É melhor não fazer voto do que fazer e não cumprir.

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"Tem problema se eu ligar?"

Foi o que Seulgi digitou tão rápido quanto pôde antes de voltar com uma das mãos para o teclado e a outra para o mouse do computador. Não era nem onze da manhã de sábado, mas os olhos da Kang já estavam vidrados no que acontecia no monitor. Era uma partida importante e, mesmo que quisesse continuar a trocar mensagens, ter que o fazer de maneira apressada estava definitivamente diminuindo o seu desempenho. Era muita coisa: jogar, se comunicar no chat, dar umas mordidas em suas torradas – mimos da mãe – e responder Irene.

"Não... mas por quê?"

Resposta da Bae que não demorou a vir, e que Seulgi visualizou pela tela de bloqueio. Não digitou de volta. Ao invés disso, esperou um momento tranquilo em que não precisasse usar o teclado para desbloquear o celular e usar o ícone do telefone para fazer a tal da ligação.

Demorou para Irene atende-la. Tempo suficiente para Seulgi refletir os acontecimentos da última semana. O que não era muito complicado, já que, bem, apesar de que teoricamente as coisas não fossem lá as mesmas, com todas aquelas dúvidas, ninguém tinha posto nada em prática.

Joyce havia decidido alguma coisa, e topara sair com o garoto de sexta, que Seulgi não havia guardado o nome e, segundo a Park, fora "top". Wendy ignorou completamente aquele discurso de saúde mental e arranjara uma crush no Twitter – o que era quase tão ruim quanto arranjá-las num bar, na opinião da Kang.

Jennie voltara para a escola na terça, mesmo com cara de doente. Melhorou ao longo da semana, e Seulgi ficou surpresa por não ter recebido um mísero olhar desconfiado da Kim no decorrer dos dias. Nem mesmo nos breves momentos em que ela e Irene se falaram durante o período de aulas. E, falando em Kim, Seulgi também ainda não tinha tido aquela conversa com a mais nova. Isso porque ainda não sabia como abordá-la sem parecer que era a própria Seulgi quem estava tirando aquelas teorias da bunda. Yeri também ainda não tinha pedido nenhuma atualização sobre o andamento de sua missão – sim, era desse jeito mesmo que a Kim perguntava – até a noite passada. Yeri convocara uma reunião de emergência para aquela tarde de sábado, e Seulgi teria que dar um jeito de ir até o apartamento da Kim sem ser notada pelas vizinhas.

- Tô te atrapalhando em algo...?

Enfim os bipes foram substituídos pela voz de Irene. E quanto à Bae, bem... Seulgi vinha levando. Podia ser o seu inconsciente tentando não a aterrorizar, mas Seulgi não vira uma mudança enorme de Irene em relação a ela. Ok, comparando a como as coisas estavam há um mês, era uma evolução grotesca, mas mesmo assim. Era estranho para Seulgi? Um pouquinho. Ser tratada como amiga pela Bae era ruim? Nem um pouco. Receber sorrisos radiantes da Bae e agora cogitar que fossem por algo além de gentileza ainda a fazia suar de nervoso? Isso também.

- Seulgi...?

- Ah, não! Não atrapalha! Eu tô jogando e tomando café ao mesmo tempo, aí fica difícil de digitar, mas não atrapalha. – Seulgi esperou que tivesse enfatizado o suficiente o fato de não atrapalhar para que Irene não desligasse.

- Tomando café só agora? – Seulgi conseguiu imaginar perfeitamente a cara de confusão da Bae. Irene sabia que ela havia acordado já tinha umas horas.

- É que eu não gosto de comer antes de correr. – Seulgi justificou, segurando um xingo direcionado a um dos péssimos colegas de time para que a Bae não achasse que fosse com ela.

- Não sei se você deveria fazer isso, mas... – Seulgi riu com a pequena bronca disfarçada de ironia.

- Experimenta correr depois de comer e depois me conta como foi a experiência de pôr tudo para fora. – Seulgi respondeu antes de dar outra mordida em sua torrada e ouviu Irene rir do outro lado da linha.

Livrai-nos do mal, amém!Onde histórias criam vida. Descubra agora