Procurem fazer o que é correto aos olhos de todos.

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Joyce ficou muito satisfeita quando chegou à escola e se deu conta de que era a última das amigas a chegar. Bem, exceto pela crente maldita, mas Joyce já tinha aceitado o fardo de ser a penúltima a chegar à sala de aula. Irene seria tipo o pós-show, o DJ flop da cidade que só quem está muito chapado fica para assistir, já que o espetáculo principal havia terminado. Mas, enfim, Joyce cumprimentou Jennie com um belo de um bom dia, que lhe foi retribuído, e seguiu até as esquisitinhas que eram tudo para ela, essas que já estavam em seus respectivos lugares, lá no fundão.

Seulgi estava desenhando aqueles negócios dela, não era o Naruto, porque não era um personagem macho, mas era tipo um Naruto, já que, para Joyce, todos aqueles desenhos eram iguais. Contavam a mesma história de superação com bichinhos coloridos diferentes. Até cumprimentou a Kang sem julgar o péssimo gosto da amiga em voz alta, daquela vez, mas Seulgi apenas fez a mal-educada que não responde e nem ri. Isso porque a otakinha tinha os fones enfiados na orelha, numa altura que fazia parecer que ouvia um rádio velho, para quem escutava de fora, mas que também não permitia entender que diabos de gênero musical era aquele. Parecia só chiado.

Mas, como estava a personificação da paz naquele dia e ainda tinha um alvo a sua espera, Joyce não se importou em repreender a Kang com um pescotapa. Em vez disso, foi até a Son, que mexia no celular com a postura de quem preferia a morte, de sempre, e lhe desejou uma boa manhã ao revirar os cabelinhos já normalmente rebeldes, porque agora sabemos com que cuidado Wendy seca seus fiozinhos de cabelo e, enfim. Não que Wendy gostasse da forma que Joyce costumava cumprimenta-la pela manhã, mas a Park estava acostumada com os olhares tortos, então foi plena que se sentou em seu lugar, sorrindo para a Son.

- Cê viu a nova moda entre as sapatão? – Joyce perguntou ao apoiar as costas contra a parede da janela, dando atenção total à única que estava disposta a retribuir, naquele momento.

- Que moda? – Wendy fez careta, torcendo o nariz em confusão. Não, não a surpreenderia se Joyce soubesse o que acontecia naquele meio antes de si, já que a Son não era muito de modismos. Na verdade, era quase uma militante anti-modinhas. O mal do século, segundo a própria Wendy.

- Cê não viu, mesmo? – Joyce arregalou os olhos e a Son negou com a cabeça, ainda perdida. – Agora, em vez de trocar anelzinho de coco, que nem esse seu aí, elas tão trocando óculos de compromisso. Pode ver, tá nos stories da sua irmã favorita.

- Que irmã? Minha irmã não é sapatão. – Wendy perguntou, franzindo ainda mais a testa. Pelo jeito que o sorriso de Joyce desapareceu em um instante, a impressão era de que a Park se conteve para não acertar o rosto da Son com um tapão, para acordar a amiga para a vida de uma vez e deixar de ser mais uma Seulgi Kang.

- A Irene, viada! Puta que pariu, com vocês tem que falar tudo ao pé da letra! Sai desse Twitter e olha o Instagram de vez em quando, porra! Fica sofrendo por viadagem cinematográfica e esquece da vida real! Toda hora olhando gif, tu vive de gif por acaso?! – Joyce se revoltou tanto que Wendy até se afastou um pouco para trás. Se Joyce normalmente já falava alto, gritando então... – Porra, como é que ficam minhas piadas se nem pra pegar minhas referências tu serve?!

- Tu que vem do nada com essa história de moda! Eu sou obrigada a olhar Instagram?! Pior que nem vida real é, coisa mais longe da vida real que existe é Instagram! – Wendy também se revoltou. Oras, onde já se viu...

- Eu só tava tentando falar mal da Seulgi e você não deixa! – Joyce berrou de volta e a expressão de fúria de Wendy sumiu de uma hora para outra, se tornando confusa outra vez. – Pois, tá vendo?! A fofoca envolve a sua amiga e você está aí, alienada no Twitter!

- Tá, essa doeu. O que pegou? – Wendy perguntou. Ser chamada de alienada era bastante humilhante para alguém tão revoltada contra tudo o que está aí, como ela.

Livrai-nos do mal, amém!Onde histórias criam vida. Descubra agora