, o fato de Seulgi querer dividir aquilo com ela, por mais besta que fosse, deixava a Bae se sentindo ainda mais abobada.
E se sentindo como se não tivesse o mínimo de orgulho, mas, detalhe.
Outro lado positivo era que, daquele jeito, o arquivo de fotos inúteis de Seulgi que Irene tinha no celular era renovado sem que a Bae precisasse fazer o mínimo de esforço. Vocês também iriam querer fotinhos no espelho, de sua, hm, namorada... experimentando roupas, se ela fosse Seulgi Kang. Se algo do tipo não lhe é representativo, bem, Irene só podia lamentar. Nem todo mundo tem a namorada mais fofa do mundo e está tudo bem, se for assim para você.
Até porque as fotos eram bem bonitinhas. E não só por causa de Seulgi. Tá, Seulgi ajudava, mas... enfim! Esse não é o foco! É que Seulgi vinha redecorando o quarto, aos pouquinhos, como se ele não fosse suficientemente Tumblr antes. Agora Seulgi tinha um espelho com luzinhas ao redor dele – as usava mais, recentemente, do que a de teto, do quarto -, mais pôsteres e agora, aquele violão que antes ficava jogado no canto do quarto enfeitava uma das paredes. E aquela devia ser a única função do instrumento, na verdade: decoração. Irene nunca tinha visto Seulgi tocar aquele negócio na vida.
É, era a total Pinterestificação do quarto de Seulgi.
"Você comprou mais camiseta estampada e quadriculada por que achou que tinha poucas?"
E apesar de não ter um emoji, uma risadinha, um meme, um sticker, um nada, Irene sabia que Seulgi entenderia aquilo como uma brincadeira. A Kang já estava acostumada com o seu jeitinho de digitar, evitando abreviações e usando ponto final. Sim, Irene usava ponto final, na maioria das vezes, mas não é esse o ponto do qual a Bae quer falar! Era o motivo da brincadeira, que fez porque, justamente, Seulgi havia mandado quatro fotos, até então, e em quatro delas estava com uma camiseta preta estampada com logos de filmes ou bandas e, em duas dessas mesmas fotos, com camisas flaneladas por cima delas.
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Livrai-nos do mal, amém!
FanfictionIrene Bae fazia um esforço real para ser a cria perfeita que todos os fiéis de sua igreja desejavam ter. Filha única de uma mãe divorciada, Irene fazia de tudo para sair por cima dos maus olhares que ambas recebiam. Tinha seus valores e normas morai...