Diante de ti, todo meu desejo, e meu gemido não te é oculto.

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Yeri não achou que sua oportunidade de confrontar Joyce ocorreria tão cedo, na mesma semana. Nunca se alegrou tanto com uma vontade de ir ao banheiro na vida, pois, em seu caminho, se deparou com aquele trio, que sua melhor amiga e vizinha tanto abominava, sentadas num banco de cimento do pátio. Yeri tinha certeza de que não deveriam estar ali, porque era dia de Educação Física para a classe da Bae. Disso a Kim tinha certeza, porque Irene sempre reclamava.

Porém, o motivo pouco importava para a Kim. A vontade de tirar a água das canelas até ficou em segundo plano, era a sua oportunidade. Caminhou até onde aquelas três conversavam de modo não muito comportado e cruzou os braços ao parar em frente a elas, mais especificamente à Joyce, que se sentava entre as duas amigas no banquinho de cimento.

- A gente pode conversar rapidinho? – Yeri pôs a cara e falou do jeito mais sério que pôde. Na mesma hora, Wendy arregalou os olhos e abriu a boca, como se confirmasse mentalmente a fanfic escrita por Joyce, mas a Kim continuou antes que a Son pudesse dizer qualquer coisa. – Tipo, a sós.

- A sós? Mas a gente não tem segredo nenhum entre nós. – Joyce falou, apontando para as amigas ao lado. Yeri primeiro franziu a testa, depois seus olhos foram se arregalando gradativamente. Só não interviu porque a Park continuou sua fala. – E relaxa, eu não sou fofoqueira e nem quero te ferrar. Tá com nós, tá com Deus.

- Caralho... – Wendy deixou escapar em sussurro, enquanto olhava abismada para a maior de todas. Não era que a fic era verdade mesmo? Yeri, por sua vez, encarava as outras três, ainda de braços cruzados, desconfortável e insegura quanto a acreditar naquela história de que o seu segredinho seria mantido. – Mas posso perguntar uma coisinha pra ti? Só curiosidade.

- Pode, né... – Mesmo sabendo que poderia se arrepender daquilo, Yeri assentiu.

- Por que tu se dispõe a andar com a cidadã de bem e ouvir as merdas que ela fala? – Wendy perguntou e de repente Yeri tinha três pares de olhos curiosos voltados para ela.

- É complicado... – Yeri coçou a cabeça, também chocada com a reação daquelas que Irene repudiava tanto. Não iam nem tirar sarro da sua cara? Tipo, nem um pouquinho?

- A gente não tá com pressa, pode sentar. – Joyce, numa cena um tanto quanto cômica, apenas puxou Seulgi, que estava a sua esquerda e muito bem quieta até então, para sentar em seu colo. Pareceu até uma criança sendo trazida para o colo da mãe, o que queria dizer que a Park era forte demais ou que Seulgi pesava de menos. Talvez os dois. O fato é que Wendy não escondeu o riso e Yeri também não conseguiu o evitar.

- Mas, oush, custa avisar?! – Seulgi reclamou, mas Joyce apenas ignorou, sentando-se mais à esquerda para que Yeri pudesse se sentar entre ela e Wendy.

- Shiu, não atrapalha. – Foi tudo que Joyce disse quando Yeri enfim se colocou no meio do grupinho. A Kim entendeu a atenção que recebia como sinal para que começasse a falar.

- É que, tipo... – Yeri precisou de um tempinho para organizar os seus pensamentos. – A gente é vizinha, nos conhecemos desde sempre. Então acho que dá para dizer que a gente é meio que quase irmã. Nossos pais também sempre frequentaram a mesma igreja, quer dizer, o pai dela não mais, mas a criação não foi diferente, sacam?

- Saco. Isso não depende de ser crente, pai coreano é foda. – Wendy aquiesceu para a Kim, e as outras duas também concordaram com a cabeça.

- Então, tipo... – Yeri estava até estranhando sua falta de capacidade de se expressar. Normalmente não era algo com que ela tinha dificuldade, mesmo assim, não eram coisas que ela costumava dizer em voz alta com frequência. – Quando eu comecei a perceber, eu meio que entrei em parafuso. Então era mais fácil ficar confortável na mesma bolha e não deixar ninguém saber, porque sei lá como iriam reagir a isso, e eu tô muito que bem tendo casa.

Livrai-nos do mal, amém!Onde histórias criam vida. Descubra agora