Meu filho, se os maus tentarem seduzi-lo, não ceda!

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Irene sabia que o que estava fazendo era errado. Seu coração batia rápido e a adrenalina gerava um vazio no estômago comparável a sensação de descer em uma montanha-russa. Checou o seu reflexo no espelho do banheiro uma última vez: roupa e cabelinho estavam na régua. Tinha se lembrado do desodorante após o banhou, também, até isso ela averiguou mais de uma vez.

Desligou a luz do cômodo ao sair e, em seu caminho até a porta, conferiu se o celular estava seguro e bem escondido na cintura dos shorts. Cheque para isso também. Calçou-se, então, e a última coisa da qual precisava estava na porta. Irene girou a chave da maneira mais discreta possível, para não chamar atenção da cadela de guarda do vizinho.

Porém, antes de sair, Irene hesitou outra vez, refletindo sobre o que estava fazendo. Estava saindo de casa escondida, sem avisar ninguém antes e também sem a pretensão de avisar depois. No segundo em que parou, sua mente construiu um milhão de situações em que sua omissão poderia lhe custar caro. E se sua mãe voltasse mais cedo do trabalho? E se sua mãe voltasse mais cedo do trabalho doente, ou ferida? E se acontecesse algo na loja? Sem contar os Kim, e se fossem atrás dela, no apartamento? E se alguém passasse mal? Ou alguém os tornasse reféns? E se Kim Yeri botasse fogo no apartamento com apenas as suas irmãzinhas dentro e Irene não estivesse ali para ajudar?!

Um latido agudo a trouxe de volta para a sua situação, parada à porta, segurando a maçaneta. Desgraça de salsicha. Irene, apressada, fechou a porta e a trancou sem fazer muita questão de esconder o barulho, já que o olfato daquela maldita já estava tentando denunciá-la. Desceu tão rápido as escadas, pulando alguns degraus, que quase torceu o tornozelo e terminou o seu percurso rolando, sem precisar de Nazaré Tedesco nenhuma para lhe dar um impulso. Sua quase morte, porém, a fez se lembrar de que algo que tinha esquecido de fazer, e o corrigiu antes de abrir o portão do prédio, enviando uma mensagem.

"Saindo agora."

...

Seulgi tirou os olhos do celular e, sentada no sofá da sala, ergueu os olhos em direção a cozinha. Atrás da bancada que separava os cômodos, viu a mãe ocupada em preparar um bolo para o café da tarde. O irmão, de folga naquela quinta, andava de um lado para o outro, trajando uma roupa de borracha e uma quantidade um pouco absurda de protetor solar nas bochechas.

- Mãe. – Seulgi chamou a atenção da mulher, que olhou em sua direção para que continuasse. – O oppa vai sair, não vai?

- Por que você quer que eu saia hoje? Suas amigas sempre gostam mais de mim do que de você. – E o rapaz mais velho continuava andando em círculos pela casa, os cabelos de tamanho médio já bagunçados, de tanto que coçava a cabeça.

- A Joyce e a Wendy dão corda para as suas idiotices, Irene não tem o mesmo tipo de humor exótico que vocês. – Seulgi justificou. Bem, o humor de todos se baseava em tirar com a cara dela. O da Bae só costumava ser mais ofensivo. E outra, duvidava que Irene fosse achar graça no fato de o seu irmão conseguir lamber o próprio cotovelo. Foi a competição mais nada a ver da qual a Kang já tinha participado, aliás, mas só Wendy Son tivera a capacidade para tal, além do rapaz. Este que ainda zanzava pela sala, virando de cabeça para baixo todos os enfeites de cerâmica da mãe, que já estava irritada com aquela cena.

- Kang Seojun, pode me dizer o que o senhor quer antes que revire toda a casa? – Alerta, o primogênito tornou sua atenção para a mãe, calmamente devolvendo o jarro da mesa de centro ao seu lugar.

- A chave do cadeado da bicicleta...

- O senhor não disse que tinha deixado no seu chaveiro justamente para não perder de novo? – A matriarca da família ergueu uma sobrancelha e Seulgi riu ao ver a boca do irmão se abrir em um "o" ao ser lembrado.

Livrai-nos do mal, amém!Onde histórias criam vida. Descubra agora